O Canto da Pia é um lugar com história na Relva, freguesia que também tem um restaurante-bar com muita história, uma vez que o seu proprietário e mulher apresentam o saber fazer do famoso Gilberto da Relva.
José Cordeiro, de 62 anos de idade elucidou-nos acerca do nome do restaurante, que está num local, onde no passado havia um canto com uma pia que servia de bebedouro para os animais. Hoje em dia, o que resta é um pequeno fontenário intocável para relembrar outros tempos.
Os actuais proprietários deste restaurante familiar adquiriram o espaço há nove anos, em 2015. Consigo trouxeram os conhecimentos práticos adquiridos durante o tempo em que estiveram no Gilberto da Relva, nome do sogro do nosso entrevistado. A mulher de José Cordeiro aprendeu a cozinhar com a sogra, exímia cozinheira.
O Gilberto era famoso pelos seus chicharros fritos, servidos com um ‘quartilho’ de vinho de cheiro, elaborado a partir de uvas da casta americana Isabelle.
O Gilberto era tão famoso, que recebia visitas ilustres, entre elas, Jorge Nuno Pinto da Costa, que sempre que cá vinha, tinha de passar pelo seu restaurante de eleição.
Gilberto era um portista ferrenho, mas José Cordeiro, apesar de ser também apoiante “azul e branco”, diz que o seu sogro era mais do que ele. “Sabia datas, os nomes dos jogadores e sabia de tudo”.
Clientela local e emigrantes
José Cordeiro releva que o Canto da Pia “vive mais com a clientela local. O turismo é sempre bem-vindo, mas os emigrantes ocupam um lugar de destaque, porque procuram a comida tradicional açoriana, que temos aqui”.
Chicharros fritos, chicharros recheados, filetes de abrótea, carne assada, dobrada com feijão, mão de vaca, bife de albacora grelhado, iscas de fígado, bife à casa, são algumas das iguarias que ali são servidas, sem esquecer as entradas e as sobremesas.
Ao longo da semana a ementa vai variando, mas cinco pratos mantêm-se no cardápio diário, nomeadamente o bacalhau, a carne assada, a dobrada, os chicharros e os filetes de abrótea. A carne guisada surge às Segundas-feiras, Terças e Quintas.
“Todos os dias são razoáveis”
Longe vão os tempos com dias de muita afluência às Sextas-feiras e aos Sábados, porque “todos os dias são razoáveis, nesta altura do ano”. Aliás, “Segundas-feiras eram dias mais calmos, mas hoje em dia, por vezes, já não é assim e chegam a ser dias movimentados”, releva, reconhecendo, que “os sábados costumam ser sempre bons”.
O Restaurante – Bar, Canto da Pia, funciona com cinco colaboradores, entre eles, o nosso entrevistado, a mulher, os seus dois filhos e o genro.
Nesta altura do ano, o Canto da Pia está só a servir almoços. A cozinha fecha às 15h00, mas o espaço encerra às 17h00, o que significa que, quem chegar às 15h00 são só servidas as refeições que já estão confeccionadas. Domingo é o dia de descanso.
Produtos frescos do Mercado da Graça
Já agora, fique a saber, que o Restaurante – Bar Canto da Pia abastece-se no Mercado da Graça, em secções específicas de peixaria e talho, o que significa que de Terça a Sábado, todos os dias estão lá, para compras directas e justas dos produtos, sem intermediários.
Sobre 2023, José Cordeiro diz que “foi um bom ano”, reconhecendo, no entanto, que “o mês de Novembro ficou aquém das expectativas”.
Sobre o corrente ano civil, anseia que “seja um bom ano. Se for igual a 2023, já será bom”.
Natural dos Arrifes
José Cordeiro é natural da Saúde, freguesia dos Arrifes. Começou por estudar na sua terra natal, na escola primária, mas depois ingressou na antiga escola industrial, hoje em dia Escola Secundária Domingos Rebelo, antes de começar a trabalhar como torneiro mecânico, sendo que o seu último trabalho nessa área foi na EDA – Electricidade dos Açores, depois de ter estado noutras empresas como a Varela & C.ª Lda., e na Ferrotec – Sociedade de Reparações Mecânicas e Construções Metálicas, Lda.
Quando casou, trabalhava como torneiro mecânico, mas ajudava sempre o sogro Gilberto, que abriu o restaurante em 1980, encerrando a actividade em 2014. O espaço, entretanto foi vendido, surgindo o Restaurante – Bar, Canto da Pia, na Rua Nova, 1, na freguesia da Relva, um ano depois, ou seja, em 2015.
Marco Sousa