Fez uma entrada triunfal no lugar onde se realizava o comício, no meio de aplausos entusiásticos e de uma onda de bandeiras, onde havia muitas azuis e brancas, dos Açores, predominando, porém, as do PSD, mas também com outras do CDS e do PPM, partidos integrantes da presente Coligação de Governo, que concorre às eleições do começo de Fevereiro.
Foi agradecendo as saudações, para um lado e para o outro, correspondendo com um rasgado sorriso, com os braços erguidos ao alto, em atitude já de vencedor.
Subiu ao estrado, onde o aguardava um grupo de jovens com bandeiras, testemunhando a adesão da juventude ao caminho trilhado nos últimos anos nas nossas ilhas e reclamando, sem nada dizerem, a continuação das reformas necessárias para o progresso da Região Autónoma dos Açores.
Quando começou a falar, caiu em todo enorme espaço, onde se acotovelavam milhares de pessoas, de todos os extractos sociais e oriundas de toda a nossa Ilha de São Miguel, algumas também vindas de outros pontos do Arquipélago, nomeadamente os cabeças de lista da Coligação nas várias ilhas, um profundo silêncio, só interrompido pelos aplausos e vivas e os gritos de “Bolieiro! Bolieiro!”.
Foi-se então desdobrando perante a audiência um verdadeiro discurso de líder! José Manuel Bolieiro confrontou-nos a todos com as medidas aplicadas pelo Governo a que preside ao longo do mandato, agora abruptamente interrompido, e por cada uma delas assumiu, corajosamente, integral responsabilidade.
A mais destacada dessas medidas foi a baixa generalizada dos impostos directos, sobre os contribuintes individuais (IRS) e sobre as empresas (IRC) até ao máximo permitido pela Lei de Finanças Regionais em vigor, e apresentado como compromisso do PSD logo no respectivo Programa Eleitoral de Governo. Com isso, afirmou o Presidente, foi deixado na disponibilidade da sociedade civil, ao longo do período em causa, um montante estimável em 140 milhões de euros! Quanto ao IVA, o mais importante dos impostos indirectos, a redução, de valor equivalente, vem da altura em que o mesmo entrou em vigor e foi acertada entre os Governos, da República e da Região, ao tempo em funções, por sinal ambos da responsabilidade política do PSD.
Foi também o Governo Regional liderado por José Manuel Bolieiro a criar a Tarifa Açores, que permitiu aos Açorianos e às Açorianas viajar entre as ilhas com uma tarifa bonificada no valor de 60 euros. Com isso foi dado um impulso decisivo ao turismo interno, por sinal numa altura em que o turismo proveniente do exterior, quer do espaço nacional quer do estrangeiro, acusava uma acentuada baixa por virtude ainda do rescaldo da grave crise pandémica mundial. O significado dessa importante medida para o conhecimento do Arquipélago por parte dos seus próprios naturais nem precisa ser sublinhado, tão evidente ele é!
Mas a acção do Governo de Bolieiro estendeu-se às mais variadas áreas da Administração Pública, em todas elas deixando uma marca indelével. Desde logo no sector dos transportes aéreos, foi enfrentada a gravíssima situação da SATA e adoptadas as providências que se impunham, resgatando a empresa da falência em que fora praticamente deixada pela governação anterior. O professorado, bem como os profissionais de Saúde, tiveram melhorias apreciáveis na sua situação, em termos remuneratórios e de estabilidade pessoal, o que fez com que a escola pública e o Serviço Regional de Saúde se mantivessem a funcionar normalmente nas nossas Ilhas, enquanto no território continental da República, sob governação socialista, andaram de crise em crise e com constantes paralizações, altamente lesivas dos interesses dos alunos e dos doentes e das suas famílias.
Não é possível evocar sequer aqui todas as diferentes áreas e medidas mencionadas por José Manuel Bolieiro no seu impressivo discurso de liderança. Quando mencionou as medidas do âmbito social e sobre habitação, que tanto afectam a situação dos jovens como dos idosos e das respectivas famílias, olhei para o Vice-Presidente do Governo e líder do CDS, Artur Lima, sentado na mesma mesa em que me encontrava, e apreciei o comovido brilho dos seus olhos, como responsável directo das áreas em causa no Governo agora injustamente derrubado.
O Presidente não gastou muitos argumentos contra os adversários, tão obviamente machucados perante a obra realizada pelo Governo. Mas, espevitando a memória dos presentes quanto aos desenfreados exageros de protagonismo dos partidos políticos com escassa representatividade eleitoral e ainda assim com representação no Parlamento Regional, não hesitou em pedir uma maioria robusta para a Coligação de Governo que lidera, de modo a tornar possível uma governação estável e com capacidade para realizar o seu programa, sem ter de atender a exigências descabeladas de minorias, que qualificou de “politiquices”. Assim seja ouvido por todos, que os Açores necessitam de andar para a frente, em clima de liberdade e de afirmação autonómica, correspondente ao espírito da Revolução do 25 de Abril.
João Bosco Mota Amaral
(Por convicção pessoal, o Autor
não respeita o assim chamado
Acordo Ortográfico.)