Edit Template

Açores Amanhã: Prosseguir

Este ano será um ano político por natureza. As eleições são muitas e estendem-se quase por todos os cantos do Mundo. Em Portugal são três que se distribuem ao longo da primeira metade do ano, pois vão de fevereiro a junho. Não me lembro de um ano igual quer no plano nacional quer no plano internacional.
Mesmo a priori, não é de excluir, se se mantiverem as circunstâncias internacionais e económicas identificáveis atualmente, que encontremos no final de 2024 um mundo político bem diferente do que hoje conhecemos. Avaliar a sua qualidade é obra de profeta. É bem possível que então lamentemos que o perdedor, em termos globais, tenha sido a democracia liberal. Fragiliza-se de dia para dia… Até em Estados impensáveis, como já se vê na União Europeia ou se teme que volte a acontecer no Estados Unidos.
As eleições nos Açores só são conceptual e verdadeiramente importantes para os Açores. Porventura, às de Fevereiro próximo e consoante as caraterísticas do resultado que for apurado poderá ser acrescentado um valor extra. Poderão valer um crédito político – os portugueses já começaram a dizer que confiam em nós – a ser considerado pelos partidos concorrentes às nacionais que se realizarão no mês seguinte. Porque há que contar com isso, o contacto com os eleitores tem de ser muito bem preparado e incidir sobre a realidade regional e o regime de autonomia que está sob a ameaça presente em termos concretos, realistas e imediatamente. O programa eleitoral tem de ser um autêntico programa de governo e de proteção dos interesses regionais. Não ser elaborado de modo a poder confundido com um saco cheio de promessas que por exagerado excedam a capacidade de memorização e suscite dúvidas sobre a capacidade para o executar.
O programa de investimentos tem de ser realista, credível e apreensível como de interesse específico para a ilha onde se localizam, mas de também interesse geral para os Açores. O que é bom para uma ilha é bom para os Açores tem de ser um lema.
Recordo a este propósito a campanha eleitoral de há quase 26 anos de um dos partidos concorrentes aos sons emitidos pela Banda GNR e titular do Governo nacional anunciar num comício de fim de campanha a redução do tarifário praticado pela TAP na operação entre o Continente e os Açores (operadora única na rota Açores/Lisboa), comunicação que teve um enorme impacto no eleitorado insular. Uns meses depois tive oportunidade de conversar com o autor – já ex-presidente da TAP – uma excelente pessoa, e de ele, lamentando, me confidenciar que ao tempo tinha recebido “ordens” da tutela para tornar público naquele dia o apreciável benefício tarifário para os açorianos. Creio que pela primeira e última vez na história de 500 anos, o Governo da República prometeu e num curtíssimo espaço de tempo cumpriu rigorosamente o que prometera. O resultado do anúncio foi, obviamente, bom para o concorrente anunciante.
Os eleitores têm de ter motivos concretos que fundamentem, em primeiro lugar o exercício do direito de voto ( um poder que também é um dever); em segundo lugar porque escolher um e não nenhum dos outros partidos (a razão da opção – garantia de uma governação transparente, fiscalizável, respeitadora dos princípios de igualdade de desenvolvimento); em terceiro lugar, que o programa apresentado é exequível com efeitos positivos na vida dos açorianos, nos domínios do emprego, da habitação, da educação e da melhoria da qualidade de vida que significa dispor de recursos financeiros que a assegura.
Os eleitores têm de ser estimulados a votar. A redução do tradicional e elevado nível de abstenção fortalece os Açores e o seu regime de autonomia política. Os açorianos têm de ser informados sobre as razões e os benefícios concretos da autonomia política e administrativa regional no presente. Para que serve o regime de autonomia hoje, para além da satisfação cabal da ancestral aspiração do povo açoriano durante cinco séculos.
O eleitorado terá de compreender que sem a autonomia regional, sem os seus órgãos de governo próprio – Assembleia Legislativa e Governo – não havia condições para o povo açoriano ver realizada a sua vontade coletiva e a igualdade entre todas as ilhas nem os Açores teriam a política de desenvolvimento por eles desejada. A União Europeia e as Ilhas Ultraperiféricas têm de estar presentes no diálogo com os eleitores têm de compreender como uma garantia de desenvolvimento e de defesa da autonomia que há mais Portugal para além do Continente.

Álvaro Dâmaso

Edit Template
Notícias Recentes
PS/Açores abre porta para aprovar o Plano e Orçamento 2025 em acordo com o Governo dos Açores do PSD/A
Descarregadas 852,71toneladas de pescado em lota no mês de Agosto representa uma queda de 23,7% em relação a igual período de 2023
Encarregados de educação queixam-se das condições precárias em que se encontra a Escola do Aeroporto em Santa Maria
Empresa blueOASIS “quer tornar os Açores no Silicon Valley das tecnologias oceânicas”
Empresa blueOASIS “quer tornar os Açoresno Silicon Valley das tecnologias oceânicas”
Notícia Anterior
Proxima Notícia
Copyright 2023 Correio dos Açores