Devido ao mau tempo, com chuvas torrenciais e vento forte, a Rua do Outeiro, nos Arrifes, voltou a ficar inundada na madrugada de ontem, com a água a entrar nas habitações. Durante os últimos dois anos, esta rua já registou cheias com danos consideráveis pelo menos 12 vezes e tem estado em causa a segurança dos moradores. O asfalto que foi colocado no passado Domingo, foi destruído pelo mau tempo da noite de Quarta-feira. De acordo com a Presidente da Junta, Sandra Costa Dias, esta situação já se alastra há demasiado tempo e parte de uma questão de “desinvestimento e falta de manutenção” dos mecanismos de escoamento de água da freguesia.
À Junta de Freguesia cabe a recolha e a limpeza dos detritos provocados pelo mau tempo e à Câmara cabe reparar o asfalto, “mas da forma como tem sido feito, que é sempre provisório e à espera de um novo tapete, sem que se reveja efectivamente esta questão do escoamento de águas, é questão de vir um dia de chuva para acontecer novamente”.
Para a autarca, a maior preocupação “é a segurança dos moradores: “Do ponto de vista prático, há uma alteração da rotina diária das pessoas, para além do risco que é, porque se precisarem de sair numa evacuação para o hospital, ou qualquer que seja a situação, estamos a falar de danos que podem ser muito negativos. E do ponto de vista da rotina diária, do trabalho e da escola, há implicações que começam a ser demasiado frequentes para serem ignoradas”.
No entender da autarca, “espera-se que a situação se volte a repetir na medida em que existem muitos factores que não têm sido abordados pelas entidades competentes. O conjunto de infra-estruturas de recolha de água, nomeadamente bacias e sumidouros, que foram construídos na zona norte da freguesia para fazer face a estas situações, não têm sido limpos nos últimos anos e neste momento, “é o mesmo que não os ter porque estão totalmente obstruídos e não recebem qualquer água.”
No cerne do problema há uma questão “de desinvestimento nesta área e de falta de recursos, porque estamos a falar do facto de que parte desta limpeza é feita pela Câmara e pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Ponta Delgada (SMAS). Outra parte, é da responsabilidade dos Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA) e, portanto, com a redução de mão-de-obra que tiveram, mas também com a redução de investimento nesta área, fez com que ficassem ao abandono.”
Sandra Dias adianta que “o IROA, por exemplo, o que tem feito nos últimos anos nos caminhos agrícolas foi apenas o cortar da vegetação dos tapumes, mas depois sem a devida limpeza. Neste momento, temos valetas e bueiros que estão completamente obstruídos. Os sumidouros, uma grande parte deles são responsabilidade do IROA, também não foram limpos, portanto estão cheios de assoreamento, de terra e não recebem água nenhuma.”
Sempre que há prejuízos de maior impacto, a Junta de Freguesia faz o relato às identidades. Inclusive, “no passado mês de Julho fizemos uma sessão de esclarecimento com a população e com as entidades responsáveis, O IROA faltou e da parte da Câmara, o executivo também faltou. À reunião compareceu uma técnica sem capacidade de dar qualquer resposta ou assumir compromissos.”
No dia de ontem, Sandra Dias esteve novamente no terreno a identificar as necessidades e confirma que foi anunciado pela Câmara que está em fase de adjudicação um estudo ideográfico que possa oferecer soluções. “Aguardamos porque, de facto, já foram muitas as diligências a chamar atenção. Pior do que isto é que quem sofre é a população e, portanto, é altura de olhar para isto com olhos de ver e com o devido compromisso para que fique resolvido,” concluiu.
D.C.