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Dos Ginetes: Adeus 2023

Este é, sem dúvida, o tempo ideal para, como diz a nossa gente, “fazer contas à vida” num final de ano bastante difícil para a grande maioria das famílias portuguesas. O velho ano de 2023 que termina exactamente este Domingo dá-nos a oportunidade de pensar seriamente naquilo que gostaríamos de ter para o próximo 2024 que “está à porta”.
Infelizmente, penso eu, apesar de preferir estar enganado, vamos continuar hipocritamente a jogar “ao faz de conta” esquecendo a realidade de um mundo desnorteado em que os pobres continuarão mais pobres e os ricos, alguns deles sem qualquer mérito pessoal, continuarão a amealhar riquezas de forma ilícita deixando a mente da maioria plena de interrogações que continua a questionar-se como tal é possível em pleno século XXI em que o nível de escolaridade aumentou mas na proporção dos “Xico-espertos” que se julgam senhores e donos disto tudo.
Falar das guerras que no momento captam grande parte da nossa atenção “já chateia”, embora seja um assunto muito sério que se tem demasiado prolongado, e sem fim à vista. A vida humana parece ter perdido totalmente a importância que merece valendo a ideologia de homens sem noção do valor da mesma vida. Enquanto restam, com toda a segurança, bem instalados nos respectivos gabinetes a decidir do futuro de milhares ou até milhões de famílias, temos no momento novas gerações, mesmo que distantes deste país, aprendendo a viver ao som dos mísseis e explosões que espalham a destruição e morte por todo o lado.
Neste último dia de 2023 começaremos em Portugal ainda em pleno dia a assistir gradualmente aos mais variados espectáculos que irão iluminar os céus de todos os Continentes que fazem parte do planeta terra. Indiscutivelmente são alguns minutos maravilhosos para os nossos olhos, mas terríveis para quem vive sem qualquer segurança a que o ser humano tem direito.
Enquanto não há dinheiro para matar a fome aos mais carenciados, encontrar um tecto “decente” para os sem-abrigo, manter cuidados mínimos de saúde para todos aqueles que estão em final do tempo de passagem por este mundo, valorizar um sistema de ensino que tanto em Portugal como em outros países, alguns até maiores e mais ricos que o nosso, deixa tanto a desejar, existe sim dinheiro para iluminar artisticamente os céus e queimar em espectáculos de fogo de artifício por breves instantes levando ao delírio muita gente que no dia seguinte vai continuar a ter dificuldades em colocar na mesa o mínimo e indispensável para o sustento dos seus filhos. Além destes que sofrem, poucos são os que se preocupam com a carência e tristeza que vivem outros.
Estamos num mundo de loucos.
2024 está à porta, e este ano mais do que o habitual, iremos enfrentar vários desafios. Dizem-nos que é a Democracia a funcionar num sistema de liberdade como o nosso que pessoalmente me tem desapontado.
Conheço muito bem a minha terra dos Ginetes e grande parte da sua gente, pacífica, acomodada, mas sobretudo demasiado silenciosa.
Durante vários anos por aqui andei semanalmente a visitar parte dos nossos idosos, muitos deles vítimas da solidão, não por culpa das famílias que na grande maioria tudo fazem para que se sintam bem, mas não conseguem porque não temos um “verdadeiro apoio” do Estado aos velhinhos como eu.
Este teria sido o “momento ideal” para os nossos ilustres candidatos a Deputados, sobretudo dos Açores, saírem do conforto de suas casas e virem até à minha terra dos Ginetes e outras terras,ver realidades que desconhecem e nunca irão descobrir enquanto estiverem longe das gentes que os elegeram, dos que pagam os seus impostos para que gozem de excelentes ordenados e reformas capazes de fazer inveja ao mais pacífico dos Santinhos representados na nossa Igreja.
Somos uma terra sempre plena de projectos que se vão prolongando no tempo até caírem no esquecimento. Já me sinto envergonhado de repetir uma “ladainha” ultrapassada pelo tempo, pela ignorância e, o mais grave, por muita teimosia.
No seio de tanto problema e esquecimento que tem prejudicado muito a qualidade de vida na nossa terra dos Ginetes uma “pequena grande” consolação nos veio acalmar um pouco os nervos neste tempo de Natal particularmente dedicado à fraternidade e respeito dos direitos, mesmo daqueles que preferem ficar no silêncio. Foi com muita satisfação que tomei conhecimento novamente da presença diária a partir do ano que amanhã se inicia, no quartel da Secção Destacada de Ginetes dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, da Ambulância que nunca deveria ter saído. Espero que venha agora para dar mais tranquilidade às populações desta zona que também merecem. Todos têm direito ao mesmo tratamento, e o que por cá se tem passado algumas vezes, não por culpa dos “nossos rapazes”, mas por opção de governantes que infelizmente por bairrismo colocam “coisas boas nos locais errados”. Mais não digo, simplesmente vou novamente esperar para ver e se necessário denunciar.
Quero de um modo especial felicitar o meu conterrâneo e amigo João Paulo Medeiros, Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada à qual pertence a Secção destacada de Ginetes. Que continue motivado num trabalho difícil, mas que motivado tem conseguido tranquilamente o que ainda há poucos anos parecia impossível realizar. Votos de um excelente 2024 para esta nobre Instituição que há muito faz parte desta terra. Igualmente para todas as outras que enriquecem, cada qual com a sua vocação, a história dos Ginetes, que o próximo ano seja um de concretização de projectos em realidades para bem de nós todos e desta maravilhosa terra dos Ginetes.
Um Bom Ano para todos.

Alberto Ponte

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