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“150 estudantes é um número muito reduzido para receber bolsa na Universidade dos Açores”, afirma Presidente da Associação Académica

O alojamento de estudantes é um dos problemas que os alunos da Universidade dos Açores enfrentam, havendo alguns senhorios que não passam recibo.

Qual é a sua visão para a Associação Académica da Universidade dos Açores durante o seu mandato?
Francisco Melo (Presidente da Associação de Estudantes da Universidade dos Açores recentemente eleito): – Nós temos uma grande missão pela frente. É certo que a imagem da Associação Académica da Universidade dos Açores (AAUA) não é a melhor e tendo em conta que representa cerca de 3.000 alunos, tudo o que fizermos terá de ser em prol deles. A nossa missão é, de certo modo, ganhar uma força enquanto entidade desta instituição e voltar aos momentos mais áureos desta associação. Tencionamos fazer um trabalho de vários anos, e não apenas de um ano, ir evoluindo e colocar a imagem da Associação Académica no seu devido lugar.

Quais são os principais objectivos que pretende alcançar?
Como referi anteriormente, melhorar a imagem da Associação Académica é um deles. Outro dos objectivos passa pela área da sustentabilidade. A representação estudantil é outro objectivo, senão o foco principal. Uma Associação Académica não escolhe pelos alunos, mas escolhe para os alunos. A nossa intenção é sempre tentar arranjar as melhores condições de estudo para os alunos, e não só. É preciso envolver-se em tudo o que esta instituição tem para oferecer, que vai desde Tunas, desporto, núcleos de estudantes, etc.

Como pretende incentivar o envolvimento activo dos estudantes na Associação Acadé-mica?
Por agora, temos a noção que o envolvimento dos alunos será sempre baixo, mas tal como referi, o nosso objectivo é trabalhar a médio/longo prazo.
Gostávamos, logicamente, que, neste mandato, já houvesse uma boa cooperação dos estudantes e que estes fossem integrados em várias actividades, mas temos a noção que não será atingível a curto prazo. Tencionamos trazer de volta as noites académicas, voltar a ter mais presença das Tunas, que é das actividades que têm estado mais activas nos últimos anos. A praxe e as Tunas são duas actividades que mexem bastante com a comunidade académica. Temos noção que não são apenas essas duas actividades que vão ditar se um aluno tem ou não ambiente académico e é nessa parte que a AAUA tem que compreender que nem todos os alunos se identificam com eles e vamos tentar criar actividades para que todos se possam envolver, nomeadamente na criação de diferentes workshops. Posso adiantar que estamos a pensar em fazer workshops na área da saúde mental. A ansiedade que veio derivada da pandemia é algo que tem vindo a preocupar as instituições e nós temos que ter essa preocupação. Fazendo coisas mais pequenas de modo a que todos se sintam integrados, vamos chegando ao encontro dos estudantes e depois poderemos trabalhar eventos de outra dimensão.

Existem acções ou projectos que sejam prioritários?
Existem dois projectos que temos como prioritários e importantes para a Associação Académica. Um deles tem a ver com o alojamento estudantil. É um problema que, infelizmente, existe no nosso país. Sabemos que aqui em Ponta Delgada, e falando do campus onde estamos, é muito difícil arranjar uma casa perto da Universidade. Sabemos também que muitas das vezes não são passados recibos de pagamento dos quartos. Isto é algo que a Associação Académica da Universidade dos Açores se compromete a trabalhar desde o início. O outro projecto passa, como referido, por uma melhoria da representação estudantil.

Um dos projectos mais evidentes é a construção de novas residências universitárias. Em que condições se encontra a actual residências?
As condições da actual residência são boas. Existem vários espaços que, ao serem dinamizados, podem dar pujança à residência. O único problema que a residência tem é o facto de ser um pouco longe do campus. As instalações permitem que a residência seja dinamizada o que ainda não tem sido feito mas, possivelmente, a AAUA gostaria de melhorar isso. O horário do shuttle também complica um pouco o transporte dos alunos, sendo que por vezes estes têm que sair mais cedo das aulas para apanhar o shuttle.
Embora a criação de uma nova residência não tenha ainda data marcada, a nova localização iria diminuir substancialmente a distância para o campus.

Como pretende colaborar com a admi-nistração da Universidade para melhorar a experiência estudantil?
Como tomamos posse há pouco tempo, ainda existem muitas coisas que não temos percepção de como o podemos fazer ou como o devemos de fazer, apesar da direcção cessante nos ajudar com o que precisamos. Pretendemos colaborar sempre no que nos for possível, limando arestas quando a nossa opinião não coincidir com a da administração.

Que medidas planeia adoptar para melhorar o bem-estar geral dos estudantes?
Uma das medidas essenciais deve ter a ver muito com a saúde. E a saúde mental é algo que devemos ter muita atenção. Seria uma grande ajuda, a nível de conforto pessoal, se pudermos ajudar nesse campo.

Como pretende salvaguardar o apoio a alunos com necessidades económicas?
Soube-se há pouco tempo que muitos alunos iam perder a bolsa. Estamos a tentar chegar a todos os estudantes. Soube-se também que apenas 150 estudantes iriam ter bolsa. 150 estudantes é um número muito reduzido de alunos. Estamos a trabalhar, em conjunto com as restantes associações académicas do país e irá entrar um projecto conjunto das associações para começar a ser algo visível para todo o país de modo a que se comece a batalhar nesta questão.

Como planeia comunicar de forma eficaz com os estudantes e manter transparência nas actividades da Associação?
Uma maneira de tornar a comunicação mais efectiva é termos uma proximidade com os alunos. A comunicação tem que ser algo que cative os estudantes, especialmente na era digital em que vivemos. Quanto à parte da transparência, a AAUA tem o dever de apresentar quaisquer informações que um estudante queira. Ao termos uma boa cooperação temos tudo para que a comunicação seja fácil e transparente.

Em que áreas vê oportunidades de melhoria?
Uma das áreas em que temos de trabalhar é, sem dúvida, a área financeira. A área cultural e a desportiva também são áreas que temos de investir, para o bem dos estudantes. A nível do desporto perdeu-se uma das tradições que se tinha com a extinção da Taça do Reitor. Vamos tentar trazer essa tradição de volta e fazer outros projectos para dinamizar o desporto dentro da instituição. A nível cultural vamos tentar juntar a parte do estudo com a parte mais boémia que também é sempre importante. Também tencionamos trabalhar na área de acção social em conjunto com os SASE (Serviço de Acção Social Escolar).

São estas as maiores dificuldades?
A parte cultural, tendo em conta a parte financeira, é difícil. A parte de acção social não é difícil, mas é de muita responsabilidade. Esta é, a meu ver, a maior preocupação, no sentido bom da palavra, que temos de ter, uma vez que queremos o melhor para os nossos estudantes. No desporto, apesar de termos perdido algumas tradições, estas são facilmente reactivadas.

De que forma se pode incentivar a participação dos estudantes nas eleições da Associação?
Primeiramente é preciso ter uma boa comunicação. A comunicação devia de ser bem estudada e bem estruturada para que os estudantes percebam para o que é que as pessoas se candidatam.
Percebemos que há estudantes que não sabem qual é o nosso intuito e assim ficam sem saber a importância do seu voto. Ser presidente da Associação com 70 votos ou com 500 é diferente. É preciso fazer entender o que é e para que é que estão a votar e se conseguirmos mostrar a importância do voto, talvez mais pessoas votem. Frederico Figueiredo

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