Uma mulher de 28 anos começou a ser julgada ontem no Tribunal de Ponta Delgada por um Colectivo de Juízes. A arguida é acusada de diversos crimes que incluem furto, detenção de arma proibida, ofensa à integridade física, ameaça, invasão de propriedade privada, entre outros. Os factos de que é acusada ocorreram no período de Junho de 2020 a Abril de 2023.
São várias as acusações que pendem sobre a arguida, consumidora de drogas à data das ocorrências. Segundo refere a acusação, um dos episódios diz respeito ao dia 30 de Agosto de 2022, pelas 22h30, na zona das Laranjeiras, onde a mulher se encontrava para alegadamente se prostituir. O queixoso alegou que a mulher entrou no seu carro sem autorização e, fazendo uso de uma navalha, ter-lhe-á subtraído algum dinheiro.
Terá roubado 1.500 euros a taxista
Já a 26 de Dezembro do mesmo ano, pelas 15h30, na Ribeira Grande, a arguida terá entrado num táxi e pedido ao motorista que a levasse ao Parque Atlântico. Chegada ao destino, terá pedido ao condutor que fosse buscar a sua mala ao porta-bagagens, ao que ele terá recusado, num primeiro momento, mas acedido após insistência da arguida. O homem terá ido abrir a bagageira e a arguida terá ficado no interior do veículo a apanhar alguns pertences que estariam espalhados no chão do automóvel. Ao regressar ao carro, o homem terá dado por falta da carteira que, alegadamente, continha 1.500 euros e 350 dólares americanos.
Furto de telemóvel e capacete
Outro episódio relatado pelo Ministério Público remonta a 3 de Fevereiro de 2023, pela 01h00 da madrugada, quando a arguida terá pedido boleia a um conhecido, na mota que ele conduzia. O homem tê-la-á levado das Laranjeiras a Água de Pau e, posteriormente, a São Roque. De seguida, a mulher ter-lhe-á pedido o telemóvel emprestado para telefonar a alguém, indo falar para longe, levando o telemóvel e o capacete que pertenciam ao condutor da mota. A vítima tê-la-á encontrado com os seus pertences, mais tarde, no interior de outro veículo.
Alegado roubo com agressão
Alguns dias depois, a 7 de Fevereiro de 2023, pelas 22h30, no posto de abastecimento da Respsol junto ao Parque Atlântico, a arguida ter-se-á dirigido, a chorar, a uma senhora e, alegando ter sido vítima de roubo, terá pedido à mulher que lhe desse boleia para os Arrifes. Ao deixar a arguida no local, a vítima terá dado conta de que a sua carteira, que continha 130 euros, tinha desaparecido.
A queixosa terá abordado a arguida, já no exterior do carro, que terá negado qualquer contacto com a carteira, apontando de seguida para o objecto caído no chão. A arguida terá pedido boleia novamente, alegando que a sua casa se situava uns metros mais acima. Entretanto, apercebendo-se de que a sua carteira já não continha o dinheiro, a vítima terá confrontado a arguida que, ao ver-se encurralada, terá tirado um rolo de papel alumínio da sua mala, desferindo várias pancadas na vítima, provocando-lhe lesões na cabeça. De acordo com o Ministério Público, a arguida terá dado vários pontapés no tabliê da viatura e arremessado uma caixa com arroz na direcção da queixosa. Já fora do carro, é descrito que a acusada ter-se-á ainda aproximado da viatura e apoderado do telemóvel da vítima. Após a queixosa lhe ter dito que a Polícia conseguiria localizar o telefone, a arguida tê-lo-á atirado para dentro da janela do veículo e fugido para parte incerta. Confrontada com estes factos pelo Juiz Presidente do Colectivo, a arguida confessou uma parte do ocorrido, alegando que estava “desesperada para consumir.”
Na Praceta das Socas, a 23 de Janeiro do ano passado, pelas 13h10, a arguida terá pedido a um homem que lhe desse boleia até à Fajã de Baixo. Quando chegaram ao destino, terá pedido que o indivíduo fosse buscar o seu saco que estava no porta-bagagens, ao que ele terá acedido. Assim que regressou ao interior do carro, a vítima terá dado por falta da carteira que continha, alegadamente, 20 euros.
Terá levado homem para casa
e terá furtado objectos e 350 euros
Uns dias mais tarde, a 29 de Janeiro, pelas 07h30, a mulher de 28 anos terá convidado um indivíduo à sua casa, a quem terá servido uma chávena de café com uma substância soporífera. A vítima terá ficado inconsciente e a arguida ter-se-á aproveitado para lhe tirar o telemóvel, um cordão e um anel de ouro, um casaco, um par de luvas, uma coluna, uns óculos de sol e 350 euros. O homem terá recuperado os sentidos, sendo socorrido pelos serviços de assistência médica que o terão transportado para o hospital de Ponta Delgada. Perante estes factos, a arguida negou as alegações da acusação e explicou que o homem em questão é o seu ex-namorado que terá feito a queixa por vingança.
