Foi com um misto de emoções que Maria Moniz, técnica administrativa de 22 anos e terceirense de gema, recebeu a notícia que ia participar no programa Got Talent Portugal. Acompanhada da sua maior referência a nível musical, o seu pai, conseguiu conquistar o botão dourado que lhe permite ir directamente para a semi-final. Com o desejo que Portugal conhecesse o talento do seu pai, considera que agora a sua “missão está cumprida”
Correio dos Açores – Quando é que começou a aperceber-se de que sabia cantar? Em criança já subia a algum palco?
Maria Moniz – Desde os três anos que eu cantava e os meus pais faziam gravações com as cassetes. Sempre fui muito afinada, mas como era uma criança não levava muito a sério. A partir dos meus 8/9 anos, e depois de estar um ano no conservatório, percebi que realmente gostava e que tinha jeito para cantar.
Só subi ao palco na escola ou no conservatório. Eram os únicos momentos em que cantava a solo.
Pode nos falar um pouco sobre o seu percurso até chegar ao Got Talent?
Aos sete anos comecei no conservatório, com aulas de violino e de canto. Terminei o conservatório aos 11 anos de idade e iniciei a minha primeira banda. Éramos os Sextilha, dado que a banda era composta por seis elementos e cantávamos um pouco de tudo. Depois, adicionamos aos Sextilha uma outra banda para certos eventos onde tocávamos mais música brasileira. Para além disso, também integrei grupos de jovens. O meu projecto mais a sério é os Art Fado, do qual faço parte desde 2019. É um grupo que tem concertos regularmente e onde o trabalho feito é mais profissional.
Sempre tive o incentivo das pessoas para chegar mais longe, mas nunca tive esta iniciativa. Em Outubro de 2023 foi-me comunicada a minha inscrição, que foi feita pelo meu marido, Vasco Moniz, quem me fez chegar onde cheguei.
A sua inscrição no programa foi uma surpresa. Pode explicar melhor esse episódio? O que sentiu ao perceber que tinha sido seleccionada?
Tinha acabado de entrar ao serviço quando recebi uma chamada de um número de Lisboa. Quando atendi, disseram que falavam do Got Talent Portugal e a princípio eu achava que se tratava de um equívoco. Só quando confirmaram os meus dados é que apercebi que realmente se tratava de mim. Quem me inscreveu apenas tinha enviado um vídeo com 30 segundos e eles queriam ter acesso a mais vídeos. Tive até à meia-noite desse dia mas acabei por enviar um vídeo onde canto juntamente com o meu pai, aquela música que cantamos depois no programa. Só soube que tinha sido efectivamente seleccionada dois dias após esta chamada. Falei com os meus pais e eles disseram-me que não tinham sido eles e quando telefonei para o meu marido, ele assumiu que ele é que tinha feito a candidatura de modo a dar-me aquele empurrãozinho para chegar mais longe.
Quando fui seleccionada foi um misto de sentimentos. Por um lado, estava receosa porque o programa tem muita exposição. Somos julgados por pessoas que nunca nos viram. Apenas temos um momento e com os nervos, que acabam por influenciar a condição vocal, tenho a certeza que não cantei tão bem como costumo cantar. Estou mais à vontade a actuar para pessoas que já me conhecem. Ao mesmo tempo, fiquei feliz porque o meu sonho é conseguir fazer da música a minha profissão e este poderá ser o passo essencial para chegar mais longe.
Conte um pouco sobre o papel do seu pai na sua carreira musical? Como foi cantar com ele na televisão nacional?
O meu pai sempre foi a minha referência desde muito nova. Ele e o meu avô paterno sempre foram ligados à música. Viviam intensamente o Carnaval e desde muito nova que subia aos palcos com eles, não cantava, mas estava lá com as vestes dos bailinhos. Com o passar dos anos, fui prestando atenção à música e comecei a perceber que realmente gostava disto. Portanto, eles sempre foram uma referência para mim. Toda a gente conhece o meu pai derivado à música, sabem que é uma grande paixão dele. Quando passei na audição fiz logo o pedido para que ele pudesse cantar comigo, nem que fosse uma vez no fim. Nunca pensei em inscrevê-lo, até porque as inscrições já estavam fechadas, mas sempre quis que ele pudesse dizer que cantou, nem que seja uma vez, para Portugal inteiro. Era importante, para mim, que percebessem o talento que o meu pai tem.
Já tinha actuado ao lado dele algumas vezes. É sempre algo de grande emoção para mim, pois é rara a pessoa que tem um pai que gosta de fazer o mesmo que ela. Na televisão nacional é algo que não se consegue descrever. Senti-me muito pequena naquele palco, mas com ele ao meu lado senti que não estava sozinha e deu-me mais força. Foi algo muito emocionante e senti que, finalmente, a minha missão estava cumprida. Foi algo que eu sempre desejei para o meu pai e desejo que ele tenha muito sucesso na música.
Estava à espera de conseguir aquele resultado?
Sem dúvida que não. Primeiro fui sem muitas expectativas, pois não queria ficar desiludida caso não passasse. No entanto, o mais importante é avaliarmos a nossa caminhada até chegar aquele momento. Receber um sim já foi bom, mas receber quatro sim e, depois, o botão dourado foi a cereja no topo do bolo. Lembro-me de estarmos abraçados no final da nossa actuação e, depois, só oiço o som do botão dourado e foi uma surpresa para todos.
O que sentiu quando carregaram no botão dourado?
Muito sinceramente é inexplicável. É algo que quando vemos na televisão e vemos acontecer, sentimos aquela alegria e imaginamos o que as pessoas poderão estar a sentir. Mas quando és tu a receber aquele botão dourado, com toda a gente de pé a aplaudir, é algo arrebatador, não tem explicação.
Até onde quer ir no programa?
Como eu costumo dizer, o futuro só a Deus pertence. Se não chegar muito mais longe, já fico contente porque valeu pela experiência. Estou duplamente feliz porque o meu pai também teve sucesso nesta fase. Claro que quanto mais longe chegamos, mais longe queremos chegar. Vamos dar o nosso melhor como fazemos sempre e com mais segurança do que na primeira vez para tentar chegar ao fim. Uma vez que agora vamos precisar de votos para seguir em frente, precisamos do apoio de todos os açorianos e do resto do país para chegar mais longe. Se realmente gostarem de nós, é muito importante que votem.
Esta experiência poderá levá-la a novos horizontes?
Dada a expansão que o programa nos oferece, é algo que pode acontecer. Mas isto também depende de se quem estiver a assistir gostar de nós e nos queira fazer uma proposta. Se por acaso isto acontecer, estamos de braços abertos a qualquer oportunidade.
Quer deixar uma mensagem aos seus apoiantes açorianos?
Gostávamos de agradecer todo o apoio e carinho que temos recebido. Tem sido algo muito bom. Quando cantamos, não temos noção daquilo que fazemos as pessoas sentir, apesar de o nosso objectivo ser sempre tocar na sua alma e no seu coração. Acima de tudo a mensagem que quero deixar é de gratidão por tudo.
Frederico Figueiredo