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“Sabia que estava pronta para a competição, mas não estava à espera de alcançar o primeiro lugar”, admiti Leonor Januário

Leonor Januário é a actual campeã europeia de ginástica aeróbica do seu escalão e já ganhou outras competições com relevância a nível nacional e internacional. Com os jogos mundiais na China em 2025 e o mundial em Itália do próximo ano no horizonte, a jovem ginasta, em entrevista ao Correio dos Açores, falou sobre a sua carreira, como foi ganhar um troféu tão importante e como lida com a pressão de ser uma atleta de alta competição.

Como é que surgiu o seu gosto pela ginástica?
O meu gosto pela ginástica começou quando tinha sete anos. Antes eu fazia ballet, mas como a minha mãe já tinha estado na ginástica aeróbica, achou por bem que eu experimentasse um desporto mais ritmado do que o ballet. Comecei com as treinadoras que ensinam os mais pequenos e depois comecei a treinar com a minha treinadora actual, não tendo mudado de treinadora desde então.

Quanta vezes treina por semana? Pode descrever-nos como é um treino seu?
Treino todos os dias, uma vez por dia.
Os nossos treinos variam. Temos treinos de pré-época e depois temos os nossos treinos normais e treinos antes da competição. Vou dar um exemplo de um treino antes de competição: começamos pelo aquecimento que normalmente dura uma hora, depois fazemos as nossas inteiras (que é a nossa coreografia e dura 1 minuto e 20 segundos), onde está incluída a coreografia que utilizei no Europeu, depois fazemos preparação física e acabamos com alongamentos.

É difícil conciliar a vida escolar e familiar com a de atleta de alta competição?
É um pouco. Este ano está a ser um pouco mais fácil, uma vez que estou no 12º ano e tenho mais tempo para estudar. Nos outros anos achei que era um pouco mais difícil. Saio da escola e vou logo para o treino ou então quando saio da escola vou par a explicação e logo de seguida vou para o treino. Tem dias que saio de casa às oito de manha e só volto pelas oito da noite. Depois, ainda tenho que estudar, preparar as coisas para o dia seguinte e fazer algumas coisas em casa. Felizmente já estou habituada à rotina, por isso agora já fica mais fácil.

Com que regularidade competem?
A nossa época normalmente começa em Janeiro e as competições em Março. A partir daí temos sempre uma competição todos os meses, sempre no final de cada mês, até à competição mais importante.

Quais são os maiores desafios que encarou na ginástica?
Fisicamente é um desporto exigente e vamos, ao longo do ano, criando lesões que podem ser difíceis de enfrentar. Vamos treinando desde pequenos e ficamos preparados para o que possa vir.

A coreografia é algo que se mantém todos os anos?
Normalmente todos os anos mudamos de coreografia. Ficamos uma época sempre com a mesma e depois mudamos na época seguinte.

Sente muita pressão na ginástica?
Sinto um bocadinho de pressão, mas sou eu que a coloco, não é uma pressão que vem das outras pessoas. Queremos sempre mais e quando não obtemos os resultados que desejamos, vamos sempre trabalhar mais para os conseguir.

Como lida com esta pressão?
Tento fazer outras coisas e dar mais importância a outros aspectos da minha vida.

Como consegue conciliar a vida social e a carreira de atleta de alta competição?
É difícil. O meu dia normalmente é sempre muito ocupado. Tento sempre arranjar tempo para estar com a minha família e amigos embora às vezes seja mesmo difícil. As pessoas também já se habituaram ao facto de eu não ir a alguns eventos, como aniversários, porque posso ter treino ou estar em competição.

O que sente quando ganha uma competição?
Nunca tinha ganho uma competição tão importante. Foi a primeira para Portugal e para mim. Sabia que estava pronta para a competição, mas não estava à espera de alcançar o primeiro lugar. Foi um momento de muita felicidade para mim, para a minha treinadora, para a minha família e amigos, e para toda a gente que me acompanhou durante a prova.

Em termos de sentimento, é igual conquistar uma competição nacional e outra internacional?
É sempre diferente. Este ano conquistei muitas provas, como por exemplo uma no Japão, outra no Egipto e ainda uma Portugal. Ganhar é sempre muito bom, mas ter sido campeã europeia foi algo incrível. Vi que o meu esforço foi digno de algo e foi um reconhecimento de todo o trabalho que desenvolvemos.

Além do troféu conquistado agora, há algum troféu que a marque?
Fiquei em terceiro lugar no Mundial de 2018, algo que ninguém esperava. Apesar de não ter ganho, foi algo muito bom.

Considera que São Miguel possuiu as condições necessárias para continuar a evoluir?
Temos um espaço muito bom de treino que é só nosso. Isso permite-nos ter todas as opções de treinarmos, por exemplo, aos feriados ou aos fins-de-semana. O único problema que enfrentamos é o facto de termos de viajar sempre que vamos competir, mesmo que sejam competições nacionais.

E poderiam receber competições nacionais ou mesmo internacionais em São Miguel?
Ainda este ano organizamos uma prova nacional no nosso centro de treino e correu tudo bem. Temos todas as condições para receber este tipo de eventos.

Como vê o futuro da ginástica nos Açores?
Acho que esta em muito boas mãos. Já estamos a trabalhar com os mais jovens da mesma maneira que nós trabalhamos. Se nós conseguimos, acho que eles também poderão continuar a conquistar troféus no futuro.

Na sua opinião, a ginástica aeróbica é um desporto atractivo para os mais jovens?
Sim, até porque a nossa ginástica é uma modalidade diferente do normal. É já um desporto conhecido, apesar de não ser uma modalidade olímpica como a ginástica artística.

Quais são os seus objectivos para o futuro?
Agora vou entrar para um escalão novo. Vou continuar a trabalhar arduamente tendo em conta que agora ainda será mais difícil. As atletas que estão neste novo escalão já competem neste nível há algum tempo e então tenho que trabalhar porque para mim será tudo novo.
O meu próximo objectivo é preparar a participação no Mundial do próximo ano, que será em Itália. Também gostaria de participar nos jogos mundiais que decorrerão na China em 2025. Esses são os principais objectivos pelos quais estou a trabalhar.

Que conselhos daria a um jovem ginasta?
Nunca desistam dos seus sonhos. Que trabalhem bastante pelos seus objectivos porque só assim os poderão alcançar.

Há algo mais que queira acrescentar?
Aproveito para agradecer muito a todos os meus colegas, à minha treinadora e à minha família, por todo o apoio que demonstraram desde o início da minha carreira até aos dias de hoje. Quero agradecer também à Direcção Regional do Desporto e a todos os nossos patrocinadores pelo apoio que nos deram. A todos, o meu muito obrigada.

Frederico Figueiredo

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