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Hipnoterapeuta Paula Marques,no Dia Mundial do Hipnotismo

“As terapias de regressão estão muito na moda, porque as pessoas querem saber quem foram
e o que fizeram em vidas passadas”

Qual é a importância do Dia Mundial do Hipnotismo?
Paula Marques – Este dia é importante porque é o reconhecimento de uma técnica usada em várias áreas, nomeadamente na saúde e que, depois de um período onde foi desacreditada, está novamente a emergir na vida das pessoas. Especialistas em outras áreas também estão a estudar e a utilizar esta técnica com muito bons resultados.

Foi contabilista e agora é terapeuta holística. O que a fez mudar de profissão?
Mudei porque não me sentia realizada. Sentia que me faltava algo, apesar de ter a minha profissão e de trabalhar por minha conta. Comecei em busca de algo diferente da minha área e encontrei as terapias integrativas. Quando comecei, estudei várias técnicas de terapia holística porque a holística vê a pessoa como um todo (físico, emocional, mental e espiritual). Mais tarde, decidi tirar então o curso de hipnoterapia, na área que me dava mais gosto e que me realizava mais. Ajudar na transformação do outro para mim faz todo o sentido.

Qual foi o seu primeiro contacto com o hipnotismo?
O primeiro contacto que tive ainda estava a fazer o estágio para entrar na área de contabilidade e emprestaram-me uns livros de um psiquiatra chamado Brian Weiss, embora não soubesse que iria optar por esta área. Mais tarde, quando comecei a estudar terapias, decidi ir para o Brasil, uma vez que estão muito avançados nesta matéria. Cheguei a ter mesmo aulas com um psicólogo chamado Benomy Silberfarb. O primeiro contacto foi neste curso que tive no Brasil, embora não me habilitasse como hipnoterapeuta. Essa habilitação, adquiri mais tarde em Lisboa.

Na sua opinião, qualquer pessoa pode ser hipnotizada?
Em princípio sim, porque a hipnose é algo natural do ser humano. A hipnose é um estado alterado de consciência. Podemos, por exemplo, entrar num estado de transe a ver um filme ou a conduzir e não nos apercebemos. Claro que nem todas as pessoas têm a mesma susceptibilidade a entrar em transe na hipnoterapia e isto deve-se, por exemplo, às suas crenças.
Nem sempre se conseguem fazer as sessões pela descrença que as pessoas têm. As pessoas têm de estar abertas para as sessões. Também é preciso saber o que o paciente quer e se estou apta para realizar o trabalho que pretende. A empatia e a relação de confiança é outro factor importante, a meu ver, para que este processo terapêutico possa funcionar. É preciso criar as bases para que as terapias possam ter sucesso.
As terapias de regressão estão muito na moda, porque as pessoas querem saber quem foram e o que fizeram em vidas passadas. Isto faz-se mas sempre em contexto. Se não houver uma preparação, o paciente pode desenvolver traumas. O que eu faço é um processo terapêutico, dando as bases e se a pessoa tiver que fazer uma regressão, então aí, fazemos. Senão for preciso, não avançamos. Por vezes, as pessoas não estão preparadas para o que podem ver neste processo e podem adquirir problemas que depois podem não saber digerir na sua vida. Não é algo que se deva fazer de ânimo leve.

Um dos principais riscos, em relação à hipnose, é a falta de preparação para tal?
Como em tudo, há sempre o bom e o mau. O que pode haver são profissionais que não fazem os procedimentos de preparação para dar estrutura à pessoa. Para mim, não faz sentido fazer apenas uma sessão com um paciente. No mínimo faço sempre entre 4 a 6 sessões, é um processo. O número máximo de sessões depende sempre das situações e das pessoas. Precisamos sempre de criar uma estrutura emocional dentro da pessoa, para que esta possa lidar com as situações que vamos trabalhar. Na minha opinião, não se podem tratar os problemas logo na primeira sessão, até porque poderia aumentar ainda mais o trauma desta pessoa. É preciso trabalhar toda uma estrutura, para depois a pessoa ter as ferramentas para estar pronta para lidar com o trauma ou outra situação com que vamos trabalhar.

