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Açores – Retrocesso ou Progresso?

O populismo extremista de direita, finalmente chegou ao Açores.
Já não era sem tempo, clamam os mesmos do costume.
Contudo, afirmam outros, nunca de cá saiu.
Há que por na ordem os partidos do sistema. Os do arco da governação.
“Aperta com eles”! Proliferam cartazes, com esta clamação, por todos os pontos estratégicos.
Há séculos que nestas terras de bruma, criou raízes.
Açores sempre foram terra fértil para germinarem as sementes do populismo derivado da aliança entre os “trabalhadores de sol a sol” e os seus mandantes de cajado numa mão e chicote na outra.
S. Miguel foi sempre a ilha de predilecção para que semelhante fenómeno florescesse.
Na guerra civil dos anos vinte do século XIX, que opôs miguelistas a liberais, a Ilha verde do Arcanjo, notabilizou-se pela sua lealdade aos absolutistas de sua Alteza Real o Príncipe D. Miguel, tendo mesmo muitos da arraia – miúda micaelense, mais tarde e chefiados pelos seus “donos terra tenentes”, engrossado as hostes da Maria da Fonte ou da guerra da Patuleia.
O populismo actual, falacioso, com discurso plagiado do que se vai ouvindo pelos cantos, canádas e tascas, nas feiras de gado e praças agrícolas, cooperativas e corporativas tem merecido de algum jornalismo buscando o sensacional em vez do factual, resenhas editoriais inflamatórias e fortes, mas carregados de ambiguidade.
Num parágrafo lá vão evidenciando os “males” do populismo, para no seguinte, de forma subtil admirarem a proximidade de determinados agentes do populismo redentor, enviados especiais do tal ser providencial e salvador, que ao contrário de outros que se mantém nos seus confortáveis gabinetes, vêm para rua, praças e feiras, sentando-se lado a lado, com agricultores e lavradores, assalariados e jornaleiros, aplaudindo e incentivando a luta diária destes por melhores condições de vida.
Aplaudem e incentivam as queixas legítimas, mas lá vão acrescentando que para terem sucesso, não se devem esquecer do votarem “neles”, sem um vez que seja apresentarem qualquer solução credível para os problemas apresentados.
Perante a realidade e os valores humanos, distribuem pessimismo e cepticismo extremos.
São negacionistas e lançam sem pejo e pudor a descrença em relação a princípios, quer sejam morais, políticos, sociais e até religiosos.
A todo o momento, proclamam a frase “ os políticos são todos iguais”.
Quando foi constituído o actual governo de coligação PSD/CDS/PPM com o apoio parlamentar de outros dois partidos, os seus inspiradores começaram por crer na sua durabilidade.
Ao terceiro ano de mandato, o de ideologia liberal e defensor do sistema democrático desistiu do acordo.
O outro, o tal que chegou, viu e está a vencer, cuja palavra de ordem é “somos contra o sistema”, e os políticos são uma “cambada de corruptos”, mantém-se coerente com o significado da palavra que o define, isto é, afirmar uma posição hoje e o seu contrário amanhã.
A palavra de ordem mais utilizada nas últimas eleições era, “vamos acabar com os socialistas”, a quem chegavam a acusar de pretenderem transformar os Açores numa Venezuela do comunista Maduro.
Embora contra a vontade de muitos militantes dos partidos da coligação, os dirigentes locais decidiram assinar um acordo de incidência parlamentar com os populistas, porque era a derradeira possibilidade de atingirem uma maioria e constituírem governo.
Ao fim e ao cabo subscreviam igualmente a proclamação dos populistas, que a necessidade de afastar o perigo socialista de continuar no poder, que já levava 24 anos de o exercer, era fundamental e prioritário, para salvar os Açores do subdesenvolvimento, da pobreza, de acabar com a dependência de subsídios, nomeadamente dos malandros beneficiários do RSI, que não trabalhando, muito estavam a contribuir para o atraso dos Açores.
Urgia recuperar a divisa simbólica dum Estado Corporativo e Nacionalista de Deus, Pátria e Família, a que deveria acrescentar-se o Trabalho, porque sem a articulação entre estas quatro características fundamentais, os Açores jamais seriam um terra de progresso e desenvolvimento.
Há quem defenda que o sucesso do representante local desta corrente ideológica, é que ao contrário dos outros políticos, que teimam em não saírem dos seus gabinetes, este “está o mais próximo possível das populações e falando a linguagem delas”.
Sobre os perigos destes populismos nacionalistas, que têm como uma das bandeiras serem contra qualquer modelo de autonomia ou outra veleidade descentralizadora, recomenda-se a leitura das mensagens e recomendações que nos últimos tempos alguns Senadores Açoreanos, têm escrito.
Atente-se ao que está a acontecer na vizinha Espanha, com o populista Vox, aliado do seu congénere português, que tem utilizado os Açores como “laboratório de ensaio”.
Progresso sempre, retrocesso nunca!

Por: António Benjamim

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