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Pensamentos

1- Levo a consciência da derrota como um pendão de vitória.
Na vida tudo foi quase, tudo e quase.
Todos deviam pensar nisso, especialmente aqueles que procuram nesta vida vitórias absolutas.
2- Que mundo é este?
Que tipo de homem é este?
Em Portugal agravou-se a atmosfera moral e intelectual grassando uma ignorância podre e uma corrupção criminosa.
Temos instalados nas altas esferas do poder indivíduos sem um nível mínimo de cultura filosófica, política e a minoria culta está paralisada, inutilizada por esta atmosfera tóxica.
O indivíduo nada pode contra as instituições pseudodemocráticas, é a ditadura da choldra, para parafrasear o grande Eça de Queirós.
3- Mas criticar é fácil, fazer melhor é que é difícil.
Deixam-me sempre confuso as palavras boas, pois quase ninguém faz uso da moral e da justiça.
4- Mas para suavizar o tom cáustico e atrabiliário deste escrito, vou contar algumas histórias que ouvi no meu tempo de estudante de Coimbra, muitas delas inspiradas no livro “In illo tempore” de Trindade Coelho.
JOAO DE DEUS o grande poeta de S.Bartolomeu de Messines foi contemporâneo de Antero de Quental em Coimbra e é dele o poema que dedicou a Antero após a morte suicidária deste último.
Aqui jaz pó, eu não
Eu sou quem fui
Raio animado de uma luz celeste
Restituindo à terra o pó que a veste
João de Deus levou dez anos a formar-se em direito, tantos quantos o cerco de Troia.
Antero não levou tanto tempo a formar-se em direito mas consta que num exame quando o lente examinador lhe perguntou quantas formas tem o processo civil terá respondido que eram infinitas.
João de Deus escreveu depois de formado a cartilha maternal um método de aprendizagem de leitura para crianças.
O colega SARAIVA, estabeleceu-se como advogado numa terreola do país profundo.
Tinha na porta do seu escritório uma placa que dizia “aqui advoga-se”
Uma vez perguntaram ao seu cocheiro se o doutor Saraiva ganhava alguma causa, ao que o cocheiro respondeu “ganha-as todas”.
Tem uma força física descomunal os juízes tomam-lhe medo; ficou o causídico então conhecido como o Saraiva das forças.
Reza que um pai de um certo estudante, espantado com os extraordinários gastos que o filho fazia, escreveu para Coimbra a pedir-lhe contas; queria o rol das despesas todos os meses, Ao menos que demónio, para saber em que é que se vai tanto dinheiro embora.
Obediente, prega-lhe o filho a conta seguinte para começar:

Quarto e comida: 18 mil escudos
Roupa lavada: 1.800 escudos
Cosida e engomada: 1.200escudos
Sapateiro e alfaiate: 7 mil escudos
Papel e estampilhas: 2 mil escudos
Barba e cabelo: 500 escudos
Um homem não é de pau: 90 mil escudos
Soma reis: 120 mil e 50 escudos.

As boas contas é assim que se fazem antes cresça que falte que um homem nunca sabe do que vai precisar amanhã.
Há peritos para tudo hoje em dia; quando acabam de gastar o dinheiro que é seu logo querem gastar o dinheiro que é dos outros.
Os governos gastam à tripa forra por essa razão; o dinheiro deles vai para a algibeira do cidadão é para gastar em carros, viagens, assessores e ao fim ao cabo têm razão e uma questão de bom senso e bom gosto.
Se as más políticas dão contas certas no fim, então calem-se as vozes de burro que não chegam ao céu.
E por hoje dou por terminada esta mal alinhavada catilinária.

Pedro Paulo Carvalho da Silva

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