- SERVOS DA POLÍTICA. Há quem pense que os políticos, incluindo os deputados, deveriam previamente passar por uma espécie de filtragem para se evitar insinuações e desvios que acabam por prejudicar o Estado e os cidadãos. Não se pode colocar tudo no mesmo cesto como atiram alguns, e é verdade, até porque seria injusto. Já bastam as demoras do sistema de Justiça por banda do Ministério Público, algumas inconcebíveis, que em vários casos já acarretam uma opção de sanção antecipada. Há quem diga que os políticos sérios e independentes, são aqueles que nunca defendem os seus próprios interesses e não governam apenas para o dia das urnas. Podendo não parecer à primeira vista, estas nuances alteram sobremaneira as decisões enxertadas pelos responsáveis nos diversos graus do poder. Alguns responsáveis políticos entendem, apesar de equivocados, que, em termos de comunicação, basta fazer comunicados (alguns indecifráveis ) e entrevistas que nem todos vêem e umas visitas tipo passeata para inglês ver (neste caso a RTP-A), uma vez que os cidadãos não se apercebem de metade dessas atividades. Como é óbvio não basta fazer campanhas eleitorais com fortes caminhadas, porta a porta, folhetos e fotos, canetas, sacos e t-shirts, de quatro em quatro anos, por norma. É preciso ouvir, saber ouvir com frequência e escutar com atenção, com respeito, com tolerância e paciência, saber realizar a democracia e as suas regras, porque ninguém faz aquela tarefa por obrigação, mas sim por devoção! É preciso tomar o pulso do povo com frequência para não surgirem resultados menos agradáveis! E o povo nunca se engana.
- ARRIFES. A questão da gravidade dos frequentes estragos provocados por enxurradas que transformam algumas ruas dos Arrifes em autênticas ribeiras, sendo um problema que se arrasta há muitos anos, carece de uma solução urgente, em cooperação com as várias entidades envolvidas, governo da Região e seus diversos departamentos, Câmara Municipal de Ponta Delgada e Junta de Freguesia, simplificando o processo burocrático, procurando acudir àquela estafada ocorrência com brevidade e com medidas emergentes exequíveis e práticas que se possam desenvolver por fases, a começar imediatamente a montante. Já sei que houve reuniões e conversações e alguns empurrões de responsabilidades, que parece haver vontade para se solucionar este inquietante problema, sem demoras e sem mastigar soluções e mais soluções e sem recorrer a uns amanhos para acalmar a população! Ora, como se sabe, a população não dorme, a paciência tem limites e os bem amanhados estão acabando! As gavetas dos técnicos são fundas porque os problemas são infindáveis e, por isso, a prioridade deve ser declarada, como a mais urgente e que não fique embrulhada nas boas intenções dos técnicos e dos responsáveis dos vários patamares! E mãos à obra!
- PÓDIO. Esta última campanha eleitoral trouxe à baila uma série de promessas, algumas até vão ao fim desta década que o calor eleitoral foi atirando para o ar , que daqui a dias já ninguém se vai lembrar ! Duas foram registadas como as mais previsíveis de atingir o pódio. Vasco Cordeiro propôs semana de 4 dias para a Administração Pública e Bolieiro, por seu lado, propôs a construção de 2 mil habitações para os próximos 10 anos ! Oxalá que sim!
- NORDESTE. Gostei muito de ler a entrevista de Luís Lima, atual presidente da Junta da Vila sede do concelho do Nordeste, na edição deste jornal de 3 de Fevereiro, durante a qual teve o cuidado de abordar com clareza e convicção as principais questões que afetam aquela ridente Vila e todo o Concelho com uma longa história de isolamento e de esquecimento, com a agravante de alguns dos problemas ventilados serem fundamentais para arranque do verdadeiro desenvolvimento daquela área geográfica desta nossa ilha, sendo que os principais aguardam há largos anos a sua solução que depende essencialmente da vontade política dos decisores regionais e locais, envolvidos que estão os governos de César e de Vasco Cordeiro e agora de Bolieiro, que pela demissão do seu governo não teve tempo de respirar e a Câmara, quase sempre sob administração social democrata, não tem capacidade de resposta para tão vultuoso investimento. Luís Lima começa a entrevista referindo-se à enorme dificuldade de fixação da população jovem e à falta de emprego compatível e de oferta de habitação. Sobre a questão que sobressai no capítulo do Turismo e da qualidade de vida da população local, o presidente da Junta daquela Vila adiantou que o projeto da Foz da Ribeira do Guilherme “Não só já deveria ter avançado como deveria estar concluído há muito, pois, para quem conhece, é um local muito visitado e usado na época balnear, e há mais de 25 anos prometido”. Sem praias e com difíceis acessos ao mar, num investimento que ultrapassa em muito a capacidade financeira da Edilidade, não se consegue avançar sem o apoio concreto do Governo açoriano, como tem acontecido noutras latitudes do Arquipélago. É que, sem esta alavanca resolvida, o Nordeste faz um incompreensível compasso no seu real e desejado desenvolvimento!
- COLISEU. A nossa magnífica sala de espetáculos, polivalente na sua atividade, acolheu novamente os conhecidos bailes do COLISEU que decorreram com todo o brilho e participação e também com notória organização e segurança que em nada desmerece pelo facto da moldura do salão ter sido substituída por iluminação apropriada, sem a moldura da ornamentação tradicional. Foi pena os autoclismos dos WC dos homens terem avariado! Só isso.
Frase da semana: “Os Açores estão a viver neste momento um drama que é a sua incapacidade de se auto-sustentar economicamente e financeiramente”.
Gualter Furtado, presidente do CESA
IN “A Crença”, 19-1- 2024
A seguir às CINZAS DE 2024
Eduardo de Medeiros