Realizou-se, no passado Sábado, uma celebração ecuménica na capela do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, organizado por movimentos eclesiais da Igreja Católica e pela Igreja Presbiteriana de Ponta Delgada, tendo contado com a presença de D. Armando Esteves Domingues.
“Amarás o Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo” foi o mote e o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, tendo o Bispo de Angra dito que o grande desafio destes encontros é fazer com que a partilha e a cooperação “deixem de ser esporádicas e casuais”
De acordo com Ricardo Esperanço, responsável pela Comissão Diocesana das Relações Ecuménicas que está integrada no Instituto Católico de Cultura “o diálogo é fundamental e devemos procurar sempre aquilo que nos une e o que nos une é este Deus uno e trino que nos deve alimentar independentemente das nossas diferenças” em declarações feitas ao Sítio Igreja Açores.
Por outro lado, “há muito trabalho a ser feito e estas celebrações alertam para esta necessidade. Há cada vez mais grupos a serem constituídos, mas ainda são pequenos grupos que precisam ser alargados. O ecumenismo e o diálogo religioso, seja dentro das igrejas cristãs, seja com outras religiões, é sempre um caminho e um caminho particularmente favorável à paz”, referiu ainda Ricardo Esperanço.
Outrossim, aquele responsável enfatizou que “este é um tema que não nos pode deixar indiferentes: há sempre o momento em que temos de aceitar o outro na sua diversidade, encontrar formas de diálogo, aceitar o outro na sua prática cientes de que caminhamos e temos fé e que Deus é o mesmo na sua essência; a forma como o representamos é que é diferente”.
O momento de oração na tarde do passado sábado, em que participaram muitos cristãos, católicos e presbiterianos, contou com duas leituras da Bíblia: uma passagem do antigo testamento e a proclamação do Evangelho, feita pelo bispo de Angra, da Parábola do Bom Samaritano, segundo São Lucas.
Por seu lado, o Bispo de Angra, D. Armando Domingues salientou que “somos todos convidados a reflectir, rezar e fazer caminho com os irmãos de outras Igrejas de denominação cristã, de modo a construir laços fraternos e enfrentar os grandes problemas comuns com o mesmo olhar de Jesus, o centro da nossa fé”.
O pastor Carlos Rosa, da Igreja Presbiteriana de Ponta Delgada lembrou, na altura, que a unidade é “o único caminho, pois não há outra alternativa senão unirmo-nos e esquecermos as nossas pequenas divergências para promovermos a união em torno de um bem maior que é Deus”.
“Está nas nossas mãos, mas muitas vezes estamos mais distraídos. Se entre nós, que sabemos o que é o bem não tivermos a capacidade de nos unir, como é que o bem há de triunfar?”, interrogou o Pastor Carlos Rosa.
A proposta de oração pela Unidade dos Cristãos foi preparada pela Equipa Ecuménica do Burkina Faso, um país que está a passar por uma grave crise de segurança, que afecta todas as comunidades religiosas e, consequentemente, sente na carne a falta de coesão social, pois a paz e a unidade nacional deterioraram-se drasticamente.
A escuta dos outros cristãos tem estado entre as orientações do processo sinodal mundial da Igreja Católica desde o início e o Papa Francisco não perdeu a oportunidade de sublinhar a sua importância: “Hoje, para um cristão não é possível, não é praticável ir sozinho com a sua própria confissão. Sozinho nunca. Não podemos”. Aliás, por proposta do prior da comunidade de Taizé, a Assembleia do Sínodo, em Outubro passado, foi precedida, pela primeira vez, de uma Vigília Ecuménica.
“Agora trata-se de dar um passo em frente e criar uma verdadeira sinodalidade ecuménica: fazer com que a partilha e a cooperação deixem de ser esporádicas e casuais, intensificando-se apenas em momentos particulares como a Semana de Oração pela Unidade, para se tornarem uma dimensão fundamental do ser Igreja”.
APC