O aparecimento de algas nas praias da ilha de São Miguel, como a de São Roque, Pópulo e Mosteiros, apresentam uma inexistência de risco de saúde imediato e significativo para os residentes e turistas, segundo um estudo realizado no México no início do ano.
Em declarações ao Correio dos Açores, o biólogo João Faria, da CIBIO-Açores, refere que o estudo indica que só aqueles que trabalham na remoção do sargaço podem ter um risco de exposição mais elevado ao sulfito de hidrogénio, que é tóxico.
O biólogo menciona ainda um estudo feito em 2020, que afirma que as pessoas que habitam em zonas com acumulações grandes e frequentes desta alga, como acontece na zona das Caraíbas e no México, podem estar mais expostas ao H2S – Sulfato de hidrogénio – a níveis prejudiciais para a saúde. Este estudo indica que “há um maior número de queixas ao nível neurológico, digestivo e respiratório em pacientes de zonas com elevadas acumulações de sargaço e com maiores níveis de H2S no ar”.
João Faria afirma que, segundo o estudo, as algas que têm aparecido nos últimos meses apenas libertam gases no interior de grandes concentrações, por isso acaba por ser mais prejudicial para as pessoas que limpam as praias por “manipularem” as algas.
Sobre a possibilidade de as praias açorianas ficarem interditas, o biólogo da CIBIO-Açores afirma que quando há uma grande concentração desta espécie nas praias do México, os municípios costumam limpar e isso afasta logo a possibilidade de proibição de as pessoas nadarem nestas praias.
“O sargaço acaba por ser uma alga boa”, avança o biólogo João Faria, recorrendo aos estudos realizados. “É uma alga que flutua e que vem do sudoeste por causa do vento. A zona também é conhecida como mar dos sargaços. Estas algas acabam por ser um refúgio para centenas de espécies que vivem na zona costeira, alimentando-as. As algas que apareceram nos últimos anos, as de origem Rugulopteryx okamurae, é uma alga má”, explica.
Entre 17 e 23 de Janeiro, foram recolhidas 150 toneladas de algas nas praias das Milícias e do Pópulo, com o apoio de um tractor, um reboque e uma retroescavadora, de acordo com a Câmara Municipal de Ponta Delgada. Mas, quer a praia do Pópulo (como a foto documenta), como a praia de São Roque estão, novamente, cheias destas algas.
Filipe Torres