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André Viveiros sugere que a Casa do Povo das Capelas se transforme em Santa Casa da Misericórdia das Capelas

A apresentação do livro “O Gosto de Servir – 50 Anos da Casa do Povo das Capelas”, da autoria de Carlos Sousa, foi o mote para André Viveiros defender que a Casa do Povo das Capelas “venha a ser no futuro a Santa Casa da Misericórdia da vila das Capelas.” André Viveiros considerou “justas” a “aspiração da Direcção da Casa do Povo de ter um novo Centro de Actividades de Tempos Livres, com mais, maiores e melhores respostas” e a “aspiração a ter um Centro de Dia para Idosos, onde o convívio e a partilha, não se esgota numa manhã ou numa tarde, mas que se ancora em dias seguidos, longos, plenos e cheios de vida e vidas…”

André Viveiros apresentou o livro “O Gosto de Servir – 50 Anos da Casa do Povo das Capelas”, da autoria de Carlos Sousa, Presidente da Casa do Povo e “uma pessoa que coloca em tudo o que faz: honestidade, dedicação e muito trabalho!”
Desde logo, é o fundador, director, mestre e maestro, letrista e pesquisador do Grupo de Cantares Belaurora que, “por essas ilhas fora, continente português, países da Europa e da América, divulga a nossa cultura popular, que nos dá pertença e identidade e que leva o nome das Capelas mais longe”.
Neste sentido, desejou André Viveiros, “espero que um dia o Belaurora “tenha na nossa terra uma daquelas homenagens que perpassam o tempo, porque quem reconhece e homenageia os seus, valoriza-se a si próprio!”
Carlos Sousa assumiu funções na Casa do Povo do Povo das Capelas, primeiro como Vice-presidente e depois como Presidente, há 24 anos. “Ou seja”, afirma André Viveiros, “o Carlos, juntamente com muitos outros, a que o livro muito justamente faz referência, decidiram trabalhar de graça para todos nós, para termos crianças a dormirem sonos de crescimento, jovens rindo de felicidade, adultos a acreditarem no futuro e idosos queridos e acarinhados”.
André Viveiros dividiu o livro “em duas grandes partes: uma que está escrita ou em texto, e outra que está em fotografia ou imagem, ambas, transmitindo mensagens e informação para públicos iguais e diferentes, mas ambas dando nota do ‘Gosto de Servir’ da Casa do Povo das Capelas, particularmente nos últimos 24 anos”.
O livro apresenta notas do passado da Casa do Povo, “e que hoje são história, e nele também já estão escritos muitos apontamentos do presente, que serão história no futuro”.
A Casa do Povo das Capelas foi fundada em 1970, “o que é certo, pois é precisamente nesse ano que o Capelense Sport Clube, deixa de ser designado de Centro Recreio Popular de Capelas, como o era desde 1965, e inscreve-se na Fundação Nacional para a Alegria do Trabalho (FNAT), exactamente como Clube de Futebol da Casa do Povo das Capelas”.

Casas do Povo como “balcões
para pagar pensões…”

André Viveiros realçou, na sua apresentação, que as Casas do Povo “ganharam reforço institucional, quando no passado o Ministério das Cooperações e Previdência Social, começa a ver nelas balcões ou terminais administrativos para pagamento de pensões de velhice ou invalidez, ou para disseminar o pagamento de abonos de família, receber contribuições de trabalhadores rurais, ou ainda começar a assumir incumbências e complementaridades na assistência social e no apoio a serviços de saúde”.
“Reforço institucional que é traduzido no caso da Casa do Povo das Capelas”, prosseguiu, “na atribuição do seu Alvará, em fevereiro de 1973, e que lhe permitirá alargar os seus serviços à população, muito para além da sua génese funcional, que remonta legalmente a 1933-34, quando se pretendia abrangesse o desportivo e o cultural, numa perspectiva corporativista, paroquial e rural, conforme era intenção do Antigo Regime, o que prevaleceu em Portugal antes do 25 de Abril de 1974”.
“Com a chegada do regime democrático”, referiu, “uma das preocupações do Estado foi a implementação de um novo Poder Local, que ao nível das nossas freguesias, serão as nossas Juntas e Assembleias de Freguesia, como organismos, eleitos por voto directo, secreto e universal, e de maior proximidade para resolver os problemas das comunidades, não deixando, todavia, o Estado, de abdicar dos serviços das Casas do Povo, para ensaiar ou implementar redes de políticas de Segurança Social ou de apoio a serviços de saúde familiar”.
“Mas, apesar disso, dessa indispensável utilidade, a verdade é que as Casas do Povo, vão ficar muito tempo mergulhadas numa quase vergonha administrativa, vagueando no vazio funcional, e deixadas largos anos sem definição jurídica”, afirmou André Viveiros.
A sua reabilitação no plano institucional acontece, quando em 1982 ou depois em 1984, “passam, primeiro, a Instituições de Interesse Público, e depois, são consagradas como Instituições Particulares de Solidariedade Social, em quem o Estado vai começando a confiar, e em particular os ministérios da Solidariedade Social e do Trabalho, ou os seus correspondentes competências nas secretarias regionais e institutos do Governo Regional, que, também vão ver nas Casas do Povo parceiros de excelência para, primeiro, ajudarem a construir salões paroquiais ou edifícios polivalentes de serviços comunitários, para instalarem diversos serviços públicos de proximidade, como este onde agora estamos, inaugurado em 1989”.

