Luís Lima, Presidente da Junta de Freguesia de Nordeste, aponta a falta de emprego para os jovens, a sua fixação na freguesia e o rejuvenescimento da população como os principais problemas. Afirma que a via rápida para o Nordeste está incompleta desde a sua execução. Quanto às obras na antiga via, entende que foram poucas e que, “atendendo à sua dimensão, é muito difícil e até muito perigoso a circulação de pessoas e veículos.”
Correio dos Açores – Que retrato faz da freguesia de Nordeste?
Luís Lima (Presidente da Junta de Freguesia de Nordeste) – A freguesia de Nordeste fica afastada dos grandes centros, por isso é uma freguesia com dificuldades de emprego e com uma população um pouco envelhecida. Os jovens vêem-se obrigados a ausentarem-se para completar os seus estudos e quando os concluem é difícil voltar para se fixarem. Contudo, é uma freguesia que oferece belezas naturais de fazer inveja, que tem nos seus residentes pessoas meigas e de trato fácil e, por isso mesmo, é muito apreciada por turistas e residentes nos Açores que nos visitam.
Quais são as principais dificuldades que a freguesia enfrenta actualmente?
As principais dificuldades são a falta de emprego e a fixação dos jovens na freguesia, e o rejuvenescimento da sua população.
Qual a dimensão da carência de habitações na freguesia?
Actualmente, com as taxas de juro e condicionamento para obter um empréstimo, é difícil para um jovem casal adquirir habitação. Contudo, por empenhamento da Câmara Municipal de Nordeste, está em andamento a aquisição, reconstrução e construção de cerca de 70 fogos com o apoio do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, com o objectivo de solucionar o problema ou grande parte dele.
Tem aumentado o tráfico e o número de toxicodependentes na freguesia? A criminalidade tem aumentado também como consequência da toxicodependência?
Não diria que o número tem aumentado. Existem toxicodependentes, mas como é uma freguesia pequena, os casos que existem são conhecidos por todos e creio que por isso não causam problemas na sociedade ao nível de distúrbios ou assaltos. Somos por natureza uma freguesia pacata, onde se pode circular livremente a qualquer hora do dia ou da noite.
Na sua opinião, o que se poderia fazer para solucionar estes problemas?
Alterar a actual legislação no que diz respeito a este problema, dando mais força às autoridades policiais, acelerando os processos e maior intervenção de assistentes sociais.
Qual a dimensão da pobreza na freguesia? O que tem feito a Junta de Freguesia a este nível?
Existem casais que podem passar por algumas dificuldades, mas não se pode falar em pobreza na freguesia. Sempre que solicitada, a Junta de Freguesia intervém com a entrega de alguns géneros alimentares, com deslocações a médicos, idas ao hospital e ajudando em algumas obras de menor dimensão. Nas de maior dimensão, ajudamos encaminhando os seus fregueses.
Qual é a abordagem da Junta de Freguesia ao desenvolvimento do turismo? E qual o seu impacto na freguesia? O número de grupos que fazem o trilho entre a Pedreira e a Fajã do Araújo tem aumentado?
O turismo, a nível de ilha e da Região, é um valor acrescentado para a economia. Neste sentido, é de grande valia para a economia local da freguesia que presido como autarca. Há alguns anos, antes das facilidades actuais de deslocação, quer inter-ilhas, quer para fora da Região, eram poucos os turistas que visitavam a freguesia. Porém, actualmente, são centenas aqueles que nos visitam e usam das nossas condições de hospedagem.
Em referência ao trilho da Fajã do Araújo e a outros existentes na freguesia, a Câmara de Nordeste e a Junta de Freguesia primam por mantê-los o mais limpo possível, pois cada vez mais são visitados por grupos de turistas e não só. O trilho entre a Pedreira e a Fajã do Araújo tem vistas deslumbrantes, e oferece paz e tranquilidade.
Continua empenhado em fazer com que a via rápida para o Nordeste chegue à vila? As obras que foram feitas na antiga via são suficientes para a segurança do trânsito e das pessoas?
A via rápida está incompleta desde a sua execução. As obras efectuadas na antiga via foram muito poucas. Fizeram apenas a asfaltagem do piso e mais recentemente a consolidação de uma arriba. Atendendo à sua dimensão, é muito difícil e até muito perigoso a circulação de pessoas e veículos.
Na sua opinião, o projecto de beneficiação e remodelação da zona balnear da Foz da Ribeira já deveria ter avançado? Considera que deveria haver maior empenho do Governo na sua execução?
Não só já deveria ter avançado, como deveria estar concluído há muito, pois, para quem conhece, é um local muito visitado e usado na época balnear, e há mais de 25 anos prometido.
Pode dizer-se que hoje em dia há maior segurança de pessoas e bens em tempo de enxurradas na zona da Pedreira? Quer explicar?
Há maior segurança, uma vez que, após as últimas enxurradas que provocaram o pânico e os estragos que se verificaram na altura, passou a haver maior cuidado nas limpezas e manutenção de ribeiras e outros veios de água.
A freguesia tem potencial para se desenvolver mais? Em que áreas?
Antes de mais, a freguesia necessita de criar emprego para os jovens. Sou da opinião de que é necessário um estudo acerca do assunto por alguém entendido na matéria, caso contrário é ver abrir alguns pequenos comércios e, com muita pena nossa, vê-los fechar portas alguns meses depois.
Quais são as principais prioridades de desenvolvimento nos próximos anos?
Em primeiro lugar, um estudo sobre o assunto e depois arregaçar as mangas e pôr mãos à obra, apoiando os investidores e incentivando os locais. Esta Junta de Freguesia está sempre disponível para ajudar em tudo o que seja burocrático.
Quer deixar alguma mensagem aos nossos leitores?
Convido todas as pessoas a visitarem o Nordeste, para poderem contactar de perto com a natureza, com os seus residentes, com a sua restauração e comércio local. Aqui, a ilha é outra.
Carlota Pimentel