Marco Medeiros, responsável pela Associação dos Nadadores-salvadores da Costa Norte, em São Miguel, está a liderar uma equipa 100% açoriana no resgate de surfistas nas ondas da Nazaré, no continente.
Desde o ano passado que Marco Medeiros integra a equipa de salvamento do recordista mundial Sebastian Steudtner que surfou, em Outubro de 2020, a maior onda do mundo: 26,2 metros.
Neste momento, o açoriano está a treinar para situações de acidentes de trauma com o surfista. Diz-nos que “este ano, o Sebastian tem uma equipa invejável”. Refere, em especial, a equipa de trauma em terra altamente formada e acompanhada por médicos militares alemães.
O médico da equipa do surfista, conhecendo o trabalho de Marco Medeiros enquanto operador de resgates que anda na Nazaré há mais de cinco anos, convidou-o a criar uma equipa de sua confiança. Enquanto Marco Medeiros garante a segurança do atleta dentro de água, os jovens Pedro Estrela e Gabriel Amorim receberam o voto de confiança do seu mentor para integrar a equipa de reanimação em terra: “Fomos treinar para a Nazaré e fomos pensar em novos métodos.”
A nova época da Nazaré abre, assim, com uma equipa 100% açoriana e Marco Medeiros não esconde o orgulho por ter os seus conterrâneos da Ribeira Grande na sua equipa. Diz-nos que entre os Açores e a Nazaré “certamente irão trocar conhecimentos e experiência, mas em condições de mar muito diferentes”.
Até agora, o balanço “é muito positivo” e Marco Medeiros “sente-se grato pela evolução e pelas experiências que vai acumulando”.
Quando lhe pedimos para partilhar algum episódio marcante do seu trabalho, relata o resgate a Rodrigo Koxa, antigo recordista mundial. O atleta estava a surfar na Nazaré quando caiu de uma onda. Na altura, uma das motas teve uma falha, ou não houve condições para a primeira tentativa de resgate: “Quando me apercebi da situação, comuniquei para a minha equipa a dizer que ia ficar off no sentido de proteger o atleta que me estava a contratar e que ia fazer o resgate do Rodrigo Koxa.” As duas tentativas de salvamento falharam e, na altura, o atleta já se encontrava em estado crítico, “sem conseguir respirar mais, sem conseguir levar com mais nenhuma onda na cabeça.”
“Quando avanço para o resgate já o faço numa zona crítica, em que eu próprio arrisquei a minha vida. Aguentei o máximo e consegui mete-lo em cima da mota e fugir para terra.” Já em terra, Koxa relata o quão grave foi todo o acidente e agradece a rapidez com que Marco interveio.
Poderia ser um dos tantos resgates que justifica o apelido como é conhecido na Nazaré: “Anjo da guarda”, mas, na verdade, foi um dos momentos mais marcantes da carreira de Marco Medeiros. Uma decisão tomada no impulso de quem está atento a tudo quanto acontece no mar e que valeu o resgate de um atleta de outra equipa.