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Emaranho de promessas. Como se pagam?

O discurso político em Portugal mantém-se repetitivo e sem inovação. Dito de outra forma, mais do mesmo. Mesmo quando as pessoas reprovam, a resposta continua. Como os partidos não mudam, as pessoas mudam de opções cívicas: abstendo-se ou votam em branco.
Estamos a um mês das eleições regionais e a dois meses das eleições legislativas e o que assistimos em ambas as geografias é , por um lado, o ataque gratuito entre candidaturas sobre quem fez o que e o comparar as ações de partidos “regionais” com as dos nacionais; e por outro, a promessa de tudo se pagar ou de manter o existente.
Nas eleições de 2020 o PSD assumiu a frase “O que está bem feito é para manter”, embora tenha criticado ao longo dos 24 anos a despesa pública e até votado contra os orçamentos; em 2024 o PS assume a frase “Não vamos cortar nada”, embora tenha criticado ao longo dos 3 anos o aumento da dívida pública e abstendo-se ou votando contra os orçamentos.
A posição do PSD, nestes três anos, em aditamento ao reforço das políticas sociais, da valorização financeira na administração pública e aumento do quadro da administração pública, conduziu a um aumento da dívida pública de 920 M€. É este aumento de dívida que o PSD pretende continuar?
Vasco Cordeiro esteve bem no congresso do PS e disse ao que vinha: pelo futuro dos Açores. Pois que assim seja, e de forma clara, diga, sem hesitações, qual o caminho do futuro dos Açores, mesmo que tenha que cortar algo que, por mais justo que possa parecer, simplesmente não temos economia para sustentar avaliando pelo aumento da dívida abrupta desde 2021.
São engrandecedoras e justas as promessas de aumentos de apoios sociais, de valorização financeira da administração pública, do reforço da qualidade dos serviços públicos, por parte de todos os partidos, mas para quando a justificação efetiva de como a economia açoriana responderá a este aumento da despesa e investimento público?
Sem essa justificação passamos de promessas engrandecedoras e justas para o populismo.
Assistimos a um emaranhado de promessas, que pode ser do agrado da maior da população, mas a preocupação de como conduzir a um crescimento da economia (e que tipo de economia), até agora, é o vazio total. Sendo o vazio total, como se pagam as promessas? da contínua contratualização de dívida, da solidariedade da República e/ou com um aumento de impostos?
Deixando os verbos valorizar, estimular, reforçar, proporcionar e passando ao verbo fazer: Quais os setores privados em que cada ilha se pode especializar?
Como fazer crescer esses setores privados em cada ilha dos Açores?
Há ausência de propostas concretas para a economia. Quiçá, esta preponderância exista por que a maioria dos candidatos políticos são quadros da função pública, das instituições sociais ou partidárias, ou por manterem-se no carreirismo partidário, e daí advir uma reduzida sensibilidade para as responsabilidades e dificuldades empresariais. Há boca pequena o povo sussurra “Nunca fizeram nada na vida, nunca pagaram ordenados…”. Por mais injusto que possa esta frase ser, para a contrariar o discurso e ação política devem ser profundamente alterados.
Sem economia própria e com valor financeiro, ambiental e social a que se acresce a contínua redução da população, num futuro próximo a perda dos apoios sociais ou a desvalorização da Administração Pública será uma gota no oceano face à perda da nossa Autonomia política, legislativa e administrativa.

Sónia Nicolau

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