O Secretário das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, relevou ontem no ‘Invest In Azores’, que O Governo açoriano adjudicou, recentemente, à TWC, por um prazo de seis meses, um trabalho sobre um Plano de Atracção de Investimento. No entender do governante, “de alguma forma”, esta “é uma das peças que faltava na lógica global,” disse o governante
“Temos o ‘Construir 2030’, temos o Capital Participativo, temos a Modernização e Digitalização, temos a Rede Integrada de Apoio aos Empresários, temos a ‘Invest In Azores’ para nos juntarmos todos, mas precisamos de ter as grandes linhas orientadoras de atracção de investimento e é isso que vamos ter, certamente, depois para ser articulado, operacionalizado em colaboração com os agentes privados, com as associações comerciais que hoje aqui e sempre queremos ter ao nosso lado no desenvolvimento dos Açores”, afirmou Duarte Freitas.
O Secretário das Finanças começou por salientar, na sessão inaugural do ‘Invest In Azores’, com empresários de todas as ilhas, que o evento “é, antes de mais, uma oportunidade para que, directamente, os nossos empresários, possam contactar uns com os outros”, até porque, afirmou, “entendemos que também é por ai que se pode melhorar aquilo que é o nosso mercado interno. Poderem funcionar em rede, trocar experiências. Criamos condições para que pudessem trocar ideias, recolhermos informações e também todos nós levarmos um pouco mais das reflexões que aqui se farão”, disse.
Este ‘Invest In Azores’, desejou Duarte Freitas, “é o primeiro daquilo que se espera poder vir a continuar no futuro, em princípio, de dois em dois anos, funcionando quase como um congresso dos empresários dos Açores. Mas, também sempre com uma perspectiva de olhar para fora. E é preciso continuarmos a trazer pessoas que nos façam reflectir, nos tragam alguns dados prospectivos para que nos possamos situar no mundo global em que hoje vivemos”.
“Fixar os nossos jovens e trazer outros”
“E nós nos Açores”, realçou, “temos características fantásticas. Nós temos, é verdade, condicionalismos, como aqueles que vivemos nos transportes, mas temos standards sociais, standards ambientais, standards de segurança que são inigualáveis. É evidente que não temos escala e é difícil constituí-la. Mas não se pode também ter tudo. E nós temos de conseguir é, aproveitando estas características, fixar os nossos jovens e trazer outros jovens para os Açores”.
E, prosseguiu”, “e penso que podemos estar no bom caminho neste sentido. O sistema de incentivos que construímos, o Construir 2030 foi feito com diálogo da base para o topo. Fizemos um roteiro por todas as ilhas a ouvir os empresários. Agora, fizemos o roteiro a divulgar. E o próprio sistema de incentivos tentou responder a algumas questões da nossa realidade com a linha de pequenos negócios com investimento até 50 mil euros que, se calhar, noutra realidade, não significa absolutamente nada, mas que nas nossas pequenas terras podem significar uma qualificação dos nossos estabelecimentos, da nossa oferta, muito relevante. Mas, também, com a maior exigência que nós temos neste Construir 2030 para não acontecer o que aconteceu no passado em que projectos muito bonitos no papel não tiveram capacidade para arrancar. Ficaram no pipe-line a ocupar espaço. Provocaram overbooking e, se calhar, os bons projectos não tiveram solução e não tiveram de ser aprovados. E, portanto, somos mais exigentes no Construir 2030 por um lado mas, por outro, no Capital Participativo Açores, temos a possibilidade e a capacidade de capitalizar o nosso tecido empresarial”, afirmou.
Capital de Risco: “um absoluto insucesso”
Duarte Freitas realçou o trabalho “extraordinário” que tem havido entre o Banco de Fomento e o Governo dos Açores “para conseguirmos desenhar uma solução inovadora no país mas que achamos que se adequa muito mais claramente àquilo que é a realidade do tecido económico e social dos Açores: O ‘Capital Participativo Açores 1’ até 200 mil euros e o ‘Capital Participativo Açores 2’ será a partir de 200 mil euros.”
Mas, sublinhou Duarte Freitas, “não queremos deixar de pensar também no capital de risco”. Por isso, também, se reflectiu ontem sobre esta questão, “sobre que desenho o capital de risco poderá ter futuro os Açores. Esta não é uma história de grande sucesso em Portugal. Nos Açores ainda é mais grave. É uma história de quase absoluto insucesso. Mas nós temos que pensar no que é que poderemos fazer para articular este capital de risco mais puro de duro àquilo que é a realidade dos Açores”, afirmou Duarte Freitas.
O governante anunciou, na altura, que dos 125 milhões de euros que “temos no Banco de Fomento para a capitalizar as empresas dos Açores, há parte para o ‘Capital Participativo Açores 1’, há parte para o ‘Capital Participativo Açores 2’ e haverá também uma tranche para uma solução de capital de risco mais ortodoxa que vamos amadurecer e começar a desenhar para o próximo ano”.
Duarte Freitas quis também salientar a intervenção que vai fazer hoje no ‘Invest In Azores’ Carlos Coelho, “um conhecido profissional na área do marketing e das marcas em Portugal” que vai anunciar “o resultado do estudo sobre a reforma da estratégia da marca Açores. E aí também vamos perceber quais são as grandes linhas de orientação para o futuro”.
Responsabilidade social das empresas
O governante sinalizou também um outro painel que vai ser proferida hoje no ‘Invest In Azores’ “e que tenho feito questão que em todos os momentos possa ser reflectivo, que tem a ver com a responsabilidade social das nossas empresas”.
“E numa região tão pequena como a nossa, em que toda a gente se conhece”, realçou, nós precisamos também aí de inovar, é importante que os bons exemplos, as boas práticas de responsabilidade social possam ser tidas em conta. E é também por isso que, de forma inovadora, no Construir 2030 há prémios para quem demonstre preocupação com a responsabilidade social. E não é apenas pelo aumento dos salários. Este também é valorizado nos prémios. Mas também para outro tipo de benesse que possam dar aos trabalhadores. As propinas dos filhos, os seguros de saúde, outras áreas em que as empresas possam ter um sentido de responsabilidade perante os seus colaboradores. E isto também é relevante”.
Ao longo do dia de ontem foram relevados vários aspectos dos sucessos e insucessos do investimento nos Açores e quando se falava de exportações, foi sublinhado, a determinada altura, que o final deste ano de 2023 “deveremos andar entre sete e oito milhões de euros de apoio à exportação. Portanto, isto é significativo e é uma medida regional do Orçamento Regional.”
João Paz