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Freguesia de Santa Cruz da Lagoa defronta-se com carência habitacional, desemprego e problemas de toxicodependência

Actualmente, Santa Cruz enfrenta algumas dificuldades que vão desde carências habitacionais e de emprego à problemática da toxicodependência. Em entrevista ao Correio dos Açores, Sérgio Costa, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz, fala sobre a falta de habitação, o impacto do consumo de drogas na comunidade e os esforços para mitigar tais problemas. Menciona, ainda, as estratégias em curso para o futuro da freguesia.

Correio dos Açores – Que retrato pode fazer da freguesia de Santa Cruz?
Sérgio Costa (Presidente Junta de Freguesia de Santa Cruz) – Santa Cruz é uma das cinco freguesias do concelho da Lagoa, com 14,26 km² de área e 3 528 habitantes, segundo dados dos censos de 2021. É uma freguesia urbana e ao mesmo tempo rural, pelo facto de possuir dois núcleos habitacionais, Santa Cruz e o lugar dos Remédios. É uma freguesia de terras férteis, detentora de um importante património histórico, do qual se destaca o Convento de Santo António, datado do século XVII, a Igreja Matriz de Santa Cruz, fundada em 1450, e a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios.
Santa Cruz é uma terra de tradições com muitas associações e colectividades que mantêm viva a essência cultural da freguesia.

Quais são as principais dificuldades que a freguesia enfrenta actualmente?
Actualmente, e tal como no panorama geral, as principais dificuldades da freguesia passam pela falta de habitação e de emprego, bem como de alguns problemas de toxicodependência.

Qual a dimensão da carência de habitações em Santa Cruz?
As carências habitacionais na freguesia de Santa Cruz prendem-se, sobretudo, com algumas famílias que vivem em situação de sobrelotação, que tem sido o ponto principal da actuação da Junta de Freguesia, em estreita colaboração com a Câmara Municipal. Foi neste sentido que a estratégia da Junta de Freguesia passou pela aquisição de vários imóveis, alguns dos quais devolutos, no âmbito da Estratégia Local de Habitação. No nosso entender, esta é uma forma de integrar estas famílias na freguesia, sem concentrá-las, como tem sido hábito, em bairros sociais.
Por outro lado, ainda temos um parque habitacional com alguma idade, bem como uma população envelhecida, o que requer uma intervenção constante, principalmente ao nível da substituição de coberturas e melhorias nas instalações sanitárias e nas condições de mobilidade, mais precisamente na eliminação de barreiras, possibilitando melhores condições aos mais idosos, assim como o prolongamento da sua permanência nas suas residências.

Tem aumentado o tráfico e o número de toxicodependentes na freguesia de Santa Cruz? Qual o impacto que o consumo da droga está a ter na sociedade local?
O facto de terem existido várias detenções, as quais incidiram sobre indivíduos oriundos de outras freguesias, o tráfico tem vindo a diminuir, bem como a presença de toxicodependentes, especialmente nas zonas consideradas mais críticas de Santa Cruz. Muitos dos toxicodependentes da freguesia deixam-nos pena, pois são filhos desta terra que infelizmente enveredaram por estes caminhos.

A criminalidade tem aumentado na freguesia como consequência da toxicodependência?
Com as detenções efectuadas na freguesia, este problema diminuiu significativamente, tendo, no entanto, ainda se registado alguns furtos relacionados com esta problemática.

Em sua opinião, o que se poderia fazer para solucionar estes problemas?
Estes problemas que enunciei não são da competência directa das juntas de Freguesia, no entanto, da minha parte, tento pressionar as entidades competentes, de forma a solucioná-los.
Em Santa Cruz tenho tido bons resultados no que diz respeito à melhoria das condições habitacionais de muitas moradias da freguesia, através da celebração de protocolos de gestão habitacional. No que toca à falta de habitação, julgo que estamos no bom caminho, uma vez que a Câmara Municipal de Lagoa já adquiriu vários imóveis na freguesia, ao abrigo da Estratégia Local de Habitação, que virá dar resposta a uma lista de famílias que já há algum tempo esperam por condições dignas de habitabilidade.
Relativamente aos problemas de toxicodependência, a situação tem vindo a melhorar nos últimos tempos, devido à intervenção da PSP, que efectuou várias detenções neste âmbito, nas zonas mais críticas da freguesia.

