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Um grito e um alerta

1- Estamos numa encruzilhada, consequência do tempo em que vivemos, fustigados pelas guerras que regressaram, destruindo importantes infra-estruturas e deixando um rasto de morte que só no fim se poderá saber quantos perderam a vida. Por mais que se fale em Paz e em segurança, o que temos é exactamente o contrário, e sem saber-se quanto tempo ela durará, porque depois de dois anos de pandemia já se contam mais dois anos de guerra a sério e sem fim à vista.
2- Está em marcha o regresso da indústria de armamento que dará abundante dinheiro a ganhar a muitos, mas empurrará milhões de pessoas para a miséria, que irão engrossar as periferias que existem, quer nos países ricos como nos países pobres, com preponderância na América do Sul, onde dominam já os narcotraficantes que têm vindo a assumir grande poder junto da população, países que dentro de pouco tempo vão ser capturados e governados pelos clãs produtores da droga.
3- Enquanto tudo isso vai acontecendo, sucede que as Instituições criadas a nível mundial para evitar a guerra, acabar com a miséria e garantir a sobrevivência da Democracia, perderam poder, e aos olhos dos cidadãos transformaram-se em “pesos mortes” impotentes para tomarem medidas e estabelecerem o diálogo que se tornou num monólogo ou então passou para um “ringue de boxe” onde se digladiem para saber quem ganha e quem perde.
4- Não precisamos de ir muito longe e basta ver como têm decorrido os debates entre os partidos políticos que antecedem as eleições do dia 10 de Março, num país que apresenta rupturas na sociedade, começando pela Justiça, que precisa de uma revisão do Ministério Publico, que é um Serviço dependente do próprio Governo, assim como fazer-se uma reapreciação dos códigos de processo Penal, Civil, Administrativo e Tributário.
5- Temos, depois, o Serviço Nacional de Saúde, a Educação, a Habitação. E outra reivindicação que não é despicienda e que se prende com o aviso feito pelos militares que vieram a público, a pouco tempo do 25 de Abril dizer que os salários das Forças Armadas têm de ser aumentados. Ninguém lhes tira a razão, mas tal aviso ficou congelado pelo Governo.
6- A este rol há que acrescentar o problema deveras complicado que o Governo deixou em lume brando, e que se prende com as forças de Segurança Publica, resultante de uma medida que, se foi justa para uma classe como a PJ, tornou-se injusta para os milhares de outros agentes de Segurança que ficaram fora do acréscimo salarial.
7- Estes são problemas que o próximo Governo terá de resolver, assim como todos aqueles que deixou pendentes com os Açores.
8- Nos debates que as televisões fizeram não houve respostas precisas por parte dos líderes partidários, como era desejável, mas pior do que isso, foi o tempo que os comentadores e comentadoras convidados pelas televisões demoraram a opinar sobre o que ouviram e sobre o que cada qual pensava quanto à matéria. Foi um mau serviço prestado aos eleitores e aos partidos candidatos.
9- José Manuel Bolieiro foi indigitado como Presidente do Governo Regional dos Açores, e alega que se trata de um “compromisso de estabilidade democrática” porque tem capacidade de diálogo, adiantando que “serei eu e não outro membro do Governo a liderar a negociação e as conversações”.
10- A disponibilidade de José Manuel Bolieiro é importante para ultrapassar os “espinhos” que tem pelo caminho, e o êxito desse caminho depende, em muito, das medidas que irá apresentar para o mandato e o impacto que elas terão, em termos estruturantes, no crescimento da economia, assim como na resposta que terá para suprir as necessidades na habitação, na educação, incluindo o sector profissional público e privado, assim como o sector social, para que sejam garantidos os cuidados aos que precisam de apoio quer à nascença, como no fim da vida.
11- José Manuel Bolieiro, para comandar o “barco” onde irá navegar, precisa de ter como marinheiros gente decidida, dialogante, disponível para o embate das ondas, sem se deixar encandear pela função, e sobretudo pronta para encontrar soluções. Só assim poderá ter êxito no comando deste novo encargo que os Açoreanos lhe atribuíram.

                                      Américo Natalino Viveiros
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