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PNS a esquecer ACe lembrar Sócrates

O congresso socialista correu bem ao novo líder. PNS foi entronizado novo secretário-geral num congresso vivo, no qual AC não lhe fez demasiada sombra, mesmo quando foi sua a intervenção de abertura do conclave. A realidade é que estavam todos à espera de Pedro Nuno Santos, daquilo que tinha para dizer, depois de um pós-eleições internas apaziguador, do qual trouxe os seus adversários e apoiantes para as listas únicas que foram a votação. Um congresso no qual ficámos a saber que não há quem possa fazer mais e melhor do que o próprio PS, o que pode parecer um pouco redutor para um regime democrático, no qual a alternância e alternativa democrática devem ser garantes da fiscalização governativa e da livre decisão coletiva.
Ficámos ainda a saber, pelas intervenções mais sintomáticas, que uma certa linha de atuação socialista continua a considerar que a queda de António Costa e do seu executivo foi de todos menos do próprio. Figuras como Carlos César, Ana Gomes ou Vieira da Silva apontaram de forma pouco certeira ao presidente da República e/ou à procuradora-geral, o caos que se instalou no país mais recentemente.
É uma narrativa que, felizmente, não colheu em PNS, já que da sua parte não vieram críticas dirigidas no mesmo sentido. É compreensível por várias razões. A primeira e mais vistosa, é que se o fizesse estaria a desvalorizar a sua própria escolha por parte de quem o elegeu.
A segunda, para quem tantas vezes é acusado de alguma informalidade e impreparação, tem a ver com a sua função enquanto candidato a ocupar o lugar de primeiro-ministro: se o for, terá de lidar tanto com Marcelo Rebelo de Sousa, como com a procuradora-geral. Não é avisado começar a atirar pedras quando lhe podem vir a cair em cima.
Na intervenção de encerramento, PNS começou por fazer o óbvio: matou António Costa e quaisquer outras pretensões que poderia vir a ter em termos partidários. Aquele «agora é a nossa vez» é a prova provada de que, para PNS, a sombra de AC não é para andar por aí. Bastou-lhe olhar para o lado, para a casa social-democrata, e ver como Pedro Passos Coelho ainda hoje, já lá vão quase dois anos, é lembrado pelo partido e pelo país sempre que Luís Montenegro aparece enfraquecido.
Ou quando PPC decide fazer uma intervenção mais académica, ou comentar simplesmente o estado do tempo, as leituras que se fazem parecem ter sempre um desiderato: ocupar algum espaço que a liderança social-democrata deixou em aberto. PNS sabe-o, por isso o legado de AC manter-se-á enquanto for popular e, por isso, conveniente, mas não perdurará muito mais no tempo quando dele o líder socialista não vier mais a precisar.
E sendo o PS o mesmo, PNS faz muito mais lembrar José Sócrates, – apesar de ter ignorado o seu legado no conclave – o seu estilo, e muito menos uma certa pasmaceira que foi sempre a forma de estar de António Costa.
Pedro Nuno Santos, ao contrário do ainda primeiro-ministro, tudo fará para ser lembrado para a posteridade pelo que fizer, ou pelo menos pelo que ambicionar fazer. À imagem do engenheiro que governou entre 2005 e 2011, parece ter ideias, propósitos e a tal áurea fazedora de quem quer transformar o país em algo que ele acha deixará Portugal melhor do que o encontrou enquanto governante. Esse é, ainda assim, o seu maior problema: a lembrança de que não cumpriu enquanto ministro, apesar das promessas, o que sobrou foram equívocos, processos manhosos a envolver dinheiro dos contribuintes, uma gestão feita a correr e, com isso, a ignorar procedimentos de estado e questões legais incontornáveis. Demitiu-se para não ser demitido, e fê-lo já tarde, depois daquela conferência de imprensa confrangedora sobre a localização do aeroporto.
Como José Sócrates, pretende mexer na economia, alterando a forma como as empresas acedem a fundos comunitários e apoios do estado, querendo ser mais seletivo. Com as instituições de regulação e fiscalização totalmente dependentes do poder político, demonstrando uma fraqueza crónica, a sua proposta pode redundar apenas em ajudas para as empresas do regime. Talvez fosse bom começar por aí. Para não terminar da mesma forma.

Fernando Marta

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