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No ateliê Troca Trapos a Associação Alternativa promove a troca e reutilização de roupa e ocupa os seus utentes na criação de artigos artesanais

No ateliê Troca Trapos, da Alternativa – Associação Contra as Dependências, é possível fazer troca de roupa, peça por peça, de artigos equiparados, e por um valor simbólico (de um euro por peça) que reverte depois a favor da Associação. Situa-se na Rua Coronel Chaves n.º46, em Ponta Delgada
Os artigos doados à instituição de solidariedade social passam por uma triagem, sendo que os que estão em boas condições são colocados para troca na loja, enquanto os restantes são utilizados pelos utentes na criação de artigos artesanais, como bonecos de trapos, artigos decorativos ou utilitários.
Como explica Patrícia Maciel, responsável pelo Troca Trapos e monitora da Alternativa, à reportagem do Correio dos Açores: “As roupas que são doadas à Associação vendemos cá na loja a um preço simbólico. Fazemos uma triagem, uma selecção das roupas que estão em condições para por à venda. O preço é de um euro por cada peça, por troca, por outra peça equiparada.”
A Alternativa é uma associação especializada na reabilitação e reinserção de pessoas com comportamentos toxicodependentes. Os seus dois objectivos-chave passam por auxiliar as pessoas a abandonar o consumo problemático de substâncias psicoactivas e favorecer a sua (re)inserção. Tem a sua sede na Rua Coronel Chaves, n.º 42, mesmo à direita do ateliê Troca Trapos.
Já no caso de quem não tem roupa para realizar a troca, é possível apenas comprar: “Há pessoas que não têm ou não conhecem o conceito da loja e que não trazem roupa para troca. Os clientes habituais já sabem disso. Têm roupa em casa que já não usam ou já não gostam e vêm cá trocar por outra peça equiparada. Quem não tem roupa para troca, pode levar peças por um euro e de acordo com as peças que leva, dá uma quantia simbólica de donativo para a associação.”
Entre os seus artigos conta-se maioritariamente roupa feminina, malas, alguma roupa de homem, calçado, acessórios, bijuteria, mas também roupa de bebé e brinquedos. “A maior parte da roupa disponível é feminina. Temos alguma roupa de homem e muita roupa de criança, desde recém-nascido até aos 12 anos e até para adolescente,” refere a monitora, que também é artesã.
No caso da roupa de bebé, de criança e dos brinquedos, estes não são vendidos, mas doados às famílias carenciadas que vão pedir apoio ao Troca Trapos. Por vezes, surge também a necessidade de doar roupa de mulher. “Vêm cá várias famílias, inclusive as dos utentes, dos jovens, que fazem parte do programa da Associação. Temos muitas famílias carenciadas hoje em dia que vêm cá,” lamenta a responsável, que observa cada vez mais pessoas a optar pelos artigos em segunda mão, a preços mais acessíveis do que comprar roupa nova.

Jovens que lutam contra adições
ocupam o dia em oficinas
dinamizadas pela Alternativa

Com as roupas doadas que não estão em condições de utilização, um grupo de utentes da Associação cria os mais diversos artigos artesanais, como bonecos de trapo, objectos utilitários ou decorativos. Estes artigos são depois vendidos na loja do Troca Trapos, em feiras e mercadinhos.
“São artigos feitos pelos utentes com a minha monitorização. Sou artesã e monitora aqui na Associação e faço estes trabalhos com eles, que levamos às feiras e aos mercadinhos. Nos bonecos de trapos, como são para crianças, temos o cuidado de seleccionar os tecidos de algodão,” conta Patrícia Maciel.
“Neste último mercadinho de Natal as vendas correram lindamente bem. Todos os dias levava um jovem comigo, para eles também lidarem com os clientes e ouvirem o feedback aos seus trabalhos. É muito importante eles irem comigo para as feiras. Sabem explicar como é que é feito, o que tem dentro. É muito importante atenderem os clientes, também. É uma mais-valia para eles,” lembra a monitora, sobre a participação no Mercadinho de Natal em Ponta Delgada, do ano passado.
A Associação apoia neste momento maioritariamente jovens entre os 17 e os 35 anos, que estão em processo de recuperação. Patrícia Maciel realça a importância de realizar este tipo de actividades: “É muito importante. Para já, estão distraídos. Estão aqui em tratamento e é uma maneira de estarem ocupados. São maioritariamente homens. Eles gostam. Fazem o molde no tecido, dos bonecos de trapos, cortam, também. A parte da máquina de costura sou eu. Já o encher os bonecos, o cozer e os acabamentos são eles que fazem. Passam aqui os dias a fazer actividades. Também fazem as limpezas, cozinha, trabalham na horta.”
O grupo, que passa o dia na Associação, ajuda também na organização da loja solidária. “Durante o dia estão comigo aqui no ateliê, ou vão para a horta. Divido-os por actividades. Quando selecciono as roupas, eles também estão comigo, e dobram a roupa, arrumam, para estar tudo em condições. De momento, estão quatro jovens neste no programa. Depois temos outros que estão em ambulatório, ou seja, que trabalham e vêm cá às reuniões com a psicóloga,” explica ainda.
A Associação tem também a valência de oficina de carpintaria, onde são recuperados móveis e cadeiras, as quais estão também disponíveis para venda. Em fase experimental, estava também uma oficina de reciclagem de plástico, agora parada, onde foi criada bijuteria, taças e outros artigos.
A Alternativa está neste momento aberta a doações de roupa, brinquedos e móveis para serem reutilizados ou recuperados.

Mariana Rovoredo

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