Fustigados pelo Hipólito, lá estamos nós a entrar neste ano 2024 com as tempestades próprias do inverno açoriano e, ainda em época natalícia, já que os festejos apenas terminam com o cantar às estrelas, é tempo de voltarmos às nossas rotinas, aos desafios do quotidiano e a resguardarmo-nos da gripe A que nos assola de forma intempestiva.
No horizonte próximo, estamos a menos de um mês das eleições legislativas regionais, que por vontade da Oposição foram antecipadas, em resultado do chumbo do Orçamento da Região para 2024.Por isso, o ano ainda é criança, mas está carregado de incertezas, mormente no que diz respeito à vida dos açorianos no futuro próximo, já que teremos 3 atos eleitorais de grande relevância para a vida de todos nós.
Apesar de se falar em sondagens, que estão no segredo dos deuses, parece haver alguma confiança naquilo que serão os verdadeiros resultados eleitorais. Contudo, ninguém consegue prever quais serão os resultados efetivos dessas eleições, porquanto irão em muito depender do que forem as mensagens políticas mais realistas dos Partidos concorrentes.
Os debates entre os cabeça de lista por cada um dos círculos eleitorais já começaram e parece que a balbúrdia está na ordem do dia e é grande a confusão instalada nas entrevistas, onde a ordem do dia é o somatório dos problemas específicos de cada localidade, que mais se assemelham a uma reunião da Assembleia Municipal, dizendo pouco aos espetadores das restantes ilhas.
A Coligação que governou os Açores até agora tem a seu favor todo o rol de concretizações dos últimos 3 anos e que está a mostrar até à exaustão, como impulso ao desenvolvimento da Região, sobretudo enfatizando as áreas sociais com resultados visíveis, muitos deles inovadores no país, como por exemplo, o programa “Nascer +”, a isenção do pagamento de creches para todas as famílias ou os “Novos idosos”, etc.
Por outro lado, o Governo Regional em gestão tem tido a preocupação de apresentar a Educação, como bandeira da sua governação, apontando a dignificação da condição da carreira de professores e dos assistentes técnicos e operacionais, bem como os investimentos nos equipamentos e nas próprias infraestruturas, através da concretização de obras há muito aguardadas e sucessivamente adiadas.
Neste período pré-eleitoral aquelas medidas que o governo tinha previsto para este ano, mormente a intenção de regularização de carreiras de mais meio milhar de profissionais, que não chegou a ir por diante devido ao chumbo do orçamento e a criação de mais respostas aos utentes, também tem servido de comparação com aquilo que era antes de tomar posse.
Nesta pré-campanha não foi esquecida a baixa dos 30% no IRS; IVA e IRC, mostrando como os Açores são a região do país com os mais baixos impostos pagos pelos açorianos, para já não falar a criação da Tarifa Açores, que veio garantir viagens interilhas para residentes até ao montante de 60€.
Com a chamada às urnas cá e no todo português, também se faz a ponte com as eleições para a Assembleia da República, pois está a ser refrescada a memória dos açorianos quanto à ação do novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, dado que enquanto ministro, meteu na gaveta o processo de revisão das Obrigações de Serviço Público de transporte aéreo entre o Continente e as ilhas do Faial, Pico e Santa Maria, fazendo com que a SATA Internacional continue a prestar aquele serviço sem receber qualquer compensação financeira do Governo da República.
Por outro lado, o novo secretário-geral do PS nacional é apontado como responsável por ter relegado o processo do novo cabo submarino de telecomunicações entre os Açores e o Continente, cuja implementação já se devia ter iniciado há muito tempo.
A nível nacional, o eleitorado está atento aos momentos preocupantes vividos na saúde, pois quem fica doente tem de passar horas numa urgência hospitalar, por vezes a muitos quilómetros de casa, a aguardar para ser observado ou as grávidas que ficam sem saber onde e como irão nascer os seus filhos.
A situação não é famosa também no ensino, onde milhares de crianças e jovens deparam-se com a falta de professores ou a gritante falta de habitação, onde o cidadão comum subaluga a sua casa vivendo num espaço mais exíguo, para assim poder ter folga orçamental para honrar os seus compromissos. Felizmente que nos últimos anos, o funcionamento dos serviços públicos nos Açores contrasta com o caos que se vive no Continente em setores como a Saúde e a Educação. Nestas eleições, o eleitorado é chamado a ajuizar quem melhor defende os seus interesses, que todos exerçam o seu direito de voto e não fiquem em casa a fazer depender dos outros quem nos governará.
António Pedro Costa