A campanha eleitoral entrou na sua reta final, decorrendo de maneira pacífica, pelo menos aqui nos Açores, considerando-a assim de positiva, porque está a ser vista como respeitadora pelas opiniões diferentes, pelo diálogo construtivo e pela tentativa da busca de soluções para se enfrentar os inúmeros desafios que se apresentam à sociedade.
Esta campanha tem contribuído, assim, para se construir uma democracia robusta e assegurar a representação adequada na Assembleia da República, em defesa dos interesses da nossa população.
Nestas eleições serão eleitos 230 deputados e são 19 as forças políticas a concorrer, estimando-seque serão gastos em propaganda mais de 8 milhões de euros, sendo que dois terços são dos maiores Partidos.
Como tem acontecido ultimamente, são muitos os Partidos concorrentes, o que dispersa os eleitores e cada vez mais os Partidos do arco da governação ficam com menos hipóteses de obterem maiorias absolutas, dada a diversidade ideológica que é uma característica comum em muitos sistemas democráticos ocidentais, mas oferece aos eleitores várias opções e perspetivas políticas para escolher.
Não sabemos qual será o resultado da votação final nas urnas, mesmo que à partida nas sondagens a AD leve vantagem, mas como temos visto noutras eleições, as projeções têm falhado, pelo que “prognósticos” só no fim do jogo, que será no próximo domingo.Contudo, a tendência das sondagens é clara, com a Aliança Democrática está sempre na frente e a fugir ao PS, com o Chega com uma expressiva tendência de voto.
A coligação entre PSD, CDS e PPM liderada por Luís Montenegro, comanda praticamente todas as sondagens publicadas desde o fim de janeiro, embora os indecisos sejam uma incógnita que ainda não se desfez.
Entre os partidos mais pequenos com assento na Assembleia da República, a Iniciativa Liberal está à frente do Bloco de Esquerda, com o Livre e o PAN empatados com percentagens residuais.
A entrada dos antigos líderes nas campanhas dos maiores Partidos vieram dar novo élan à corrida eleitoral, numa tentativa clara de se apelar ao voto dos mais indecisos, sobretudo aqueles que estão inclinados a votar no Chega como forma de protesto, registando-se com frequência muitas frases de dirigentes, sobretudo do lado da AD, que têm vindo a criar muitos embaraços a Luís Montenegro.
O cabeça de lista da Aliança Democrática pelo círculo dos Açores à Assembleia da República, Paulo Moniz, nesta campanha comprometeu-se na defesa intransigente dos Açores, com os Açores em primeiro lugar, aliás como tem sido timbre do seu mandato anterior, sereno, mas assertivo, em defesa dos Açores e dos açorianos, levantando a voz perante Ministros e Secretários de Estado, sempre que os interesses da Região são relegados.
Neste caminho, importa que os assuntos da competência da República para os Açores não sejam adiados como aconteceu com os Governos de António Costa nos últimos anos e que, de acordo com aquele Deputado, revelaram sempre falta de vontade, centralismo, autoritarismo e mesmo um profundo desleixo.
Muito importante será que, se a AD formar governo, Paulo Moniz não baixe os braços perante os obstáculos que surgirem, porque a mentalidade centralista do “retângulo” perpassa por todos os Partidos, pelo que deverá manter a sua determinação na defesa de todos os dossiês que aos Açores dizem respeito, identificando os problemas, encontrando soluções para eles, apresentando projetos, iniciativas, questionando, fiscalizando, como deve ser o papel dos Deputados no Parlamento Nacional.
Por outro lado, o cabeça de lista do Partido Socialista, Francisco César, não poderá submeter-se na maioria das vezes aos ditames e defesa do governo central, como até aqui, pois muitos assuntos do foro nacional em relação aos Açores foram sucessivamente adiados.
Todos os açorianos sabem que casos como, por exemplo, o apoio à Universidade dos Açores, os apoios às intempéries que assolaram as nossas ilhas, a construção da cadeia de Ponta Delgada, foram teimosamente protelados com desculpas esfarrapadas. As suas propostas para o novo mandato são aliciantes e correspondem àquilo que os açorianos reivindicam.
Fica o registo do compromisso de Francisco César nesta campanha eleitoral ao afirmar categoricamente seja quem for o primeiro-ministro de Portugal, nunca o verão ficar calado ou hesitar na defesa do que interessar à nossa terra.
Nós eleitores ficaremos atentos ao desenrolar da legislatura e do que o Governo da República fará em relação à Região.
Vamos esperar por domingo para se saber em quem os portugueses dão a sua confiança para tomar conta dos destinos de Portugal.
António Pedro Costa