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“Queremos deixar uma marca que fique não só nos nossos miúdos”, afirma Juvenal Martins nodia em que o Marítimo Sport Clube celebra 90 anos

Juvenal Martins é Presidente do Marítimo Sport Clube desde Junho, embora já sinta o clube “desde os 10 anos”. Acompanhado pelo Vice-presidente, Liberal Carreiro, que também sente o clube “há mais de uma vintena de anos”, fizeram um balanço ao Correio dos Açores sobre o que tem sido desenvolvido no clube e o que ainda está por fazer. No dia em que o Marítimo celebra 90 anos, deixam a certeza de que o melhor objectivo foi “o de o clube ter uma sede própria” e deixam uma promessa: “Enquanto estiverem cá os 7 magníficos, esse clube vai continuar”.

Que planos tem para o Marítimo neste novo mandato?
O maior plano que foi delineado pela Direcção foi construir as infra-estruturas para continuarmos a competir com dignidade e podermos elevar, cada vez mais, o nome do Marítimo mais alto. Esta direcção quando se propus a fazer um trabalho para além de solidário, desportivo viu que eram necessárias muitas renovações. O clube estava a precisar de muitas obras, que neste momento estão em execução e que possivelmente só terminarão no próximo ano civil. Precisamos de ganhar infra-estruturas para os nossos atletas que não são naturais de cá, por exemplo o nosso apartamento que fica na sede do clube está a ser usado por um atleta, e sua respectiva família, que veio da Argentina.
Temos feito um trabalho que poderá não ser tão visível mas que é o trabalho que temos em mente e que é preciso fazer. Temos uma dinâmica extremamente importante naquilo que é o avançar para um futuro sempre mais risonho para o clube e onde a parte social é também uma parte muito importante para o clube. Iremos sempre tentar dignificar o Marítimo, é este o nosso grande objectivo.

O clube tem modalidades que não são tão visíveis?
Uma das modalidades que já existe há mais de uma década aqui no clube e que não é tão visível é o ciclismo. Temos também alguns atletas que jogam com o nome do Marítimo em desportos virtuais. Já tivemos o andebol que, infelizmente, derivado a situações muito tristes que aconteceram, tivemos que encerrar uma vez que fomos perdendo vários atletas. Neste momento não há andebol na ilha uma vez que só existe uma equipa. O nosso foco actual é em três modalidades: futebol, hóquei em patins e ciclismo.

Como são desenvolvidas essas modalidades?
No futebol temos desenvolvido algum trabalho apesar de cada vez ser mais difícil. A oferta que existe para os jovens hoje dificulta a sua manutenção no futebol. Embora seja a modalidade mais fácil e mais económica para toda a gente. É sempre difícil subir um patamar devido à falta de apoios e onde a modalidade fica cada vez mais cara. Foi com um grande esforço que o futebol sénior se manteve. Na formação, estamos paulatinamente a crescer, já com alguns resultados muito positivos. O futebol é uma grande parte visível do clube.
No hóquei temos desenvolvido um trabalho excelente. Para além da cooperação dos pais dos atletas, temos pessoas muito válidas à frente da formação. Na equipa sénior o trabalho tem sido muito bom. Estamos em primeiro lugar na terceira divisão, com uma equipa que foi feita com grande poderio e pensada para subir de divisão.

Tencionam abrir outras modalidades?
Já tivemos hipóteses de abrir outras modalidades. Por exemplo já existiu, durante muitos anos, a modalidade de basquete onde fomos campeões. Infelizmente, devido à falta de disponibilidade das pessoas que estavam responsáveis, tivemos que fechar.
Todo o desporto é feito por pessoas que gostam e que sigam a modalidade. A Direcção, por si só, não tem a capacidade para ter mais modalidades se não tiver pessoas a entrar no clube com ideias novas e com vontade. Estamos sempre disponíveis a ouvir novos projectos.

Qual é a melhor memória que tem do Marítimo?
A melhor memória que tenho é a do Marítimo ter uma sede própria. Para além disso, temos vários troféus nos vários escalões de formação e de sénior.
Atingimos todos os objectivos que pretendíamos cumprir, mas a nossa maior conquista é ter uma sede própria. Os dias de hoje não são fáceis, felizmente temos o contributo de alguns associados e de algumas empresas e vamos tirando frutos para que o clube tenha uma vida saudável e uma boa representação a nível do desporto local.

Que legado a direcção espera deixar?
Queremos deixar uma marca que fique não só nos nossos miúdos mas também nos seus pais e avós. Por exemplo, fui informado que um grande jogador regional e que foi formado cá deseja acabar a carreira no Marítimo. Outros jogadores que passaram por vários clubes também disseram que o melhor clube onde estiveram foi o Marítimo. Este clube tem algo especial, que marca as pessoas. Queremos continuar a deixar essa marca. Estamos a construir umas boas bases de formação para depois podermos colher frutos mais à frente.

O Marítimo é um clube que serve como factor de inclusão social para muitos jovens?
Claramente. Por exemplo temos alguns miúdos com alguns problemas na formação que estão connosco e que nunca sofreram nenhum tipo de discriminação por isso. Queremos que os nossos jovens atletas se divirtam e se sintam integrados acima de tudo. O desporto no Marítimo é gratuito. Os nossos atletas não têm qualquer custo ou obrigação para praticar desporto ao contrário do que acontece noutras instituições. O Marítimo oferece tudo para que os jovens chegam cá e pratiquem desporto de uma forma saudável uma vez que o nosso grande objectivo é tirar miúdos das ruas. Não diferenciamos atletas, tentamos sim integrar todos da mesma forma.
Sempre fomos virados para a parte mais social. Por exemplo, recentemente fizemos um jantar comemorativo com a Seara de Trigo. Temos recebido contactos por parte de outra instituição que é a Aurora Social. Tenho a certeza que a inclusão desses jovens connosco irá resultar de certeza. Queremos deixar uma marca.

Tem algum arrependimento enquanto dirigente do Marítimo?
Sinceramente não. Sabemos que nada é fácil, criamos objectivos e seguimos uma linha de orientação. O mais importante de tudo é a vontade e o querer. Temos desenvolvido muita coisa no clube não só na parte desportivas mas também na parte social.
Felizmente o nosso trabalho tem sido reconhecido até por adversários, como podemos ver recentemente nas páginas sociais do Riba D’Ave e do Juventude de Viana. A forma de recebermos e de encararmos a parte desportiva está sempre relacionada com a parte social. A marca do Marítimo é de receber bem e de se dar bem com toda a gente. A nossa alegria maior é sermos reconhecidos dessa forma e isso é mais importante que títulos.

Que mensagem quer deixar nesta data simbólica?
Vale a pena gostar e ser do Marítimo. Porque este clube está a deixar marcas quer na sociedade quer no desporto. Este é o nosso lema e vamos dar sempre tudo pelo melhor do clube. Somos o 4/5 clube com mais anos de existência em São Miguel. É um orgulho ter este clube sempre vivo e enquanto estiverem cá os 7 magníficos esse clube vai continuar. O Marítimo é um gigante adormecido com um palmarés reconhecido por todos. Recebemos também muitas mensagens e peças em sinal de gratidão de ex-atletas. Isto é sinal que estamos a fazer as coisas bem.
Frederico Figueiredo

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