Vem este título a propósito das recentes declarações dum candidato do PS à Assembleia da República dando nota, ufana, de que o Governo da República tinha lançado concurso de Obrigações de Serviço Público (OSP) destinadas a apoiar as ligações aéreas entre o continente e o Faial, Pico e Santa Maria, «incluindo pela primeira vez, a rota Terceira-Funchal-Terceira, com uma OSP financiada pelo Governo da República».
E como a ufania não lhe bastasse recorreu à demagogia e atrevimento primário de atribuir a titularidade desta medida, nomeadamente quando resolveu realçar que «com esta medida do Governo do PS, a ilha Terceira passaria a ter maior conetividade com o exterior e maior ligação a outros mercados emissores do turismo, reforçando a importância na Terceira do setor do turismo», combatendo-se, assim, o problema da sazonalidade.
Em suma, que os Terceirenses deviam, por isso, estar reconhecidos e gratos por tamanha generosidade do PS.
Ora, esta forma de fazer política, que apouca e insulta a nossa inteligência e a nossa memória, é responsável pela desconfiança e descrédito com que muitos dos nossos concidadãos olham atualmente para a política e para os políticos.
Porque, repita-se, é através do exercício da memória contra o esquecimento que o homem pode lutar contra o poder e a demagogia que lhe está associada, relembra-se, a este propósito e a bem da nossa sanidade mental coletiva, o seguinte.
O Governo da República do PS, que governa o país desde 2015, em geringonça, e desde 2022, sozinho, só agora abriu concurso para atribuição das OSP para as ligações aéreas entre o continente e os Açores, e vice-versa, e o Funchal!
Onerando e penalizando, durante este tempo perdido, a Azores Airlines, sozinha, com todos os custos financeiros decorrentes das operações com estas rotas aéreas de serviço público.
Que fez o Ministro das Infraestruturas durante este tempo para resolver este caso?
Nada!
Relembra-se a ligação do continente aos Açores por cabos submarinos, que se arrasta há anos e se faz agora tarde!
Que fez o Ministro das Infraestruturas neste caso?
Nada!
Relembra-se a promessa do Governo da República de apoiar financeiramente em 85% a reconstrução do porto das Flores, danificado aquando do furacão Lorenzo.
Que fez o Ministro das Infraestruturas neste caso?
Alguma coisa, mas muito puxada a ferros!
Eis o currículo de Pedro Nuno dos Santos (PNS) enquanto governante no seu relacionamento com os Açores.
Melhor dizendo, eis um cadastro do mal que PNS fez, enquanto Ministro das Infraestruturas, aos Açores!
Imagine-se, agora, do mal que poderia fazer se se alcandorasse a Primeiro-ministro!?
Mas há mais!
O Governo da República criou um programa de ajudas extraordinárias do Estado (com cerca de 147 milhões de euros), autorizadas por Bruxelas, destinadas a apoiar os agricultores nacionais com o agravamento dos custos de produção decorrentes da guerra da Ucrânia, que deixou, de forma incompreensível e injusta, de fora os agricultores açorianos.
Que fez a Ministra da Agricultura para pôr fim a esta discriminação para com os agricultores dos Açores?
Nada!
O Governo da República criou, e bem, o programa Regressar destinado a apoiar e incentivar financeiramente os nossos emigrantes que quisessem regressar e se fixar de novo em Portugal, dele excluindo, porém, sem qualquer explicação plausível, os açorianos que resolvessem regressar às suas ilhas de origem.
Que fez a Ministra do Trabalho para corrigir isto?
Depois de muitos protestos e requerimentos, lá acabou por transferir verbas para o efeito para a Região.
Os casos aqui relatados são apenas alguns exemplos da forma como os Açores e os açorianos foram tratados pelo Governo da República ao longo dos seus anos de governação, sempre com o silêncio cúmplice e ensurdecedor dos deputados do PS dos Açores!
Daí a nossa insurgência e condenação das declarações do candidato do PS por tentarem fazer de nós autênticos totós.
Importa, por isso, fazer a denúncia e condenação desta forma de atuar do Governo da República, pelo muito que prejudicou os Açores e os açorianos, reivindicando-se e lutando-se por uma mudança de postura e de políticas que devolva o sentido de Estado e de prossecução do Bem Comum àquilo que deve ser o seu relacionamento institucional para com as suas Regiões Autónomas.
Há, assim, que AFIRMAR E DEFENDER os Açores e os açorianos, hoje e sempre, como cidadãos portugueses com plenos e iguais direitos aos dos seus concidadãos do continente, sem qualquer desfavor ou discriminação.
Açores 27 de fevereiro de 2024
Francisco Pimentel