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Entre a ilusão e a verdade

1- O ano de 2024 transcorre num mar de problemas, com destaque para o genocídio a que se assiste diariamente no Oriente médio e sem fim à vista, assim como o desgaste com as ameaças oriundas da Rússia e do Irão e os ataques diários à Ucrânia, sem esquecer os custos que a guerra representa para a Europa, e para os europeus.
2- Neste contexto, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi ao Parlamento Europeu pedir “decisões audazes e coragem política” para construir uma União Europeia de defesa, considerando que nos últimos dois anos desapareceu a “ilusão de que a paz é permanente”. Tal pedido vem tarde, porque a Europa enfrenta já há dois anos uma guerra contra a Rússia.
3- Ursula von der Leyen prosseguiu, dizendo que “nos últimos anos, as ilusões de muitos europeus estilhaçaram-se, como acontece com a ilusão de que a paz é permanente, ou a ilusão de que a Europa, por si só, está a fazer o suficiente em matéria de segurança”, ou a ilusão de que a prosperidade económica pode interessar mais à Rússia do que destruir uma Ucrânia democrática e livre”.
4- A União Europeia, e concretamente a Comissão e o Parlamento, têm estado narcotizados quanto à realidade Europeia, fixados sobretudo na feitura de normas e mais normas que constituem uma enorme teia burocrática, que se torna num garrote às empresas e aos cidadãos, dificultando a sua aplicação, fomentando a corrupção, e muitas vezes impossíveis de aplicar no terreno, levando à criação de movimentos inorgânicos, como acontece, desde há semanas atrás, com as manifestações dos agricultores que nasce em Bruxelas, passa pela França, por Espanha e termina em Portugal, sem esquecer os agricultores dos Açores onde o sector primário é um importante “pulmão” da economia.
5- No meio desse perigoso cenário, e de forma matreira, aparece a Inteligência Artificial a interferir nos actos eleitorais que vão decorrer durante o ano em vários países, entre os quais os EUA e a Rússia, e agora em Portugal.
6- A IA emite opiniões que são, depois, transpostas para as redes sociais transfigurando-se em notícias e vídeos falsos expostos nas redes sociais, ao serviço dos países, onde crescem os partidos xenófobos que precisam formatar os eleitores para se associarem à mensagem torpe dos partidos extremistas.
7- As eleições em Portugal a 10 de Março, assim como as eleições Europeias em Junho, fazem parte do “pote” que está sujeito à manipulação através “dos vídeos, das notícias e das opiniões falsas” que têm como único fim “capturar” as pessoas levando-as depois a acreditarem e optarem pelas supostas verdades que foram postas a circular nas redes sociais e demais plataformas, o que impõe muito cuidado no que se ouve e no que se vê.
8- O XIV Governo dos Açores, presidido por José Manuel Bolieiro, líder do PSD/A e da coligação que inclui o CDS e o PPM, toma posse na Assembleia Legislativa amanhã, dia 4 de Março. Um Governo que se apresenta com maior consistência, e do qual se espera mais acção e decisão para responder aos inúmeros desafios com que os Açores estão confrontados, entre os quais se inclui a Comunicação Social que presta um serviço publico de qualidade, sendo um pilar da democracia, em contraponto com as noticias falsas que chegam ao segundo, minando a credibilidade das pessoas e da politica.
9- Seguindo esse caminho, é de lembrar que o anterior Governo remeteu para o “congelador” a proposta de Decreto legislativo contendo os apoio aos Órgãos de Comunicação Social dos Açores, “jornais e rádios”, devido à contestação de alguns partidos que discordavam de certos requisitos, e que deviam ter sido tratados no Parlamento e não na praça pública… O que foi dito e feito pertence ao passado e o que importa lembrar, é que urge retomar, antes que seja tarde, o decreto legislativo porque a Democracia precisa desse pilar, que pode ruir a qualquer momento… Para quem não sabe, convém lembrar que, nos países democráticos, a Comunicação Social é apoiada financeiramente pelos Governos, enquanto nos países totalitários, os Órgãos de Comunicação Social são propriedade dos governos, como acontece por exemplo na Rússia, na China, no Irão, na Nicarágua ou em Cuba, e todos sabem os resultados!

Américo Natalino Viveiros
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