Foi no dia 8 de Outubro de 1973, uma segunda-feira! Pela mão de Ruy-Guilherme de Morais e a seu convite, entrava eu, pela primeira vez, na redacção deste jornal “Correio dos Açores”, na rua da Misericórdia, muito perto do local onde se situava a empresa João Soares Júnior, Delegação Philips nos Açores, para a qual havia entrado há pouco mais de seis meses e onde era Chefe de Escritório o próprio Ruy-Guilherme de Morais.
Recebido por Manuel Ferreira, Chefe de Redacção e por Gustavo Moura, que tinha a seu cargo a selecção de notícias nacionais, internacionais e o desporto, foi meu primeiro trabalho organizar um ficheiro de assuntos que Manuel Ferreira me ia pedindo para referência de anteriores trabalhos quando escrevia os seus longos editoriais ou artigos sobre assuntos locais.
Naquela altura, em quase toda a imprensa regional, a maioria do jornalismo fazia-se em part-time. Escasseavam os jornalistas exclusivamente dedicados à redacção e, no caso do “Correio dos Açores”, depois do desaparecimento, anos antes, do mítico repórter Aurélio César, apenas outro grande redactor, garantia os assuntos da redacção durante o dia: Salomão Adrahi. De resto, todo o jornal, com excepção dos anúncios e notícias de agenda, era composto e paginado à noite, muitas vezes a terminar já nas primeiras horas da madrugada do dia da sua publicação.
Nada daquilo para mim era novo! Desde muito jovem me habituara, nas férias, a passar parte do meu tempo nas oficinas do jornal “A Crença”, onde também era feito e publicado o jornal “A Vila”, dirigido pelo médico Augusto Botelho Simas e pelo professor Teotónio Machado Andrade, a quem muito devo do meu gosto pela escrita e pelo jornalismo. Nas oficinas de “A Crença” pontificava um grande mestre tipógrafo, natural da Ribeira das Tainhas, José de Melo, de seu nome, pai de José Estevam Pacheco de Melo, antigo presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo. Com José de Melo aprendi muito do que era uma tipografia, à moda daquele tempo, ou seja puro método Gutenberg, com caixotins, um para cada tipo de letra, com os componedores, as provas de galeão, a paginação e finalmente a impressão na velha máquina cujo ritmo de trabalho ainda tenho no ouvido.
E foi tudo isto que encontrei no “Correio dos Açores”. Rapidamente estava “enfarinhado” nos assuntos da redacção, ouvindo notícias, transcrevendo-as e mandando para a oficina para compor; ouvindo pessoas, atendendo telefones, à noite, tomando notas e dando conta a Manuel Ferreira e Ruy-Guilherme de Morais do que se passava para depois escrever em conformidade.
Com a chegada do 25 de Abril e passado pouco mais de um ano tudo se alterou, com a saída de Gustavo Moura para o novo projecto do jornal Açores e Açoriano Oriental, com a saída de Ruy-Guilherme de Morais, eterno inconformado e sonhador de uma nova ordem política e social e por fim, com a saída da Manuel Ferreira, a 28 de Maio de 1975, ficando o jornal a ser dirigido pelos trabalhadores, no Verão quente e difícil que não vou aqui referir. Mas é preciso que se diga que foi devido a esse punhado de trabalhadores que o jornal, numa deriva editorial e administrativa, conseguiu manter-se em publicação, até ter sido adquirido pelos sócios que estão na génese da actual administração.
Cinquenta anos de jornalismo, quase 30 dos quais a tempo inteiro, é uma vida que posso classificar de trabalho, afectos, ilusões e dedicação. Dei tudo, em tempo e disponibilidade, ao “Correio dos Açores”. E o mesmo fiz nos dois anos e pouco em que trabalhei para o ainda diário “Açores”, com Gustavo Moura e Manuel Jacinto Andrade, na fase de mudança do “Açoriano Oriental” de semanário para diário e nos primórdios do Jornal Oficial da Região, que nos obrigava a longas horas de revisão de provas, depois de fechado o jornal.
