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A prática do judo nos Açores “vai ser aquilo que nos deixarem fazer”

Jorge Batista foi o convidado da tertúlia do Programa Desporto Açores,
exibido todas as Segundas-feiras, das 20h00 às 22h00, sempre com
convidados diferentes.

O Programa Desporto Açores é da autoria Pedro Drumond Sousa, e transmitido, através de várias plataformas digitais para diversas rádios da Região, para o território nacional e para a diáspora, nomeadamente Estados Unidos da América e Canadá.
Jorge Batista, sobejamente conhecido do desporto regional, com muitos sucessos a nível nacional e internacional é o Presidente e treinador do Judo Clube de Ponta Delgada, onde passou por várias etapas como atleta e dirigente.
Jorge Batista nasceu a 18 de Maio de 1961, em Ponta Delgada, filho de mãe madeirense e pai de Trás-os-Montes. “Desde muito cedo liguei-me ao desporto, com tenra idade, tenho oito irmãos, todos eles fizeram desporto, uns já falecidos. Sou o mais novo. O bairro onde vivia tinha muitas crianças e organizávamos equipas de futebol, ralis com carrinhos em miniatura e brincávamos no Verão a fazer isso. O primeiro desporto que fiz, com treino, foi natação, no Clube Naval de Ponta Delgada e aí despertou-me o interesse pelo judo, modalidade que nos Açores aparece em 1962, pela mão do professor Costa Matos, que foi o primeiro atleta português a ir aos Jogos Olímpicos em judo. O professor Costa Matos é açoriano e introduziu o judo no liceu de Ponta Delgada, onde teve várias atletas que despertaram para a sua prática. Estou a lembrar-me, por exemplo, do Mário Goyanes, António Manuel Pavão, professor de Educação Física já reformado, o doutor Jaime Gama, o engenheiro Francisco Mota Amaral, entre outros. Posteriormente, começo a fazer natação em 1967, 68 e 69 no antigo Clube Naval de Ponta Delgada, onde a nossa piscina era uns pontões de madeira no mar amarrados ao fundo, com temperatura ambiente e onde comíamos uns cubos de marmelada para aguentarmos mais tempo dentro de água. A minha experiência desportiva começou com a natação, mas depois fui com os meus irmãos e irmãs para o liceu treinar basquetebol”.

Mestre Masatoshi Ohi

A par com o futebol, o judo acaba por ser uma das primeiras modalidades mais bem organizadas na Região, que começa em São Miguel em 1968, com a vinda do treinador japonês, sensei Masatoshi Ohi, que depois de algum tempo emigra para os Estados Unidos da América. “Foi com o mestre Masatoshi Ohi, que aprendi a fazer judo e hoje em dia ele está connosco, com 79 anos de idade”, revelou.
“Começo a fazer judo em finais 73, mas a verdade é que só sou inscrito na Federação Portuguesa de Judo, em Outubro de 1974”. Nessa altura, os pais não queriam que Jorge Batista enveredasse pelo judo, mas isso acabou por acontecer com a intervenção de um cunhado, que também praticava a modalidade.

Primeiro campeão nacional na Região
foi através do judo

Curiosamente, o desporto regional tem o seu primeiro campeão nacional em 1974 através de Francisco Azevedo, onde nesse mesmo ano o professor Luís Paz ficou em terceiro lugar na mesma categoria de peso.
“A partir daqui, o percurso do Clube de Judo de Ponta Delgada tem sido este, onde todos os anos tem, no mínimo, um campeão nacional, à excepção de 79, que não tinha sala de judo para treinar”.
Os primeiros atletas dos Açores a representar Portugal no estrangeiro também são atletas do judo, entre eles, António Tomé de Medeiros, que foi a Estrasburgo, Sérgio Rocha, entre outros, inclusivamente Jorge Batista.
O Judo Clube de Ponta Delgada andou algum tempo com a casa às costas, passando pelo CNPDL, por instalações que ficavam no piso superior de umas oficinas que existiam perto do Hotel São Pedro, assim como esteve em São Gonçalo e nos bombeiros, Clube Desportivo Santa Clara, passando também pelos tapetes verdes do Jardim António Borges.
Sucintamente, “uma secção do Clube Naval de Ponta Delgada divergiu depois para o Judo Clube de Ponta Delgada, clube que dinamizou o judo nos Açores. O judo que aparece em 1974 expande-se para vários locais da ilha de São Miguel: Escola Preparatória Roberto Ivens, Lagoa, Água de Pau, Furnas, Ribeira Grande, Fajã de Cima, depois Santa Maria, Terceira, Faial e Pico (1975).
O logótipo que o Judo Clube de Ponta Delgada tem hoje em dia surge antes do clube estar oficialmente criado, em 1974, é da autoria do escultor Álvaro França também ele praticante de judo e dos fundadores do JCPD.
O Judo Clube de Ponta Delgada fará 50 anos, no próximo mês de Fevereiro”.

O futuro passa por reorganizar
as instalações do JCPD

Actualmente, o Judo Clube de Ponta Delgada quer reorganizar as suas instalações com a cedência de um bocado de terreno existente a norte. “Fizemos aquelas instalações, o Governo Regional de então apoiou-nos, e bem, com 1.500 contos. Na altura, a mesma importância foi dada a outros clubes, em outras ilhas, mas ninguém fez nada, mas nós com esse dinheiro, com o apoio da população e do comércio da ilha de São Miguel fizemos aquelas instalações. Actualmente, as instalações não dão para fazermos um determinado tipo de trabalho, apesar de já nos ter sido cedido um terreno, na última governação socialista, mas o que nos deram não se consegue fazer uma obra com as medidas, adequadas onde além do mais, essa obra estava avaliada em cerca de um milhão de Euros, antes da guerra da Ucrânia. Assim é impossível, mas dando um pouco mais de terreno, até poderíamos fazer essa obra, que teria um custo de cerca de 350 mil euros, antes da guerra. Para tal, já tivemos uma audiência com o anterior Presidente do Governo Regional dos Açores, mas o que é certo é que ainda não conseguimos e era o melhor que poderia acontecer para o futuro do Judo Clube de Ponta Delgada, da ilha e da Região. Esse aumento, não iria servir só o clube, até porque sempre estivemos abertos, a todos os clubes que queiram, possam ir para ali treinar. No judo, ao contrário de outras modalidades, não há segredos e treinamos em conjunto”.

“O judo na Região pode dar
um salto grande”

“O judo nos Açores vai ser aquilo que nos deixarem fazer. O judo na Região pode dar um salto grande, mas ainda não está em todas as ilhas. Tenho este sonho, ambiciono isto, mas não será fácil. Para que isso viesse a acontecer, contribuiria muito o judo poder estar nas escolas, como outros países já fazem, entre eles, França, Inglaterra, Holanda e Bélgica. É uma cadeira opcional, de actividade física e são países fortes na modalidade, que serão ainda muito mais fortes”.

Marco Sousa

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