Um condutor atropelou um cão numa passadeira e fugiu sem prestar
assistência. Tudo aconteceu na passada Sexta-feira, dia 26 de Janeiro,
em frente à Quinta dos Açores, no Caminho da Levada.
E como se isso não bastasse, um outro veículo automóvel voltou a atropelar o mesmo animal de estimação, de nome Neco. Ao contrário do primeiro condutor, que não foi identificado (apenas se sabe que conduzia um veículo automóvel cinzento), o segundo condutor ligou para a PSP a contar o sucedido, que minutos depois compareceu no local.
No entretanto, um outro condutor que estava a caminho de casa deparou-se com um trânsito pouco normal, naquela zona, àquela hora, reparando que estava uma senhora que parecia estar no chão. “Assumi, que tinha havido um atropelamento, devido à minha experiência como bombeiro, então estacionei o carro nas imediações do Parque Urbano e desloquei-me para a entrada das viaturas da Quinta dos Açores”, começou por explicar Miguel Sousa.
A viatura dessa senhora estava a obstruir o trânsito para que mais ninguém atropelasse o Neco. “Depois, pedi à senhora que tirasse a viatura do meio da estrada, porque estava a obstruir o trânsito e comecei a prestar cuidados ao animal. É nessa altura, que ouço uma senhora do lado oposto da rua a chamar pelo Neco. Pedi à senhora, que se aproximasse e avisei que tinha de ir urgentemente ao veterinário com ele. Visto que o marido da senhora não estava em casa, ofereci-me para ser eu próprio a levá-lo, dei o meu número de telemóvel à senhora, peguei-lhe nos braços, pus-lhe dentro da viatura, liguei o quatro piscas e dirigi-me à clínica My Pet, no Caminho do Pico do Funcho, 116. Deixando lá o Neco, a dona voltou a aparecer, agradecendo-me, abraçou-me e desejei as melhoras. Foi mandando-me mensagens diariamente a dar novidades do estado de saúde do animal de estimação”, acrescentou.
“O primeiro condutor
acobardou-se e fugiu”
Vanda Cordeiro, a dona do Neco, assume que tudo foi um role de coincidências lamentáveis, admitindo também ter havido uma distracção que não costuma acontecer, que não desculpabiliza o acto de cobardia do primeiro condutor. “O Neco estava com o meu filho, eu estava a fazer o jantar e não demos conta que o Neco tivesse fugido para a rua, porque o meu sogro foi ao seu carro e deixou a porta aberta. Pensava que ele estivesse em casa, porque por vezes esconde-se, chamei por ele, mas não dava sinal de si e foi quando o meu sogro disse-me que tinha ido ao seu carro. Corri para a rua, pensei que estivesse escondido por debaixo de algum veículo automóvel, quando notei, mais à frente, o meu cão nas mãos do Miguel, que quis levá-lo ao veterinário, porque não tenho carta”.
Vanda Cordeiro disse que “o segundo condutor parou e chamou a PSP, contando o sucedido. O primeiro condutor acobardou-se e fugiu depois de ter atropelado o Neco”, acentuou.
“Costuma-se dizer que atrás de uma bola vem sempre uma criança, mas atrás de um animal também vem uma criança, ainda por cima numa passadeira. Foi o Neco, mas poderia ter sido uma criança”, lamentou.
Aqui entra uma das obrigações dos condutores. Sempre que um condutor se aproximar de passadeiras para peões deve reduzir, de imediato, a velocidade, o que não terá acontecido, onde ainda poderemos entrar nas seguintes suposições: ou o primeiro condutor estaria alcoolizado, não tinha carta ou nem tinha seguro automóvel, para fugir, depois de atropelar o Neco, sem prestar assistência e assumir a responsabilidade.
“Excepcionalmente bem observado”
O Neco foi assistido na clínica veterinária My Pet, onde foi rigorosamente examinado, porque ali chegou com muitas mazelas, a sangrar e com um dente partido. “Foi excepcionalmente bem observado pelo médico veterinário Ricardo Carreiro e teve alta ao final do dia seguinte”, no Sábado.
A My Pet confirmou a ocorrência, revelando que a ficha Neco está no nome do marido da Vanda Cordeiro.
A PSP regressou ainda no mesmo dia à casa da nossa entrevistada para informar que não tinha havido qualquer dano no segundo veículo automóvel. As autoridades também reconheceram, que o Neco está devidamente registado na Junta de Freguesia da Fajã de Baixo, tem chip e a documentação em dia.
Vanda Cordeiro voltou a reconhecer a responsabilidade da situação, porque é a “dona do Neco e ele estava sozinho na via pública”, sem trela, o que é proibido por lei, mas por outro lado, “é irresponsável, imoral e mesmo potencialmente criminoso, andar com um carro a altas velocidades, sobretudo em zonas habitadas”.
No tratamento do Neco foram gastos 400 euros, “que valeram muito a pena gastá-los”, disse.
No demais, Vanda Cordeiro mostra-se de consciência tranquila, porque tudo fez “para que o Neco tivesse tido o melhor tratamento possível, o que veio a acontecer. Ele está ainda traumatizado, não quer ir comigo ao Parque Urbano, mas vai continuar a ter o nosso carinho”, finalizou.
Marco Sousa