Qual a dimensão da pobreza na freguesia? Que tem feito a Junta de Freguesia a este nível?
Ao nível da pobreza, foi criado pela Junta de Freguesia um regulamento de apoios sociais, o qual se destina sobretudo à alimentação, em casos urgentes de falta de alimentos e de algumas necessidades básicas do dia-a-dia. Esse regulamento foi criado por haver, recorrentemente, pedidos de ajuda à Junta de Freguesia, neste sentido.
Em alguns casos mais prementes tem existido articulação entre a Junta de Freguesia, os Serviços de Acção Social do Município e os Serviços de Acção Social da Lagoa.

Qual a dimensão do número de pedidos de apoio à Junta?
Infelizmente, com a crise económica e social que estamos a atravessar, estes pedidos têm vindo a aumentar, embora ainda não muito significativamente em comparação com o ano anterior.

Qual a sua opinião sobre os projectos que a Câmara tem para a baía de Santa Cruz? No seu entender, o que deve ser a baía de Santa Cruz?
A baía de Santa Cruz é uma das zonas de excelência da freguesia, que tem sido alvo de reivindicações por parte dos santa-cruzenses há bastantes anos.
Em boa hora, a nossa Câmara Municipal já procedeu, numa primeira fase, à requalificação da zona sul, criando espaços ajardinados e equipamentos de apoio à zona balnear. Numa segunda fase, encontra-se a decorrer a construção de um edifício de apoio balnear, dotado de instalações sanitárias, duches e arrecadação, bem como um espaço destinado à concessão de um cibercafé. Quanto à terceira fase, foi solicitado pelo município um concurso de ideias à Ordem dos Arquitectos, estando, neste momento, em fase de apreciação os projectos apresentados.
No meu entender e devido às imposições decorrentes da Lei, relacionadas com as alterações climáticas, designadamente a subida média do nível das águas do mar que colocam a Baía de Santa Cruz como zona de risco, ficamos limitados na escolha de opções para este local. Assim sendo, estamos na expectativa do que será apresentado numa terceira fase de requalificação desta zona.

Qual é a abordagem da Junta de Freguesia ao desenvolvimento do turismo? Qual é o seu impacto em Santa Cruz?
O desenvolvimento do turismo em Santa Cruz passa pelo investimento na restauração e na aposta em novos espaços de lazer. Seria muito importante a realização de um pontão na Baía de Santa Cruz que, para além de vir salvaguardar a protecção da nossa orla costeira, permitisse a criação de uma zona balnear de excelência, onde se poderiam desenvolver actividades náuticas, em parceria com o Clube Náutico da Lagoa. Relativamente aos alojamentos turísticos, contamos com uma unidade hoteleira de topo e com vários alojamentos locais.

Como a Junta de Freguesia está a trabalhar para promover o desenvolvimento global da freguesia?
Actualmente e com a abertura do novo arruamento na freguesia, o foco da Junta centra-se na criação de um espaço destinado à restauração, no jardim do Convento, mais precisamente na zona onde existia o antigo posto de artesanato. Este espaço será construído pela Junta de Freguesia e depois será alvo de um concurso público para concessão e exploração.
No mesmo local serão também construídas novas instalações sanitárias, visto que as actuais já se encontram bastante desactualizadas. Ainda nesta zona, já se encontram a decorrer obras para a instalação de um parque infantil.

De que forma a freguesia está a preservar o seu património cultural e a promover actividades culturais locais?
A Junta de Freguesia promove o seu património cultural através do apoio às suas instituições e continuando a promover anualmente as festas populares em honra de Santo António, com o apoio da Câmara Municipal, as quais são o maior cartaz desta freguesia.

A freguesia tem potencial para se desenvolver mais? Em que áreas?
A freguesia tem potencial para crescer, sobretudo na área habitacional e de investimento comercial, uma vez que a norte do Convento de Santo António existem terrenos de excelência para estes fins.

Quais são as principais prioridades de desenvolvimento nos próximos anos?
As prioridades para os próximos anos são sobretudo sociais, nomeadamente ao nível da habitação. Esta pretensão, não sendo da nossa competência, é uma preocupação de longa data, à qual estamos atentos e não descuramos.
Outra das nossas pretensões passa pela criação de um pavilhão multiusos de apoio às actividades das instituições e colectividades da freguesia.

Carlota Pimentel 
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