A 22 de Março de 2023, pelas 15h30, no parque de estacionamento de uma superfície comercial em São Gonçalo, a arguida ter-se-á dirigido, em lágrimas, a um homem, dizendo-lhe que tinha sido informada de que o seu filho estava doente e ter-lhe-á solicitado que lhe desse boleia até à creche do menino. No caminho, terá pedido que a vítima lhe desse 20 euros para ajudar com as despesas. A vítima terá começado a desconfiar da história e terá pedido à mulher que saísse do seu carro. Neste momento, a mulher, fazendo uso de uma faca, terá dito “ou me dás os 20 euros ou pico-te os estofos”, retirando de seguida a chave da ignição, ameaçando o queixoso, com a faca apontada, de que só devolvia a chave do carro se este lhe entregasse o dinheiro. Com receio à sua integridade física, o homem terá acedido ao pedido.
Estragos em consultório dentário
no valor de 20 mil euros
Já a 10 de Abril de 2023 pelas 20h30, a arguida é acusada de, em conjunto com alguém que não foi possível apurar, destruir o mecanismo de segurança de acesso a um consultório dentário na Rua da Boa Nova, subtraindo alguns bens e provocando estragos no valor de 20 mil euros. Na ocasião, a arguida terá deixado cair um documento onde constava o seu nome, mais concretamente um termo de identidade e residência. Sobre esta ocorrência, a mulher negou ter sequer entrado no consultório dentário, mas admitiu saber quem eramos autores deste crime.
Três dias depois, a 13 de Abril pelas 14h00, a acusada terá batido à porta de uma senhora de 76 anos e, assim que esta abriu, tê-la-á empurrado e, alegadamente, recorrendo ao uso de uma faca, terá exigido que lhe desse 100 euros. A vítima terá recusado mas, com receio pela sua vida, terá dito que apenas tinha 20 euros. No entanto, a arguida ter-se-á apropriado da sua carteira, ficando com os 140 euros que lá tinha.
Na audiência de ontem, foram descritos mais alguns incidentes que envolvem a mulher de 28 anos, num processo apenso.
Ameaça a idosos com navalha
Segundo avança a acusação, a 22 de Junho de 2020, pelas 20h30, a arguida terá saltado um muro, introduzindo-se no quintal da casa de um casal de idosos, de 88 e 89 anos. Aí, terá batido à porta e quando o senhor a abriu, a acusada terá fincado o pé e exigido que este lhe desse 20 euros. Após recusa da vítima, a arguida tê-la-á ameaçado com uma navalha.
Em data que não foi possível apurar, não anterior a 26 de Junho de 2020, a arguida terá entrado num prédio em São Roque, apropriando-se da cave do mesmo, para onde terá levado produtos alimentares e de higiene. Alegadamente, permaneceu neste local durante alguns dias sem autorização dos proprietários.
Furto de vários objectos
a mulher que a acolheu em casa
Em outra ocasião, a arguida é acusada de se apoderar de bens, de uma casa localizada na freguesia de São Roque, cuja proprietária tinha conhecido dias antes. É relatado que, a 25 de Dezembro de 2022, pelas 00h00, a arguida terá pedido à vítima que a acolhesse porque estava a chover muito e ela encontrava-se encharcada. Com pena, a mulher terá acedido ao pedido. Já no interior da habitação, a arguida ter-se-á apoderado do telemóvel do filho da queixosa, tendo voltado a colocá-lo no mesmo sítio, apercebendo-se de que desconfiavam dela. Pelas 05h00, com a proprietária a dormir, a arguida ter-se-á apoderado de vários bens, que incluem alguns pares de calças, malas, ténis, pulseiras, peças da Pandora, perfumes, um powerbank, 155 euros em dinheiro, entre outros.
Roubo de bens no valor de 700 euros
A 29 de Agosto de 2022, pelas 20h15, ter-se-á dirigido a outra habitação, em São Roque, alegadamente com o intuito de se apoderar de valores e bens que encontrasse. É descrito que a arguida terá encontrado uma vizinha da vítima, que lhe terá dito que esta não se encontrava em casa. Após isso, a acusada terá forçado a abertura de uma janela e ter-se-á apropriado de alguns bens, no valor de 700 euros, tais como calças, sandálias, casacos, sapatilhas, produtos de higiene e uma mala de viagem.
Actualmente, a arguida encontra-se detida no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada a aguardar o desfecho do julgamento.
Carlota Pimentel
