- O que se diz e o que se vê leva o eleitorado a pensar em inúmeras saídas e, por isso, os indecisos nesta altura do campeonato, são em grande número, o que obriga a que os partidos mostrem bem as suas intenções e as suas caras, os seus programas e objectivos com todas as virtualidades, com sinceridade, humildade e verdade (difíceis na política, já o sabemos), procurando mostrar que as promessas são mesmo para cumprir custe o que custar e que os políticos da liderança não vão nunca lutar apenas pelos interesses mesquinhos de uns tantos e saltar por acções e prioridades que a miopia não consegue enxergar!
Os candidatos valem o que valem e não é pelo facto de andarem sempre atrás das lideranças e sentarem-se na primeira fila que vão conquistar as boas graças do povo que vota, cansado de tanta conversa e de tanta jura nos vários mandatos, com as mais variadas bandeiras, que até vai repetindo vezes sem conta: com políticos assim não vou votar! E ficam em casa, acrescentando o volume da abstenção que é um mau sintoma na democracia!
Convém que todos os que participam nesta contenda política tracem com o máximo cuidado a sua estratégia e que procurem ir ao encontro das verdadeiras necessidades das pessoas concretas e das famílias, pesando com ponderação o que foi mal feito e o que na verdade está ainda por fazer! E fujam a mil pés do cinismo, da demagogia, da arrogância e das atitudes mesquinhas! Em nosso entender, não há outro caminho senão aquele que divulga com correcção, com clareza, com verticalidade, com apetitosa apresentação, os programas de cada candidatura, concretizando tudo o que for possível, valorizando as prioridades e os prazos de execução! Assim poderão ganhar credibilidade e não se deixarão ir na cantiga do quartel, da estrada ou do salão que não cabem no pacote das primeiras e ingentes acções governativas! - O ano que terminou foi generoso na divulgação dos talentos açorianos de todas as ilhas. Nas ciências, na medicina, na inovação das tecnologias e da arte, na economia e na gestão, no empreendedorismo e na investigação, e no desporto. Foi, na realidade, um ano especial de conhecimento de talentos, de valores que alcançaram o pódio em várias áreas do saber e do conhecimento científico, alguns dos quais no estrangeiro e outros ainda em fase de estudo em Universidades de renome. São esses talentos que o governo deve acompanhar para enriquecer a nossa massa crítica e dar um empurrão no desenvolvimento da nossa Região! Sem falsas demagogias e longe da tentação de conceder subsídios para agradar os promissores candidatos! Há mil maneiras de fazer isso. Aprendam com a Europa e com a América.
3.Entrevistas. Li com inusitado interesse duas entrevistas muito recentes, uma do AO e outra na revista do Expresso, a primeira do nosso bispo D. Armando Esteves Domingues e a outra do madeirense Cardeal Tolentino Mendonça. Qualquer uma delas revela o carácter, a dimensão e o perfil de quem se entregou ao serviço da Igreja Universal com afinco e aprumo, com dedicação e avultado sentido de entrega à missão messiânica de conhecer o outro na pessoa do que anda ao nosso lado, fazendo parte integrante da Igreja, Povo de Deus, onde todos, mas todos, têm direitos e obrigações iguais, como repetiu o Santo Padre na Jornada Mundial da Juventude, de Lisboa. Este será o caminho Sinodal que todos nós, os que se dizem católicos, pretendem alcançar!
Faço agora uma breve referência às referidas entrevistas porque, de contrário, necessitaria de uma página do jornal, no mínimo! O bispo diocesano, que me atrevo a chamar AÇORIANO, chegou aos Açores em Janeiro de 2023 e andou de malas aviadas quase todo o tempo porque, como ele afirmou “Eu gosto de conhecer pessoas, de tentar fixar nomes. Nove ilhas é sempre uma aventura”. E no meio destas 43 viagens inter-ilhas deparou-se com o dilema, depois de conhecer, falar e ouvir e fazer uma radiografia da situação da Diocese, operar de imediato às alterações e mudanças! D. Armando realça o importante papel da nossa Diáspora, cerca de 1,5 milhões de emigrantes e descendentes espalhados pelo mundo. Agora prepara com afinco e com esperança o chamado “ itinerário pastoral para os próximos dois anos até ao Jubileu da Esperança, pretendendo auscultar novamente toda a Diocese, explicando que os dois anos até ao Jubileu “vão ser vividos em laboratórios da SINODALIDADE, da fraternidade e da esperança”. E conclui afirmando que “ Estamos a criar um estilo de ser Igreja”.
E como previa, falta espaço, e assim farei a devida referência à entrevista do Cardeal Tolentino em próxima crónica, deixando aos leitores interessados apenas duas valiosas transcrições do nosso Cardeal: “de resto, podendo escolher, prefiro o silêncio … Rezo muitas vezes um verso de PESSOA , que repito até se confundir com a minha respiração: ENSINA-ME a PASSAR”.
PDL, Janeiro de 2024
Eduardo de Medeiros