A “feira” abriu portas este domingo às 0 horas. Tal como nas feiras, os vendedores apregoam as qualidades dos seus produtos, assim irão fazer os candidatos a deputados à Assembleia Legislativa Regional com promessas de que agora é que vai ser, até porque não há tempo a perder. Alguns até, mesmo os recém chegados à cena política, sonham com a presidência do governo, imaginem só.
Francamente, há pessoas que não se enxergam e lá por terem estado “uns dias” na área legislativa, já se julgam capazes de desempenhar funções presidenciais. Tenham juízo!
Mas há que dizer que esta campanha eleitoral começa num período bastante difícil para o país porque, isto de ter manifestações reivindicativas diárias, dormindo na rua em sinal de protesto, ainda por cima promovida por elementos ligados à segurança, faz despertar o medo no cidadão comum, medo esse que o poderá levar à abstenção, ou então, a votar em forças políticas radicais de direita ou de esquerda.
Ainda na área das reivindicações aparecem agora os bombeiros a querer alterar o seu estatuto de voluntário para profissional mas que, o governo não parecer estar para aí virado.
Por ter estado ligado a uma associação de bombeiros cerca de 30 anos, desde a Assembleia Geral à Direcção, passando também pelo Conselho Fiscal sei da justeza daquela reivindicação. De resto, a situação actual vem de encontro àquilo que me fez sair da associação quando, num plenário realizado em 2014 (salvo erro) eu disse que não poderia haver uma associação de voluntários e profissionais ao mesmo tempo. Ou se era voluntário, ou se era profissional. Pelos vistos, não sou só eu a pensar deste modo.
Mas vamos ao que interessa.
Nestas eleições, o que a população destas ilhas pretende é que, quem concorre, cumpra o que promete durante a campanha e fale verdade às pessoas. Não nos venham com “meias verdades” porque estas também afastam o eleitor, especialmente o mais esclarecido.
Tenho falado com algumas pessoas sobre a situação política actual. Quase todas elas se sentem defraudadas com as políticas seguidas até aqui, tanto nos governos da responsabilidade do PS, como no último governo da “geringonça” à direita, se bem que este tenha feito algo mais do que os últimos governos da responsabilidade do PS.
Todos sabemos que numa economia pequena como a nossa, o sector privado depende muito das empresas públicas regionais. Também sabemos que o Estado nunca foi bom pagador. Isto porque paga sempre tarde, ao contrário do contribuinte que tem de pagar dentro dos prazos estabelecidos senão é penhorado sem apelo nem agravo.
Nesta campanha, gostaria de ouvir alguém falar das relações económicas entre aqueles dois sectores, nomeadamente no que respeita à resolução das dívidas acumuladas que as empresas públicas têm no sector privado, para que este possa programar as suas actividades sem ter de recorrer à banca porque o seu dinheiro está “financiando” o sector público regional.
Também gostaria de ouvir nesta campanha alguém falar das “megalomanias”, ou sobredimensionamento de projectos que alguns pretendem, por vezes numa duplicação de investimentos, só porque querem ter as coisas às portas de casa.
Tenho consciência de que estas coisas poderão não dar votos, principalmente, daqueles que estão sempre na dependência dos governos. Todavia, talvez fizesse com que muitos abstencionistas, acreditando na alteração de procedimentos, voltassem a votar.
Também nestas eleições gostaria que alguém, com responsabilidade, esclarecesse que intenções terão a respeito da privatização da AZORES AIRLINES.
É do conhecimento geral que a nossa “companhia de bandeira” é um dos pilares da nossa autonomia, e da nossa mobilidade, enquanto região arquipelágica.
Também veio a público, pela boca da Secretária Regional Drª. Berta Cabral, que o passivo da empresa é da responsabilidade do Governo Regional, o mesmo é dizer, dos contribuintes.
Vender aquela empresa pública por “tuta e meia” como diz o nosso povo, e ficar com milhões às costas para pagar é um péssimo negócio, mesmo que seja Bruxelas a exigi-lo. Ainda como diz a nossa gente: amigos meus com perca minha, que os leve o diabo!
Termino com o título deste trabalho: cumprir com o prometido é o que se exige!
Carlos Rezendes Cabral