Presidente da Câmara, Pedro Nascimento Cabral, na homenagem ao primeiro
Presidente da República Portuguesa
O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, afirmou que Teófilo Braga tinha uma visão sobre o mundo que deve inspirar a actual sociedade e as próximas gerações a fazerem “a diferença”.
“Teófilo Braga tinha mundividência. Aquela mundividência que nos deve inspirar a fazer a diferença tão necessária nos dias de hoje, para nós e para as futuras gerações. Tal como nós, era um ilhéu, mas um homem de mundo, de quem nos devemos orgulhar de partilhar a nossa identidade, desenvolvida que é há quase seis séculos no meio deste imenso Atlântico Norte”, declarou o autarca.
Pedro Nascimento Cabral falava na cerimónia evocativa do Centenário da Morte de Teófilo Braga que decorreu, Domingo, no Salão Nobre do Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada, tendo sido organizada em colaboração com o Comando Operacional dos Açores.
Na sua intervenção, o Presidente do Município destacou a notável “conduta humana e a ética política de Teófilo Braga”, um “homem de ideais políticos humanistas” que fica indelevelmente ligado à História de Portugal “pelo curto mas decisivo período” em que foi Presidente da República.
A cerimónia de homenagem, refira-se, contou com uma palestra ministrada pelo Major-General João Vieira Borges, Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar, que esteve subordinada ao tema ‘Teófilo Braga: do Homem de Cultura e de ideais, ao Presidente da República do após 14 de Maio de 1915’.
“Ficámos com uma visão completa de quem foi Teófilo Braga que, pela força e consistência das suas convicções foi chamado a liderar a nação, num período difícil e marcado por extremismos, tal como disse, na mais sangrenta revolta do século XX português, opondo o Partido Democrata ao Partido Progressista e a Bernardino Machado, em que morreram cerca de 200 pessoas e mil ficaram feridas, por um conflito social e político, ensombrado pela iminente ameaça da ditadura”, sublinhou o autarca.
Para Pedro Nascimento Cabral, o facto de ter aceite ser Presidente da República “naquelas terríveis circunstâncias” só deve contribuir para que se valorize ainda mais o seu “exemplar sentido de Estado e de compromisso para com a Rés pública”.
O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada não evitou estabelecer um paralelismo entre o cenário político enfrentado por Téofilo Braga e o actual quadro que se vive por força das tensões e conflitos armados que escalam no Médio Oriente e na Europa, designadamente em solo ucraniano, ameaçando os sistemas democráticos.
“O acto de hoje faz mais sentido num actual contexto geopolítico global feito que é da incerteza dos conflitos bélicos que fragilizam as bases ideológicas das nações livres, por que tantos lutaram. Esta é uma altura de defender os regimes democráticos de todo os tipo de extremismos, a bem do futuro civilizacional”, disse.
Indo além da dimensão política de Teófilo Braga, Pedro Nascimento Cabral quis ainda destacar “o professor” e “um dos mais prolíficos autores do seu tempo”, enaltecendo a “extensa obra na poesia, na história literária, na teoria da literatura, na ficção e até na tradução”.
“Teófilo Braga dedicava-se ao conhecimento e divulgava-o em tantos domínios; um profundo conhecimento a que o seu conterrâneo Ramalho Ortigão classificou de como se ‘o trabalho de uma geração inteira fosse empreendido no cérebro de um só homem’”, começou por relembrar.
“Foi um dos doze subscritores das “Conferências Democráticas do Casino”. É parte da Geração de 70, a de Antero de Quental, igualmente, nosso, de Ponta Delgada. É parte de uma geração de intelectuais que revolucionaram várias dimensões da cultura portuguesa, das artes, à literatura e à política”, vincou o responsável autárquico.
Foi depositada uma coroa de flores no busto de Teófilo Braga, localizado no Jardim José Borges da Silva.