- Eleições. A seguir à lida das listas para o ato eleitoral, que deram verdadeiro brado pelas razões mais variadas, vieram os comentários costumeiros porque uns não seriam competentes, outros porque não seriam representativos ainda outros porque andavam sempre atrás do líder, na primeira fila e prontos para todo o serviço. Isto já vem dos primórdios do arranque da Autonomia e em democracia há sempre desaforos de aspiração a qualquer coisa. Vieram depois os cartazes, muito menos do que era habitual e um ou outro de mau gosto! Em campanha eleitoral não vale tudo. Os folhetos foram entregues um pouco tardiamente e quase nenhum deles se debruçava a sério com os verdadeiros problemas e aspirações do nosso povo. Eram uma espécie de relato de promessas a cumprir, algumas delas com bolor de gadelha! E nem por isso o povo deixou de votar, essencialmente porque havia um lote de partidos que eram de protesto e de certa ameaça e uns poucos que já haviam mostrado o que valiam!
- Campanha. Pareceu-me que nesta campanha houve mais comida que música na rua! O nosso primeiro Presidente, doutor Mota Amaral, sempre defendia que a campanha eleitoral para as diversas eleições era a festa da democracia! Percorria-se tudo galgando caminhos e veredas e havia sempre um sorriso e um contacto próximo e uma palavra de esperança para quem esteve abandonado à sua sorte durante um longo período da história destas ilhas! E havia, como agora houve, apesar de em menor escala, música e bandeiras com músicos que animavam a malta e chamavam as pessoas à porta. Há muita forma de não deixar que a abstenção suba e que as pessoas participem com maior empenho e responsabilidade, exercendo bem a sua cidadania. Nesta campanha vieram batalhões de jornalistas e repórteres do Continente como raramente se vê e até houve algum exagero em duplicar as equipas de serviço público como foi o caso da RTP- canal 1, que parece que ignoraram que nos Açores havia uma RTP- Açores já com provas dadas nestas andanças eleitorais! Isto já para não falar nas inúmeras asneiras ouvidas dos enviados especiais dos canais nacionais que certamente conheciam o Arquipélago apenas pela Meteorologia!
- Os resultados. Muitos cidadãos nem se espantaram com os resultados eleitorais porque já estavam contando com a vantagem da COLIGAÇÃO que nos governou com êxito, pelo menos nalguns setores, nos últimos três anos com BOLIEIRO como líder e com o partido de Vasco Cordeiro, derrotado, que provavelmente irá para a Europa, perspectivando-se como sua sucessora Cristina Calisto, a confirmar-se o que por aí se diz. O CHEGA veio confirmar que é um partido do protesto, mas foi o único que subiu e alcançou a eleição de 5 deputados, e por isso já está a ameaçar querer ir para o novo governo!
Os pequenos salvaram-se pela chamada COMPENSAÇÃO, que é a contagem dos votos sobrantes que se vão distribuir pelos pequenos partidos, uma discutível invenção que para muitos deu resultado e torna o Parlamento Regional mais plural e mais aguerrido! A COLIGAÇÃO conseguiu atingir 42 por cento dos votos de todas as ilhas, ganhando em 6 ilhas, em treze concelhos e em 106 das 155 freguesias da Região Autónoma. Faltou a BOLIEIRO três deputados para atingir a maioria absoluta, e aqui é que está o busílis da questão, que ele com os seus reconhecidos dotes vai tentar ultrapassar em negociações que não serão fáceis porque, nestas alturas é que se vê o verdadeiro calibre de quem defende em primeiro lugar a Região e o seu povo, esquecendo os interesses partidários de cada um dos intervenientes. - As Ilhas. Um breve relance pelas nossas nove ilhas permite-nos tirar algumas ilações com alguma curiosidade. A Coligação não logrou ganhar em Santa Maria, no Corvo e nas Flores e em São Miguel na Lagoa e na Povoação, apesar de ter melhorado a sua votação. Mas o mais interessante é que a COLIGAÇÃO DE BOLIEIRO perdeu as eleições no CORVO e nas FLORES precisamente nas ilhas onde mais se investiu em todos os capítulos, com o eleitorado a não reconhecer o avultado trabalho que foi realizado naquelas duas pequenas ilhas, com o Corvo à frente, cujos candidatos ganhadores terão pesado na sua decisão!
- E que festa virá agora? BOLIEIRO, na sua magia de conversações e de capacidade de diálogo irá procurar governar com a maioria que alcançou com 26 deputados eleitos e já “DESAFIOU OS OUTROS PARTIDOS A ASSUMIREM AS SUAS RESPONSABILIDADES NO PARLAMENTO AÇORIANO”. Assim começa este desafio importante para os açorianos numa altura difícil da situação política do país e da estratégia de desenvolvimento desta nossa Região Autónoma, no combate aos bairrismos bacocos e quezilentos e ao centralismo do Terreiro do Paço que muitas vezes parece que se esquece destas nove ilhas no meio do Atlântico! Precisamos agora de sangue renovado, com ideias e determinação, com competência e seriedade, que suscitem a confiança do cidadão eleitor. Que seja um governo de combate mas determinado a respeitar as verdadeiras prioridades destas ilhas! Que tenha em conta os alertas do TRIBUNAL DE CONTAS, em relação ao enquadramento financeiro e orçamental e prestação de contas (dívida acumulada) e à contratação pública, não esquecendo a fiscalização de todas as Juntas, Casas do Povo, Centros Sociais e Bombeiros, e também os alertas do Presidente do CESA, Dr. Gualter Furtado, muito oportunos e prementes, e, por fim, que ponha cobro imediatamente à subida dos preços dos bens alimentares que bloqueiam a carteira do contribuinte! E todas estas prioridades, quanto a mim, não têm sequer discussão possível! Na cidade capital dos Açores,
em vésperas do Entrudo de 2024. Eduardo Medeiros