No “Correio dos Açores” e tendo regressado quando Jorge do Nascimento Cabral e Osvaldo Cabral assumiram a direcção do jornal, fui chefe de redacção, subdirector e director adjunto desde 1997, altura em que Américo Viveiros assumiu a direcção do jornal.
Aqui aprendi, aqui convivi com excelentes e inesquecíveis equipas redactoriais que seria impossível nomear e personalizar e aqui firmei amigos em todos os sectores da empresa, desde a administração às oficinas, passando pela redacção, fotografia, composição, revisão e distribuição.
Muito aprendi e tenho a consciência de alguma coisa ter ensinado. Pesam-me erros que à distância lamento, imperfeições e falhas de que me penitencio. Mas sinto-me feliz por esta carreira que transbordou do jornal, mas através do jornal, me tem feito estar presente em tantas iniciativas culturais, em conferências, em apresentações de livros, em dezenas de prefácios escritos, em colaborações com a rádio e televisão, enfim, presenças que me vão satisfazendo este eterno gosto de comunicar.
Sempre me considerei um jornalista de causas e não de casos, porque acho que nunca me senti com espaço nem vocação para jornalismo de investigação. Não vou nomear as muitas causas sociais, políticas e culturais em que me envolvi, mas deixo a principal que foi a defesa da Autonomia dos Açores e a construção de um sentimento de unidade açoriana contra velhos e novos centralismos e em que caiba a nossa diáspora, tantas vezes usada como bandeira de interesses políticos e esquecida ou desprezada nos seus interesses reais.
Num momento de agradecimento como este, o meu abraço vai para todos, mesmo para quem tenha ofendido, e este abraço fica dado na pessoa do Director Américo Viveiros que, apesar das minhas limitações impostas pela doença que me tolheu movimentos e capacidade de trabalhar, quis e manteve até agora o meu nome como Director-Adjunto dos jornais “Correio dos Açores” e “Atlântico Expresso”. Gestos que jamais poderei esquecer.
Pegando nestes 50 anos como um pedaço de tempo que cabe em mão fechada só posso dizer: Obrigado, Senhor! Obrigado, minha mulher e minha família, por tanto que os sacrifiquei em ausências, por causa do trabalho, e obrigado “Correio dos Açores” que tenho no coração.
Santos Narciso
Uma carta para o meu Director Adjunto
e amigo Santos Narciso
José Manuel Santos Narciso, Director Adjunto do Jornal Correio dos Açores celebra hoje, dia 8 de Outubro de 2023, meio século de actividade como Jornalista do “Correio dos Açores”, mantendo-se no activo apesar da doença que limita a função que ele tanto gosta e sabe fazer, que é escrever e participar nos debates sobre o presente e o futuro, e dar a opinião que resulta do seu saber e da formação filosófica e teológica que teve e lhe permite assim ter uma análise ponderada que tem sido a marca em toda a sua carreira jornalística, o que fez com que se tornasse uma voz ouvida e respeitada nesta sociedade conturbada em que vivemos. Na primeira metade da sua actividade jornalística José Manuel Santos Narciso repartiu o trabalho da redacção com outros vultos do jornalismo Açoreano, como o memorável Aurélio César, que pelo conhecimento e pela relação que o ligava à função, ultrapassou a fronteira das ilhas, sempre na busca da informação para que a notícia chegasse atempadamente aos Açoreanos.
Depois, José Manuel Santos Narciso integrou o trio composto pelo escritor Manuel Ferreira e pelos Jornalistas Gustavo Moura, Ruy-Guilherme de Morais e Salomão Adrahi, que emprestaram a credibilidade que o Correio dos Açores conserva, tendo nela participado os jornalistas Jorge Nascimento Cabral e Osvaldo Cabral, que tiveram funções de Director e Director Adjunto do Jornal até 1997.
Na segunda metade deste meio século que hoje se comemora, Santos Narciso assumiu a função de Director Adjunto, e neste período foi também um formador de jornalistas e não só, que ao longo dos anos foram e vão, passando pelo Correio dos Açores, onde adquirem saber que lhes permite, depois, navegar e encontrar outros meios de vida que a Comunicação Social por si não consegue “cobrir”, formação que para o “Jornal Correio dos Açores” é motivo de orgulho.
