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DUARTE MELO – O que se espera para o ano de 2024

“Jamais podemos pactuar com uma cultura que descarta pessoas sem o mínimo pingo de respeito”

Um novo ano, apresenta-se como um livro de páginas brancas, onde tudo será escrito a nosso respeito, juntamente com as conjunturas do nosso mundo e da crise que nos envolve.
No início do ano novo, os sonhos e os desejos de mudança emergem no campo da esperança, desafiando-nos a reconstruir os fragmentos perdidos do ano transato. É sempre assim quando se junta idades. No prelúdio de um novo ano, procuramos pacificar as nossas vidas com o respirar das nossas sociedades contemporâneas recolocando e equacionando os motivos de tanto descontentamento social e político, manifesto pelas ruas da amargura. Tal grito de revolta; o aumento da pobreza envergonhada, a exclusão social com todas as matizes de discriminações, a falta de habitação, o exagero das rendas de casa que roubam a dignidade dos mais feridos da vida, a saúde em desequilíbrio e em manifesta agonia, os desperdícios, o lixo e a sustentabilidade ambiental, a escola e a educação em sofrimento. São estas e outras tantas preocupações que fazem uma litânia de queixumes que põem em causa e questionam o estado democrático. Todos esses sinais são indicadores da ausência de políticas concertadas para a resolução dos problemas e anseios dos cidadãos. É urgente superar as lógicas parciais de interesses instalados e trabalhar juntos com entidades públicas e privadas em ordem à edificação de uma sociedade mais justa e fraterna.
Todos nós sentimos como vivenciamos a experiência de uma insatisfação coletiva e generalizada nos vários setores sociais. As nossas sociedades, apresentam-se instáveis movediças e voláteis. A experiência quotidiana confirma o estado líquido da coisa pública, assim como a falta de alicerces axiológicos. Os projetos políticos, os estudos de encomenda são anunciados com pompa da circunstância mediática e quase de seguida são rejeitados ou anulados, criando uma agitação narcisista e promotora do descrédito público.
Num contexto altamente preocupante, de incertezas e de miopias de pensamento e de visão, o medo do futuro parece querer instalar-se e hipotecar a dignidade dos cidadãos, dando lugar a narrativas oportunistas e autoritárias. É neste contexto de profunda complexidade e de crises institucionais que a liberdade deverá ser erguida, recolocada e enunciada como garante da democracia e do estado.
O Ano 2024 será um ano próspero em desafios públicos e em decisões fundamentais para a construção de Portugal e dos Açores. Os partidos políticos por imperativo ético, são chamados a proporcionar ao povo um ambiente plural pelo confronto de ideias e de programas credíveis e adequados na informação. Por consequente todos deverão estar atentos e vigilantes com as lâmpadas acesas da verdade, dissipando os populismos viperinos e oportunistas que se movem descaradamente entre o fanatismo e a devoção, enfraquecendo a racionalidade democrática.
É também imperativo ético fazer a devida auscultação à voz do povo para que se possa desenhar políticas com horizonte de futuro, como salvaguardar a integridade do estado e das suas Instituições democráticas.
Num tempo de prosperas ambiguidades e de sombras urge tecer relações plurais despidas de preconceito com os vários agentes políticos, para credibilizar a política e os políticos. Atualmente o grande inimigo do Estado Social reside na desinformação mediática, nas meias verdades manipuladas de alguns líderes partidários, embrulhados no papel solofam da nostalgia do autoritarismo assistencialista.
Ainda no tocante à situação em que no encontramos, é urgente afirmar os valores mais elementares e eloquentes da solidariedade e da subsidiariedade que enriquecem a dignidade humana e o próprio sistema democrático. Jamais podemos pactuar com uma cultura individualista que descarta pessoas sem o mínimo pingo de respeito, próprio de sociedades adormecidas pela indiferença que mata”. Nesta hora de crise prolongada somos todos convocados para o bom combate da edificação do bem comum lutando contra concepções reducionista, focadas apenas nos indicadores económicos.

Pároco de São José
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