A Associação Agrícola de São Miguel e a Associação de Jovens Agricultores Micaelenses “lamentaram” ontem as “injustificadas” descidas dos preços do leite à produção decididas pela Prolacto e pela Insulac.
A Insulac baixou este mês de Fevereiro o preço de leite aos seus produtores, em média 1,5 cêntimos por litro, acompanhando a Prolacto que tinha baixado em Janeiro, em média 2 cêntimos por litro.
Estas descidas, na opinião das duas associações de produtores, “contrariam, duma forma clara e objectiva, a tendência positiva dos mercados lácteos a nível nacional e internacional”.
Esta atitude, refere a Associação Agrícola e a Associação de Jovens Agricultores, “constitui uma afronta aos produtores de leite, sendo completamente injustificada neste período, onde os custos de produção permanecem em alta, embora, já se tenham verificado algumas descidas, corno nas rações, no gasóleo agrícola e nos fertilizantes”.
“Infelizmente”, referem as associações, esta postura da indústria “vem reforçar a necessidade de existência de um mecanismo como a redução voluntária da produção de leite, já que algumas indústrias continuam a implementar estratégias antigas, que passam sempre por penalizar os produtores, abdicando de valorizar os seus produtos nos mercados”.
Salientam a Associação Agrícola de São Miguel e a Associação de Jovens Agricultores Micaelenses que “a modernização de algumas indústrias que foi sendo realizada ao longo dos anos não serviu para contrariar a estratégia que não protege a fileira, e ao invés, contribui para desacreditar a excelência do nosso leite”.
Na opinião das duas associações, o sector agrícola “está a passar por grandes dificuldades o que se constata diariamente pelas contestações dos agricultores que ocorrem um pouco por toda a Europa”.
Referem que parte das reivindicações dos agricultores “já estão salvaguardadas na Região, desde à três anos, nomeadamente, pela inexistência de rateios nas ajudas pagas aos agricultores açorianos”.
Ao sector agrícola, sublinham as duas associações de produtores de leite de São Miguel, “são exigidas regras de bem-estar animal, de sanidade animal ou de boas práticas agrícolas e ambientais que têm de ser devidamente cumpridas”.
Os agricultores “são resilientes, mas existem limites que não podem ser atingidos e são inconcebíveis numa sociedade moderna e plural”, salientam as duas associações de produtores antes de concluírem que, “tal como é do conhecimento público, as indústrias têm lucros anuais significativos, mas estes, não podem ter só como origem as baixas de preço de leite aos produtores. Esta não é uma situação nem justa, nem digna para ninguém.”
Segundo os dados do Serviço Regional de Estatística, no ano 2020 os produtores açorianos tiveram uma produção de leite na ordem dos 652 milhões de litros de leite, passando para 607,4 milhões de litros de leite em 2023, o que representa uma redução de 44,5 milhões de litros de leite em três anos.
De harmonia com os mesmos dados estatísticos, a produção de leite na Região em 2021 foi de 643,5 milhões de litros de leite, passando para 601 milhões de litros de leite no ano seguinte, 2022, o que representa, no global uma diminuição na ordem dos 41,8 milhões de litros de leite, face à reestruturação do sector que está em curso.