José Manuel Santos Narciso é um homem de fé e de esperança, uma marca que coloca na forma como escreve e como exprime o seu pensamento e como sente este mundo conturbado. A fé e a esperança é um alimento necessário para vencer as agruras da vida e atrevo-me a dizer que este tem sido o remédio que tem permitido ao meu amigo José Manuel Santos Narciso prosseguir a sua caminhada de vida.
Obrigado pela amizade e pelos vinte cinco anos de trabalho que temos juntos partilhado, com alegria e racionalidade, e com a consciência do serviço publico que prestamos como Jornalistas, procurando a verdade e dando voz aos que não conseguem ser ouvidos pelos poderes públicos.
Américo Natalino Viveiros
Grande Narciso!
Melhor do que os 50 anos de Jornalismo, uma caminhada profissional de ouro, são os 75 anos de vivência que vai completar daqui a poucos dias, transformando este percurso em ouro e diamante.
Sempre que entro na Redacção do Correio dos Açores, onde o amigo Narciso todas as semanas faz de revisor, faço-lhe a mesma saudação que fazia nos 80, quando o conheci na outra Redacção do mesmo jornal, na Rua da Misericórdia: “Grande Narciso!” Faço-o consciente de que os homens não se medem aos palmos e o seu sentido de humor refinado, que muitos desconhecem, responde com o meu diminutivo: “Grande Vadim!”.
Portanto, já lá vão 43 anos de convívio, com interrupções, mas sempre com o mesmo respeito e uma consideração inquestionável por este Mestre do jornalismo açoriano..
Muito antes de se estudar Técnicas de Expressão para jornalistas, Santos Narciso, com os seus profundos conhecimentos e formação no Seminário de Angra, já nos dava instruções no então Correio dos Açores sobre as melhores palavras a utilizar em cada peça jornalística, corrigia-nos e ainda nos explicava a técnica da titulagem.
Foi uma sorte e um privilégio ter Mestres como ele, como Jorge do Nascimento Cabral e Silvio do Couto, num tempo em que o jornalismo não se compadecia com o imediatismo irreflectido de hoje e a falta de causas.
Santos Narciso, nestes 50 anos de profissão, foi um defensor de causas açorianas, tão genéricas como a defesa dos valores éticos da sociedade, como as mais locais em defesa da justiça para situações aberrantes, como foi e é o caso dos terrenos da Calheta, uma das causas mais caras do seu trabalho profissional nestes últimos anos, por envolver o seu próprio espaço de vivência diária e de afectividade como morador da Calheta.
A sua vasta cultura permite-lhe, com toda a autoridade da sua sabedoria, escrever por estes dias, no seu Atlântico Expresso, recensões críticas dos livros que se vão publicando nas nossas ilhas, sempre com um olhar atento aos estilos, aos conteúdos e à sua habitual característica de motivar os respectivos autores.
Mesmo debilitado fisicamente, pela doença crónica que o acometeu, Santos Narciso é um motivador por natureza, dando o exemplo e irradiando a sua boa disposição por onde passa.
E não é apenas na escrita. Os seus comentários, todos os anos, nas transmissões televisivas das Festas do Senhor Santo Cristo emocionam qualquer telespectador e dão clareza à insondável imensidão da Fé religiosa deste povo.
Desde os primórdios da sua escrita, em que começou com artigos publicados no jornal da sua Vila, e também no extinto A União, de Angra do Heroísmo, até aos dias de hoje, Santos Narciso não se limitou a exercer a profissão apenas para si, mas partilhou sempre os seus conhecimentos com os mais novos que iam passando na redacção do Correio dos Açores, como muitos deles ainda hoje o refere com orgulho e agradecimento.
Eu que o diga, que até sou dos mais antigos ainda no activo, podendo testemunhar que, se é difícil fazer jornalismo nos Açores, pelas características próprias da nossa dimensão e dispersão, imagine-se fazê-lo durante meio século. É um feito extraordinário de que poucos se podem orgulhar numa profissão tão desgastante, tão pública e escrutinada, especialmente agora com as novas tecnologias das plataformas digitais, nomeadamente as redes sociais, em que Santos Narciso não fica atrás, acompanhando a modernidade e apelando à tolerância e dignidade no meio da selva electrónica.
