No final do ano, a imprensa regional elegeu D. Armando Esteves Domingues como uma das figuras de 2023, falando em “desassossego” e “revolução tranquila”. Na Terceira e em São Miguel, a escolha é justificada pelo estilo que D. Armando revela na condução da Diocese, mas também pelos “sinais” que foi deixando com as mudanças efectuadas.“Para reacender a chama da fé é preciso mexer as peças e ele trouxe essa mexida, agitando internamente a Diocese e colocando a Igreja ao serviço do povo” afirmou em declaração ao Igreja Açores José Lourenço, Director do Diário Insular. O responsável pelo único jornal que se publica na ilha Terceira salientou, por outro lado, a atenção dada pelo Bispo de Angra à realidade concreta dos Açores e aos sinais que a sociedade vai dando, elegendo as questões “da pobreza e da profunda desigualdade existente cujo fosso é cada vez maior e o desenvolvimento regional não consegue mitigar”.
“É um homem do dia-a-dia, que reage no quotidiano, mesmo quando o ambiente político regional parece distraído, ele está atento. Veja-se a situação da comunicação social, com o recente caso da Global Media… D. Armando falou à luz do dia”, acrescentou José Lourenço.
Rui Paiva, recentemente nomeado director do jornal Açoriano oriental, destaca o trabalho de grande de aproximação à população para além daqueles que já estão dentro da Igreja”.
“A Igreja, muitas vezes, pecou por não saber abrir-se e os sinais que este Bispo dá é de criar uma verdadeira comunidade regional, o que não é fácil, fazendo uma revolução tranquila aproximando a Igreja das pessoas”. O jornalista, que subiu a montanha do Pico com o Bispo de Angra, deixa ainda uma confissão: “quando me perguntaram se eu queria acompanhar a subida eu disse que sim porque achava que, com o Bispo e com a sua idade, poderia ser tranquilo, mas afinal foi ele que me motivou e apoiou. Lembro-me no caminho, os conselhos que ele me deu de como subir a montanha, os truques de respiração e de colocação dos pés, uma metáfora de um estilo que deve ser próprio da Igreja de ajudar a superar as dificuldades da população, da sociedade numa região como a nossa com tantos problemas sociais que não tido amparo”.
“D. Armando tem conseguido posicionar a Igreja como essa rede de amparo, e procurando envolver todos, por isso considero que foi o protagonista de uma revolução tranquila”.
Também Osvaldo Cabral afirma que a escolha de D. Armando como figura do ano “foi fácil”.
“Estávamos habituados a um certo fulgor no início, mas depois a uma Igreja conformada, com vícios até. D. Armando percebeu isso e começou por dar sinais de querer renovar uma Igreja envelhecida de pessoas e métodos” afirma o Director executivo do jornal Diário dos Açores sublinhando o “movimento nas paróquias”, a “mexida nas estruturas” e a “reorganização interna” como um “bom sinal”. Por outro lado, destaca a mobilização dos jovens e a subida à montanha do Pico como dois “símbolos” da “força” do seu episcopado, marcado “por uma caminhada mais fresca”.
“Que a chama não morra e que D. Armando conduza estas ilhas por esta caminhada reformadora até à comemoração dos 500 anos da Diocese, em 2034”.
Natalino Viveiros, director do Correio dos Açores fala deste primeiro ano de episcopado como tendo sido um ano que trouxe “um novo élan” à Igreja, com as “mexidas na estrutura” e isso “faz com que as pessoas sintam que se têm de agarrar ao trabalho”.
“A sua simplicidade, o trato fácil, são sinais de que o segundo ano ainda será de maior renovação e sobretudo de aproximação da Igreja às pessoas e das pessoas à Igreja, pois o fosso ainda é grande”. Revela ser um homem de fé, virado para as questões humanas ciente de que a Igreja deve ter uma palavra fundamental e pugna pela defesa da família e da vivência comunitária que a partir dela temos, assentando nos pilares da vida cristã”, diz ainda o director do Correio dos Açores. (…)
“O que dizer de alguém que tem de tomar conta de uma diocese dispersa e cujamissão primeira é a de agregar as nove ilhas” interpela Rui Caria, correspondente da SIC, que desceu a Montanha do Pico, “puxado” pelo Bispo de Angra.
“Há algum magnetismo nesta pessoa. Achei curiosa a vontade de ir ao topo de Portugal para celebrar uma missa. Aí percebi que tinha uma força rara, mas foi na descida da montanha que percebi o resto: desci o Pico, já sem alma, exaurido com 12 quilos às costas e ele segurou a minha alma e trouxe-me ao longo de centenas de metros, acompanhou o meu cansaço e desgraça e deu-me da sua água”, confessa o jornalista.
IA