Com que tipo de patologias trabalha?
As pessoas que procuram os meus serviços normalmente vêm tratar fobias, ansiedade, traumas e vícios. Também já me procuraram pessoas que queriam emagrecer. Existem ainda pessoas que me procuram para adquirir autoconhecimento, ganhar mais autoestima e amor próprio. No fundo, para ganhar mais estrutura emocional.

Quais são os benefícios da hipnoterapia comparativamente a terapias mais convencionais?
É uma terapia bastante rápida. Fazemos sempre sessões semanais e em média o processo dura 12 semanas, ou seja, três meses. As pessoas, em três meses, resolvem a situação que querem trabalhar. Assim, acaba por ser uma terapia breve, visto que os pacientes se queixam de outras terapias durarem anos ou então andarem de técnico em técnico para poderem resolver o seu problema. A hipnose é uma técnica de estado alterado de consciência, em que depois é usada por vários especialistas como médicos ou dentistas na sua área. Nós, hipnoterapeutas, estamos mais livres para utilizar outras técnicas ajustadas na Hipnoterapia. Posso utilizar, numa sessão, todo o conhecimento que tenho das várias terapias integrativas que estudei. Por exemplo os psicólogos estão restritos às suas regras pela sua Ordem e não podem usar qualquer técnica, enquanto nós, terapeutas holísticos, podemos usar as técnicas que queremos.
A hipnose é um estado alterado de consciência e pode, por exemplo, ser usada para se fazer hipnose de palco ou hipnose forense, não é só usada na área da Saúde.

Na sua opinião a que se deve o aumento do número de consultas de hipnoterapia?
Considero que o aumento se deve ao facto de as pessoas terem mais conhecimento agora. Hoje em dia a informação chega a mais pessoas, e começam a ouvir falar das técnicas também. O facto de pessoas famosas falarem das suas experiências com a hipnoterapia e de terem resultados positivos também ajuda.
A curiosidade em relação à regressão também é algo que tem aumentado. Não tanto no sentido de a pessoa fazer hipnose para vir trabalhar um problema, mas sim de ter a curiosidade de saber o que foram na vida passada, o que tem os seus perigos se não for correctamente feita. Através da informação adquirida sobre a Hipnoterapia e os seus resultados, as pessoas percebem que em poucas semanas conseguem ter resultados, o que aumenta a procura de consultas.

Ainda existe preconceito em relação à hipnose?
Sim. Durante muitos anos a hipnose era reconhecida e estudada mais na parte médica. Contudo, depois começaram a associar a hipnose a charlatões. As pessoas começaram a associar também a hipnose à hipnose do palco. Um dos medos que as pessoas têm é que através da hipnose possam revelar algo íntimo ou um segredo, mas isto não é assim. O hipnoterapeuta não tem esse poder sobre as pessoas. A pessoa numa sessão de hipnose está consciente, logo não existe esse domínio do hipnoterapeuta sobre as pessoas. O facto de não se ouvir muito falar nos resultados também contribui para que este preconceito ainda exista. As crenças também são algo que contribuem para este preconceito. As pessoas ainda associam a hipnose a algo relacionado com o místico, o que provoca um pouco de receio nas pessoas.
Também é importante pesquisar sobre quem é o profissional, perceber realmente quem ele é, e quais são os resultados que já teve. O estigma ainda existe porque as pessoas nem sempre são aconselhadas por um profissional fidedigno.

Quer deixar alguma mensagem neste Dia Mundial do Hipnotismo?
Gostava de dizer às pessoas para estarem mais abertas a estas técnicas, pois estas não são novas e são usadas por profissionais da área da saúde. Relembro também que as pessoas deveriam fazer sempre uma boa pesquisa, saber o histórico do profissional para, então, depois serem tratadas. É importante essa pesquisa para que as pessoas não sejam enganadas. Gostava também que se pesquise para perceber realmente os benefícios e os resultados positivos que a Hipnoterapia tem.


Frederico Figueiredo

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