O Jornalismo, nos dias de hoje, está mais difícil para os seus profissionais, pela permanente falta de recursos e pela fragmentação dos públicos, que preferem as notícias fáceis das redes sociais, onde proliferam as notícias falsas, a desinformação, a falta de escrutínio e o discurso de ódio.
Combater todas estas dificuldades ao mesmo tempo e ainda ter espaço suficiente para exercer a profissão com lealdade, rigor e verdade, não é tarefa fácil, sobretudo para os mais novos que chegam à profissão.
Por isso, o papel dos jornalistas mais experientes, como é o caso de Santos Narciso, é fundamental para o equilíbrio e motivação dos valores de uma Redacção.
Somos do tempo das tipografias com chumbo derretido, o cheiro intenso a tinta das impressoras e das enormes resmas de papel a serem cortadas para o formato de jornal, sendo desta história, desta experiência e desta memória que se fazem as melhores redacções e o melhor jornalismo.
Uma redacção com jornalistas mais velhos e experientes fica mais completa, porque o jornalismo também é memória. Dispensar os mais experientes, como muitas empresas estão a fazer, erradamente, por este país fora, é matar um pouco o rasto memorável do jornalismo cuidadoso, experiente e rigoroso.
É por isso que contamos com ele por mais 50 anos, no mínimo.
Grande Narciso!
Osvaldo Cabral, Outubro 2023
O meu testemunho
José Manuel Santos Narciso é um homem de coração. Logo no momento que teve de optar há 50 anos pelo ‘Correio dos Açores’, quando tinha outras opções, sente-se ter sido uma decisão ditada pelo coração, sem deixar de ser racional.
Mas, nesse tempo, eu era ainda muito jovem. Dava os primeiros passos no jornalismo sob a orientação de outro grande jornalista, Gustavo Moura, que foi também um exímio jornalista do “Correio dos Açores”.
Os anos passaram, passei de estagiário a subdirector do “Açoriano Oriental” e perdi qualquer tipo de ligação com Santos Narciso. Mas, porque a vida dá muitas voltas, um dia bati à porta do “Correio dos Açores”, numa altura que não era fácil – tal como ao longo do tempo até aos dias de hoje – e Santos Narciso, logo nos primeiros dias, transmitiu-me a confiança de que necessitava para me afirmar no jornal dirigido por Américo Natalino Viveiros.
Entrei como jornalista e sempre tive o seu apoio, sugestões de reportagem e incentivo para me afirmar no “Correio dos Açores”. E foi graças a esta sua postura para comigo que me mantive no jornal confiante de que poderia fazer sempre melhor.
Ao longo do tempo fui percebendo que José Manuel Santos Narciso era mais do que jornalista e Director Adjunto do “Correio dos Açores”. É um homem de causas, com uma vida cívica e religiosa relevante. E esta sua forma de ser sempre foi muito valiosa para o jornalismo e para o cargo que ocupa no jornal. Sempre houve uma simbiose mais do que perfeita que o foi distinguindo entre os profissionais da Comunicação Social.
Foi com Santos Narciso, ainda 100% no activo (porque homens como ele só deixam o jornalismo quando deixam de existir), que também cheguei a subdirector do “Correio dos Açores”. Senti que a opinião dele foi importante para que voltasse a desempenhar este cargo, agora no “Correio dos Açores”.
Quando fui informado pelo Director Américo Viveiros de que Santos Narciso iria fazer 50 anos no jornal, senti que este era o momento para deixar um testemunho que referenciasse o esforço que fez o Director Adjunto para que permanecesse, ao longo do tempo, no “Correio dos Açores”, sobretudo naqueles primeiros dias em que era quase um estanho na redacção.
Sempre o tratei por senhor Santos Narciso. Hoje, como ontem, o nosso Director Adjunto é um homem de coração, mas também é um homem de garra, de uma vontade inabalável que é a prova de que a força da escrita vence as tremendas dificuldades físicas para escrever cada palavra, cada frase, cada parágrafo e cada texto, sempre melhor do que o outro.
