Vasco Cordeiro anunciou que o Grupo Parlamentar do PS no Parlamento dos Açores votará contra o programa de Governo da coligação PSD/CDS/PPM, no sentido de “honrar a confiança” dos eleitores açorianos que votaram PS no passado dia 4 de Fevereiro e os “valores e princípios” do PS.
O Presidente do PS/Açores e líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional falava em conferência de imprensa, em Ponta Delgada, anunciado a decisão, que foi “aprovada por unanimidade”, pelo Secretariado Regional e pela Comissão Regional, o órgão máximo entre congressos do PS/Açores.
“O PS toma esta decisão porque entende que é isto que serve melhor o interesse dos Açores e os interesses da democracia açoriana, da nossa Autonomia. Fá-lo já exactamente porque é necessário tornar claro já e não em função dos resultados das eleições de 10 de Março, qual é a nossa opção, qual é a nossa decisão e as razões que a justificam”, afirmou Vasco Cordeiro ao longo da conferência de Imprensa.
Vasco Cordeiro recordou que, nas eleições de 4 de Fevereiro, “mais de 41 mil açorianos confiaram nas propostas do PS/Açores para os próximos 4 anos”, realçando que os resultados eleitorais foram “claros”, no sentido em que os açorianos “entregaram a função de principal partido da oposição ao PS”, face à “maioria da direita no Parlamento dos Açores”.
O Presidente do PS/Açores destacou que “há política nacional a mais e Açores a menos” na gestão que a coligação PSD/CDS/PPM e HEGA estão a fazer, motivo pelo qual o PS/Açores “torna clara, desde já, a posição política que assume face ao programa do XIV Governo Regional”, em “sinal de respeito pela Autonomia”.
Vasco Cordeiro criticou os “silêncios” e as “expressões dúbias e dúplices” com que o PSD e o Chega estão a tratar o futuro dos Açores, acusando-os e de “não agir em função do interesse dos açorianos”, mas “em função daquilo que interessa aos directórios nacionais desses partidos, nomeadamente daquilo que lhes interessa por causa das eleições do próximo dia 10 de Março”.
Sublinhou que a vontade do povo açoriano “não pode ser atropelada pelo interesse político passageiro, pela táctica partidária interesseira ou pelo serviço a interesses externos à Região”, classificando como “absurda” a ideia de que “escolhido um projecto político, todos os outros se lhe devem submeter, expressa ou tacitamente, até novas eleições”.
Vasco Cordeiro realçou que os partidos da direita e da extrema-direita constituem a “principal ameaça à estabilidade política nos Açores”, tendo a coligação PSD/CDS/PPM “fracassado no seu objectivo de alcançar a maioria absoluta” nestas eleições regionais.
O Presidente do PS/Açores lembrou que o Chega, “após ter sido alimentado, acarinhado, namorado e aliciado pelo XIII Governo Regional e pelo PSD/Açores, cresceu eleitoralmente, e assume-se agora como o fiel da balança da direita nos Açores”, interpretando os apelos da coligação PSD/CDS/PPM ao PS/Açores para viabilizar o Programa do XIV Governo Regional como “uma tentativa desesperada de se livrar de alguém [Chega] que, politicamente, e para a Coligação, se tornou demasiado forte e incómodo”.
“A consequência política da viabilização do programa de Governo da Coligação por parte do PS seria a subversão total e absoluta da vontade dos açorianos: o principal partido da oposição passaria a ser o Chega e o PS/Açores passaria a ser a muleta política do XIV Governo Regional e da Coligação PSD/CDS/PPM”, frisou.
“O PS/Açores não se deixa envolver pela amálgama política criada pelos partidos da direita e extrema-direita Açoriana”, garantiu o Presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro.
Vasco Cordeiro: “A partir
de 10 de Março
tudo se há-de resolver…”
Vasco Cordeiro foi posto perante a questão do Correio dos Açores sobre se, (na eventualidade do chumbo do programa na Assembleia Legislativa, o Governo cair), não receia que o eleitorado reforce a sua votação na direita e extrema-direita e penalize o PS? A resposta de Vasco Cordeiro: “Vamos ser claros: Gerindo aquilo que é a sua expectativa, o PS/Açores toma esta decisão porque corresponde àquilo que nós entendemos ser o correcto e o necessário neste momento. E o que é correcto e necessário neste momento é que, face à opacidade do discurso político que graça na direita e na extrema direita, (…) o que é importante é tornar claro, transparente e explicar aos açorianos quais as razões da nossa decisão”.
Perante outra questão se não teme ser o causador da instabilidade política nos Açores, Vasco Cordeiro respondeu que “não. Porque é que a questão é colocada desta forma?”. O jornalista responde: “Porque a bola está do lado do PS”. E Vasco Cordeiro retorquiu: “Não, a bola não está do lado do PS. A bola está do lado da maioria de direita que existe no Parlamento dos Açores, fruto da vontade dos açorianos. (…) O PS tem é a obrigação (é esta a forma como interpreto) de tornar q sua posição clara, é preciso clareza. A situação política nos Açores está demasiado opaca e pouco transparente. E O PS/Açores não contribuirá para esta opacidade e para esta falta de transparência.”
Outra pergunta: Quando afirma que haverá respostas para a evolução política regional após as eleições nacionais de 10 de Março, o que quer dizer? A resposta de Vasco Cordeiro deixa no ar uma insinuação: “No dia 10 de Março vamos ter eleições. E eu acho que depois do dia 10 de Março tudo se tornará mais claro exactamente porque eu acho (estou convencido disto) que a gestão por parte dos partidos da direita e da extrema-direita nos Açores desta situação está a ser feita não em função dos interesses dos açorianos, mas em função do que interesse aos partidos nacionais”.
E o Correio dos Açores colocou, a propósito, uma última questão: Insinuou, mais do que uma vez. que, a partir de 10 de Março, teremos nos Açores um Governo PSD/CDS/PPM/Chega? É esta a sua convicção? A resposta do líder do PS/A: “(…) Acho que sim, que isto corresponde ao meu entendimento, à minha percepção. Depois de 10 de Março tudo se há-de resolver”, palavras de Vasco Cordeiro.
J.P.