Agentes activos da promoção
de políticas sociais

“E depois, e reganhada a confiança institucional, aumentados os associados e regenerados em muitos casos os seus órgãos directivos”, afirmou André Viveiros, as Casas o Povo “gradualmente, passarem a ser agentes activos da promoção de políticas públicas de solidariedade e acção social, e aliados de primeira linha de causas e programas da maior utilidade para as populações, particularmente nas nossas freguesias rurais”.
As Casas do Povo “assumem assim, definitivamente, o desiderato, a missão de estarem ao serviço do outro, dos outros, de todos nós! Instituições Particulares de Solidariedade Social de plenos Deveres e de Direitos”.
Casas do Povo, que “ainda hoje, e na sua generalidade”, realçou o orador, “estão sempre dispostas a alargar a sua acção em prol do bem-estar das populações, teimando em abranger outras competências e áreas de intervenção, resistindo, por vezes, a situações de incompreensão e mesmo de ingratidão, ou a salários desfasados de serviços equivalentes ou iguais prestados directamente pelo mesmo Estado, que se quer de Direito”.
“E, por isso mesmo”, prosseguiu, o Estado “deve corrigir o mais rapidamente possível essas injustiças, porque os que trabalham ou colaboram nas múltiplas valências das Casas do Povo, não estão em situação de privilégio, mas sim de dedicação e profissionalismo, e onde o gosto de servir, não pode omitir as suas justas pretensões de valorização pessoal e profissional”.
E “se dúvidas houver ou existirem, da dedicação e empenho dos colaboradores da nossa Casa do Povo, então passemos à segunda parte do livro, às fotografias e às imagens, e o que vemos nelas: o que todos os dias, todos nós, podemos testemunhar.”

De Casa de Povo a Santa
Casa da Misericórdia

“Vemos crianças da mais tenra idade, bebés, ‘nicas de gente’ com Serviços de Creche, que em prestações de carinho e de ternura, crescem debaixo dos maiores cuidados, em segurança e com saúde, libertando os pais para irem para os seus empregos”.
“Vemos o apoio a múltiplas actividades de tempos livres, de crianças adolescentes e jovens, que permitem a sua socialização num primado de alegria, de valores e respeito pelos demais, bem como no apoio complementar às suas actividades escolares, ajudando assim a escolhas de futuros risonhos”.
“Vemos um Centro de Convívio de Idosos, onde o chá e os biscoitos reforçam a partilha de memórias, temperem descansos de vidas inteiras de trabalho e demandam de nós o maior respeito e gratidão, por aquilo que construíram e nos legaram: Tem de haver sempre um Muito Obrigado aos nossos idosos!”
“Vemos serviços de apoio especializado e de conhecimentos das Ciências Sociais para fortalecimento psicossocial dos mais velhos, ou a ajuda desses serviços a promover a Inserção Social de pessoas e famílias em situação de precariedade laboral, de baixos ou fracos rendimentos, para termos uma sociedade mais justa, solidária e inclusa”.
“Ou então, vemos o Serviço de Apoio ao Domicílio, o serviço das fadas, que em manhãs frias vão às nossas casas, lavar, vestir, cuidar, amar, as nossos pais e avós onde a doença traz a dor, a idade rouba o tempo, a natureza clama pelo que é seu, mas onde temos a obrigação e o dever de dar dimensão humana até ao limite das nossas forças”.
“Bem como, na melhor tradição das Misericórdias para com os desvalidos, a Casa do Povo ainda tem tempo e forças, para colocar em muitas mesas refeições quentes que aconchegam estômagos e dão esperança de viver, àqueles que para estes apoios não precisam de ter bilhete de identidade, porque uma refeição não se nega a ninguém, muito menos numa sociedade de desperdício como a que vivemos”.
Afirmou André Viveiros: “a nossa Casa do Povo ainda garante uma panóplia de equipamentos e de serviços para ajudar os que temporariamente, ou não, têm problemas de mobilidade e de autonomia, bem como dispõe de uma biblioteca, onde livros velhos e novos aguardam consultas de conhecimentos ou meros saberes de curiosidade, porque quem lê um livro, é muito mais do que gente, é pessoa!”
As fotografias inclusas no livro “mostram bem esta capacidade de cuidar, esta disponibilidade para valer os mais desprotegidos ou mesmo para fazer o mundo pular e avançar para crianças e jovens, desiderato que fundamenta a justa aspiração da Direcção da Casa do Povo de ter um novo Centro de Actividades de Tempos Livres, com mais, maiores e melhores respostas”.
“Ou”, prosseguiu, “a justa aspiração a ter um Centro de Dia para Idosos, onde o convívio e a partilha, não se esgota numa manhã ou numa tarde, mas que se ancora em dias seguidos, longos, plenos e cheios de vida e vidas e onde no fim do dia a solidão terá de ser sempre a grande vencida”.
“Tudo isso é o almejado, e, estou certo, será conseguido? O caminho percorrido até agora foi longo, o caminho a percorrer também já o sabemos, será difícil, mas a vantagem que temos, é que já sabemos como o fazer: com trabalho, dedicação e juntando resistência e resiliência… mas, e se para tal, for preciso, então que se mude os Estatutos, que se procure novos e diferentes apoios, que se transforme os sócios em irmãos, e que a Casa do Povo das Capelas venha a ser no futuro a Santa Casa da Misericórdia da Vila das Capelas, pois neste momento já tem dimensão funcional e institucional para isso… claro, que isso é apenas um desejo, um repto, porque o tempo, em devido tempo, dar-nos- à a melhor resposta?!”
André Viveiros acaba por deixar, na sua intervenção, um “agradecimento a todos aqueles que no passado e no presente abraçaram ou abraçam causas tão nobres com aquelas a que a Casa Povo das Capelas dá prossecução, ampara, e serve com muito gosto”.
J.P.

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