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“Temos que incutir o gosto pelas nossas tradições nos mais jovens para que não se percam”, afirma Albertina Oliveira

Para Albertina Oliveira “a participação leva ao gosto pela festa”. É com este conselho que a vereadora na Câmara da Lagoa, que cumpre o seu segundo mandato, indica ao Correio dos Açores qual é a melhor forma destas festividades “influenciarem a vida em comunidade. Indica ainda quais “os maiores desafios” que enfrenta ao organizar o Cantar às Estrelas, concluindo que “a tradição é para continuar”.

Correio dos Açores – Como começou a sua participação nos grupos que vão Cantar às Estrelas na Lagoa?
Albertina Oliveira (Vereadora da Câmara Municipal da Lagoa) – Eu já participava no Cantar às Estrelas na Ribeira Chã quando era Presidente da Junta de Freguesia uma vez que fazia parte do grupo de serenatas e cantares de Vila Franca do Campo. Eu dei continuidade, desde que sou vereadora na Câmara da Lagoa, a uma tradição que já existia. A Câmara, em parceria com a Igreja Matriz da Lagoa e a Sociedade Filarmónica Estrela de Alva, começaram a cultivar esta tradição no concelho.

Qual é o tema das suas letras?
A temática é sempre dedicada à Senhora da Estrela. Os vários grupos de cantares e instituições que participam no cantar partem em desfile da Câmara em direcção à Igreja.

Participa há quantos anos no Cantar às Estrelas?
Aqui na Lagoa já participo há 10 anos. Participava antes em Vila Franca do Campo.

Há evolução do evento ao longo dos anos?
Tem evoluído de uma maneira satisfa-tória. Cada vez mais os grupos, as escolas e a comunidade abrem as suas portas para o desfile. Este ano vamos ter cerca de 500 pessoas a participar e vamos ter dois grupos de cantares que são de fora do concelho.

Como é o processo de preparação para o Cantar às Estrelas? E quanto tempo antes do evento os grupos começam a ensaiar?
Normalmente, os grupos começam a juntar-se, a fazer as letras e a ensaiar depois da época natalícia. A Câmara costumava a ter um grupo de cantares que, infelizmente, depois da pandemia, ficou inactivo. Um dos objectivos passa por reactivar este grupo de cantares de trabalhadores da Câmara.

Qual é o papel dos chefes dos grupos na organização e preparação?
O chefe de grupo é o responsável pelo cantar. Há grupos que fazem a sua própria música e letra para cantar em homenagem. O chefe é responsável por reunir e mobilizar as pessoas que queiram participar no cantar. Existem grupos de cantares que só se reúnem para esta altura como as escolas ou o grupo de cantares que existia na Câmara Municipal da Lagoa. Os chefes também são responsáveis por marcarem os ensaios, pela ornamentação do traje uma vez que existem grupos que vêm com acessórios alusivos ao Cantar às Estrelas.

Qual é a importância cultural e histórica de Cantar às Estrelas na Lagoa?
Esta é uma tradição que já remonta há muito tempo. Esta tradição existe, sobretudo, na ilha de São Miguel. É importante cultivar as tradições e, neste sentido, vemos a observação da nossa cultura e da nossa história. Todas as tradições devem ser preservadas e divulgadas para servir de motivação às gerações vindouras e, deste modo, não se perderem no tempo.

Quais foram os maiores desafios que enfrentou ao organizar o Cantar às Estrelas?
O maior desafio que enfrentamos é a mobilização, quer dos grupos de cantares, quer da sociedade para se juntarem. Não há festa sem pessoas e temos sempre o desafio de mobilizar o maior número de pessoas da sociedade a abrir as suas portas e a participar.

Já liderou algum grupo de cantares?
Não, nunca liderei nenhum grupo de cantares. Fui sempre participante, mas nunca liderei.

A Câmara é a única responsável pela organização do cantar?
A Câmara Municipal da Lagoa é responsável por organizar o Cantar às Estrelas, embora este esteja associado a um conjunto de actividades que a Sociedade Filarmónica Estrela de Alva também organiza. Este conjunto de actividades, que começou na quinta-feira e que se prolonga até Domingo, incluem a abertura do quarto onde está a Nossa Senhora da Estrela, uma procissão de velas, um concerto no convento de Santo António, um desfile de cantares, uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Estrela e, no fim, haverá um convívio com entidades locais e restantes membros da sociedade.

A participação no Cantar às Estrelas influenciou a sua vida pessoal e a sua ligação à comunidade?
Nós aprendemos a gostar das coisas. Eu digo sempre aos jovens que a participação leva ao gosto pela festa. A nossa participação faz com que haja motivação para fazer as coisas.
Foi a partir da minha participação que eu comecei a ganhar o gosto pelo cantar. Se ficarmos sempre de fora das actividades, até podemos gostar, mas nunca será a mesma coisa senão participarmos activamente nelas. Eu gosto muito do Cantar às Estrelas porque comecei no grupo de cantares Serenatas da Vila. Este grupo fazia o cantar pelo concelho de Vila Franca e, a certa altura, quando era Presidente da Junta, trouxeram o cantar às estrelas até à Ribeira Chã. Foi isto que me levou a gostar desta tradição.
Pode a nova geração contribuir para a continuidade e vitalidade do evento?
A nova geração pode contribuir se participar activamente. Temos que incutir o gosto pelas nossas tradições para que elas não se percam e, na minha opinião, a melhor maneira de desenvolver este gosto é através da participação activa e efectiva dos mais novos.

Como vê o futuro do Cantar às Estrelas na Lagoa?
Acho que é uma tradição que é para continuar. Não vejo que haja uma decadência de participação de pessoas nesta tradição. Ainda ontem tinha muita gente a participar, os Romeiros, algumas instituições locais, alguns grupos de cantares e a comunidade em si, todos participaram.
Na minha opinião, a fé e a religião leva muito a que as pessoas desenvolvam o gosto por esta festa da Nossa Senhora da Estrela. Antigamente, o Cantar às Estrelas estava associado à fé, uma vez que saía a procissão de fé e as pessoas depois faziam orações com pedidos. Muita da participação das pessoas é através da oração. Os jovens, através da participação dos seus grupos, desenvolvem o gosto por esta tradição.
Os mais novos serão o futuro de amanhã, são eles que darão continuidade à preservação das nossas tradições. Senão incutirmos o gosto pelas tradições, estas vão se perder.
Frederico Figueiredo

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