O Judo Clube de Ponta Delgada (JCPD) é uma Instituição de Utilidade Pública sem Fins Lucrativos cuja fundação precedeu a implantação da Liberdade em Portugal, tendo sido formado, oficialmente, em Fevereiro de 1974. Desde então tem sido uma “Escola para a Vida” e um garante de Saúde Física, Mental e Social para quantos por lá passam. Durante o meio século da sua existência, formou milhares de judocas moldando-lhes o carácter e contribuindo para criar hábitos de vida saudável onde a máxima “mente sã em corpo sã” é uma realidade.
O JCPD é um dos clubes históricos do judo português e o embrião do judo em São Miguel. Foi pela mão de treinadores com a sua “escola” que os demais clubes existentes em São Miguel conheceram a luz do dia. O JCPD tem sido uma espécie de Kodokan para o judo micaelense.
No JCPD, desde a sua fundação, a vida académica dos atletas é uma prioridade pelo que é incutido nestes a necessidade de conciliarem a prática desportiva com os estudos. Evitou-se cair na tentação de priorizar os resultados desportivos. Não é por acaso que hoje muitos dos que iniciaram a prática da modalidade, no clube, ocupam lugares de destaque, na nossa sociedade e não só, no exercício dos mais variados ofícios. Muitos são médicos, engenheiros, gestores, economistas, professores, empresários, etc.. Mas também, existem técnicos dos mais variados ramos, bancários, profissionais liberais, entre outros. Isto é, temos judocas e ex-judocas a exercer, na sociedade, papeis com grande notoriedade e outros com funções não menos importantes, mas de menor relevância social. No JCPD, a inclusão não tem sido uma palavra vã é uma prática corrente.
A par da sua função social, o JCPD formou ao longo da sua longa existência judocas de excelência, a atestá-lo temos o seu vasto palmarés. Ano após ano, de forma contínua e sistemática, o JCPD tem tido judocas em lugares de pódio, ao mais alto nível. Contam-se pelos dedos de uma mão os anos em que a regra foi quebrada. Têm sido muitos e bons anos a “Formar Campeões”, desportivamente, mas principalmente para a VIDA.
Actualmente, o JCPD acalenta um sonho, o de ter as suas instalações ampliadas de modo a responder à crescente procura pela prática do judo, modalidade olímpica de eleição, que pela sua relevância foi e é considerada prioritária por quem tutela o desporto na Região. Esta obra reveste-se de grande importância porque daria um novo impulso ao clube e à modalidade.
Teria sido a “cereja no topo do bolo” poder inaugurar as referidas instalações, à data das suas “Bodas de Ouro”. Infelizmente passou-se mais uma legislatura e o clube continua pacientemente a aguardar a cedência do terreno, anexo às suas instalações, por parte do Governo Regional dos Açores.
Há mais Desporto para além do futebol pelo que lamento que esta justa pretensão do clube não faça parte das prioridades de quem gere o desporto na Região. À luz daquilo que foi e é o contributo do JCPD para a modalidade e para o desporto concelhio, regional e nacional a satisfação deste sonho, por parte do poder político instituído, é da mais elementar justiça.
Já dizia António Gedeão “quando o homem sonha o mundo pula e avança” e eu questiono-me, porque será que nos Açores o mesmo homem sonha e o mundo teima em não avançar.
José Araújo