Bem-haja Amigo!
João Paz
E já lá vão 50 anos…
Caro Zé Manel
Hoje, aqui e agora, não vou tratar-te por Santos Narciso. Vou tratar-te pelo teu nome próprio, ou seja, por tu, como desde há décadas a esta parte te trato. Isto porque julgo sermos suficientemente amigos para dispensarmos tratamentos mais formais.
Neste dia, em que comemoras cinquenta anos de escritas neste nosso Correio dos Açôres, não podia deixar de assinalar tal facto e dar-te os parabéns.
Em boa verdade, quando o Director deste nosso Jornal me telefonou, informando-me do quinquagésimo aniversário da tua colaboração, eu nem queria acreditar!
Já se passaram assim tantos anos?!
Recordo, com saudade, o primeiro dia em que te vi nas instalações deste Jornal na Rua da Misericórdia, sentado à secretáriana sala da redacção que era contígua ao gabinete do Director, na altura o meu saudoso amigo Jorge Cabral. Também lá estava o Osvaldo Cabral, antes de ingressar nos quadros da RTP/A.
Como não te conhecia, perguntei ao Jorge quem tu eras e obtive como resposta que, eras um potencial jornalista, pese embora, naquela altura, ainda trabalhavas no escritório da empresa João Soares Jr.
Daí em diante, foi com frequência que te via a colaborar com o Correio dos Açôres, ora como redactor, ora em artigos de opinião como era, e sempre foi, o meu caso.
Daí para a frente habituei-me a ler com frequência o que escrevias com a eloquência que te é característica.
No período em que não pudeste escrever a tua falta foi sentida como aconteceu recentemente, o que levou um assíduo leitor do Atlântico Expresso ter manifestado apreensão por tal facto.
Zé Manel. Sabes – porque já te disse pessoalmente – admiro-te muito como pessoa; não só pela tua formação cristã, como também pelo teu fortíssimo sentido de resistência contra as adversidades da vida. Falo por mim; se eu tivesse tido dez por cento, ou menos, das adversidades como aquelas por que tens passado, ter-me -ia afundado. Nesse aspecto sou bastante fraco.
Pelo que atrás escrevi, só me resta dizer: dá para cá esses ossos para um forte abraço, pedindo ao nosso Deus que te dê muitos anos de vida, com melhor saúde do que aquela que tens tido.
Um abração do
Carlos Rezendes Cabral
Gratidão em jeito de homenagem!
No meio século de Jornalismo do José Manuel Santos Narciso
Hoje dia 8 de Outubro (Domingo) assinalam-se 50 anos que o José Manuel Santos Narciso iniciou a sua actividade de jornalista.
Muito haveria a dizer sobre este grande senhor da imprensa, mas irei cingir-me a poucos palavras, pois haverá gente muito mais habilitada, que dará um melhor contributo.
Um dos grandes vultos culturais dos Açores nasceu e viveu na minha terra e de meus familiares que é a Maia. Trata-se de Daniel de Sá que nas vésperas de falecer e durante a viagem em que o transportei ao Hospital de Ponta Delgada, disse-lhe em tom de brincadeira que tivesse esperança para viver, pois iria fazer falta a muita gente e a mim em especial pois quem iria corrigir os meus discursos e os pequenos artigos que escrevo!? Como resposta diz Daniel de Sá: para saberes português, “lê tudo o que encontrares do Fernando Aires, do Urbano Bettencourt e os editoriais e crónicas do Santos Narciso no Jornal Correio dos Açores!”
Meu querido amigo, senhor José, nome também do meu avô materno e do meu tio mais velho, de quem muito gostava e admirava (pois embora analfabetos, foram os melhores agrónomos e manobradores que conheci das canetas da agricultura, que eram o arado e o sacho), parabéns, por estes cinquenta anos e muitas e obrigado pelos bons conselhos e revisões que, de forma generosa, me tens feito sempre que te peço!
Um abraço do
Afonso Quental