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Empresários estão “a financiar actividades do sector público”, diz Câmara do Comércio a propósito dos atrasos de pagamentos

A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, reunida em Santa Maria, considerou que o actual momento político aliado à situação económica, “ainda caracterizada por elevadas taxas de juros, inflação relevante e um aumento dos preços das matérias-primas, consubstancia um contexto de elevado grau de incerteza” nos Açores.
Referiu, a propósito, que foram identificados “diversos constrangimentos com impacto directo na actividade económica da Região”, que apesar (…) das “diversas exposições às entidades responsáveis, continuam sem desenvolvimento satisfatório, o que é desde já motivo de grande preocupação”.
Neste contexto, manifestou “preocupação” em relação “aos pagamentos em atraso em todos os sectores de actividade” da Região que “têm relação directa com o Estado e que através dos seus negócios e no contexto actual financiam a manutenção e o desenvolvimento das actividades do sector público”.
O sector empresarial privado na Região, segundo a Câmara do Comércio e Indústria, “cumpre com as suas obrigações pelo que o mínimo que se pode exigir é que o sector público cumpra com as suas de igual forma, não podendo ser os empresários a suportar, indevidamente, as ineficiências existentes ao nível da gestão de tesouraria e de financiamento do sector público”.

Pagamento em atraso
das linhas Covid-19

Já durante o mês de Janeiro deste ano, a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada alertou para a existência de “reclamações de atrasos nos apoios aprovados no âmbito do PME I e II, suportados pelo Orçamento da Região”.
No entanto, o organismo “ainda continua a receber manifestações de desagrado e de preocupação dos associados, em particular sobre os atrasos significativos que se estão a verificar no pagamento dos apoios previstos e aprovados nas duas versões do referido programa”.
Neste contexto, completa a Câmara do Comércio e Indústria, “torna-se imperativo a resolução imediata desta questão por parte das autoridades responsáveis”.

Pagamentos em atraso
no sector da Saúde

A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada realça, por outro lado, que tem acompanhado a evolução dos “atrasos nos pagamentos a fornecedores no sector da Saúde” tendo, em 2023, havido um conjunto de acordos de pagamento que, “infelizmente, no final do ano transacto, não foram cumpridos na sua totalidade”.
O financiamento do sector da Saúde é um assunto sobre a qual o organismo diz que “já mostrou grande preocupação em particular pelo facto de não poderem ser os empresários a garantir o funcionamento de um determinado sector público”.
A direcção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada volta, em sequência, “a relevar a importância da resolução urgente destes pagamentos que continuam em atraso”.

Pedido reforço do
programa SOLENERGE

A Câmara do Comércio e Indústria constatou que a gestão dos pagamentos no âmbito do programa de apoio SOLENERGE “tem decorrido de forma relativamente célere, no entanto o mesmo não tem acontecido no programa PROENERGIA, que em complemento com o SOLENERGE permite uma optimização e aumento de eficácia dos investimentos efectuados, em particular na instalação de sistema fotovoltaicos”.
Assim, considera a Direcção da Câmara do Comércio e Indústria que “devem ser envidados todos os esforços no âmbito da gestão do programa PROENERGIA para que possa acompanhar a boa resposta que tem sido dada no SOLENERGE em termos de aprovação e de pagamentos”.
Ainda sobre o programa SOLENERGE o organismo constata que o montante de apoios disponível “está a ser rapidamente utilizado, pelo que, estando demonstrado o sucesso do programa, justifica-se que este seja reforçado”.

Fecho da base da Ryanair está a provocar um aumento da sazonalidade do turismo com quebra da procura

A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada reafirmou que a alteração ocorrida nas acessibilidades aéreas neste Inverno IATA 2023/24, em particular, com o fecho da base em Ponta Delgada por parte da Ryanair “e a consequente redução de voos, que agora são efectuados por aeronaves posicionadas noutras bases do operador aéreo, está já a manifestar-se como preocupante em termos de redução da procura turística”.
O resultado prático, salienta o organismo, “tem sido a diminuição significativa da procura, aferida pela evolução das reservas, aliada a uma degradação do preço da oferta turística existente, o que se traduz numa destruição de valor no processo de diferenciação do destino Açores, que tem sido sustentada pela qualificação e inovação levada a cabo pelas empresas e empresários. A sazonalidade irá acentuar-se neste contexto”.
“Ao contrário de outros destinos concorrentes que continuam na senda do desenvolvimento sustentável, os Açores dão agora sinais de retrocesso, estando já o sector empresarial a senti-lo”, sublinha a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.
Realça, em sequência, que “não é possível impor um ritmo de crescimento sustentável sem que exista um esforço e investimento inequívoco na manutenção e até mesmo no crescimento das acessibilidades áreas, não só em termos de capacidade, mas também em termos de diversidade de operadores aéreos, em particular apostando nos que têm uma capacidade de promoção e captação de fluxos inigualável pelos operadores portugueses”.
“Sem investimento na promoção a procura pelo destino Açores irá decrescer!”, conclui.
Entretanto, a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada congratulou-se com “algumas evoluções positivas” relacionadas com a ilha de Santa Maria.
Aponta como uma destas evoluções “o reforço dos voos da SATA para a ilha de Santa Maria, uma reivindicação de longa data, sendo agora evidente o resultado muito positivo para a economia da ilha.”
Durante a estadia na ilha de Gonçalo Velho, a Direcção da Câmara do Comércio procedeu à entrega dos prémios do concurso de montras 2023 na delegação desta Câmara na ilha de Santa Maria, “reconhecendo e valorizando a dedicação e o empenho dos empresários na melhoria dos serviços prestados ao comércio” local.
A Direcção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada discutiu o problema do encerramento nocturno do aeroporto de Santa Maria, o que” implica a perda de potencial de exportação de serviços”.
Por esta razão, e neste âmbito, o organismo “vai encetar os contactos necessários para que a referida infra-estrutura esteja disponível durante a noite acolhendo paragens técnicas de tráfego internacional que sobrevoe a Região de informação de voo de Santa Maria”.

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