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“Na Padaria Esperança tudo é feito com alegria e fazemos uma aliança como nosso freguês no dia-a-dia”

A Padaria Esperança, na Travessa da Piedade, 50 A, na freguesia dos Arrifes, está a laborar há mais de 120 anos. No presente, tem 20 colaboradores, entre eles, João Tavares.

João Tavares, de 53 anos de idade, começou por distribuir pão quando tinha apenas 12 anos de idade, para depois começar a aprender a fazer pão. Cedo desenvolveu consciência do seu compromisso com o trabalho e, até mesmo, com os clientes. “Comecei por distribuir pão à porta dos clientes, todos os dias. De início, não se distribuía pão aos Domingos, mas mais tarde isso acabou por acontecer”, acrescentou.
Passados dois anos, começou a aprender a arte de fazer pão, ou seja, quando já tinha 14 anos. “Quando se tem gosto, não custa, mas naquela altura, porque era moço, de início custou um pouco, porque os padeiros trabalham, maioritariamente à noite”.
Naquele tempo, a Padaria Esperança só fazia “papo-secos e pães, que era o que se comia na altura, mas depois começamos a fabricar pão de mistura, pão de milho, pão tradicional caseiro, mas agora fazemos de tudo um pouco, desde croissants, pão de hambúrgueres, pão de cachorros e biscoitos”. No presente, são oito, os padeiros que trabalham durante a noite.

A vantagem dos fornos de lenha

A Padaria Esperança continua a laborar com fornos de lenha, onde para além de ser uma fonte de energia mais económica, permanece quente por mais tempo, sem esquecer o sabor diferenciado dos seus alimentos. “Esta padaria é das mais antigas da nossa ilha e da Região, e já tem mais de 120 anos de existência, que de início chegou a ser um negócio dos avós da minha patroa, Dália Martins, que depois passou para os pais e agora cá estamos”.
O negócio permanece familiar, já que ali também trabalha e filha, o filho da proprietária e o genro. No total, são 20, os colaboradores.
O segredo é a alma do negócio, mas desafiamos o nosso entrevistado a desvendar quais são os ingredientes necessários para se poder fazer um pão, e a resposta foi a seguinte: “farinha, água, sal, fermento, melhorante e um bocadinho de amor”.
Atende-se, que o melhorante é um aditivo alimentar que é adicionado à farinha e à água para melhorar a qualidade do pão. Melhora a cor e a textura dos pães.
Depois de tudo misturado e amassado, “o processo passa pelo seu tempo de espera, fermentação, cozedura e manipulação”, que pode variar dependendo do tipo de pão e do método de fabricação.
Padeiro à noite e distribuidor durante o dia, assim esteve João Tavares durante 20 anos, “e fazia a distribuição aos minimercados e outras superfícies comerciais”.
No presente, João Tavares só trabalha de dia, nos biscoitos, nas massas e naquilo que for preciso.

Biscoitos de 22 receitas diferentes

Insistimos, e agora tentamos saber, quais os ingredientes necessários para se fazer biscoitos? “Sal, ovos, açúcar e mais alguns ingredientes, que são necessários, até porque temos 22 biscoitos de receitas diferentes”.

Manteiga, leva? ”Um bocadinho”,
respondeu, e mais não disse.

A Padaria Esperança disponibiliza biscoitos de laranja, integrais, de milho, natas, morango, ananás, manteiga, maracujá, limão, leite, funcho, açúcar, chocolate, caramelo, de cerveja, canela, coco, entre outros, para além dos biscoitos tradicionais e carrilhos.
João Tavares é natural da freguesia e vive nos Arrifes. Fez a sua escolaridade toda e tem a graça de saber falar várias línguas, “por gosto”. Durante quase cinco anos viveu no Canadá, onde trabalhou numa padaria em Montreal. Mais tarde decide regressar à sua terra natal, para voltar a trabalhar onde começou, há quatro décadas, na Padaria Esperança.
O seu pai era agricultor e tinha pouco mais de vinte cabeças de gado, mas depois foi trabalhar para uma fábrica de fazer blocos de cimento, acabando mais tarde por se reformar. A mãe era doméstica, mas por vezes ajudava os lavradores na recolha de milho, numa altura, em que, para se sobreviver tinha de ser assim.
No Canadá, João Tavares fez muitas amizades, e não é por acaso, que fala com os seus antigos patrões, quase todas as semanas. “Somos amigos, gostei muito de lá estar e lembro-me do Canadá, todos os dias”.
Entretanto, já regressou algumas vezes ao Canadá, de visita, mas mal chega lá vai logo trabalhar. Portanto, “não são férias, são só para matar saudades”, relevou. Muita gente conhece o João Tavares, mas nem todos conhecem os seus dotes para escrever algumas quadras… “Vou trabalhar aqui até ter vida. Durante um tempo trabalhei para sobreviver e hoje eu sobrevivo para trabalhar. Na Padaria Esperança tudo é feito com alegria e fazemos uma aliança com o nosso freguês dia-a-dia”.
Marco Sousa

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