A 23.ª edição do ‘El Açor’ começou ontem e vai terminar esta noite. Os Tunídeos, a tuna masculina da Universidade dos Açores, organiza mais um evento que conta com tunas académicas espalhadas pelo país e estrangeiro. Em entrevista ao Correio dos Açores, Jorge Veríssimo, dos Tunídeos, explica qual é a temática deste ano e o que podem esperar da tuna masculina até ao final do ano.
Correio dos Açores – Qual é a temática para a edição deste ano?
Jorge Veríssimo – Todos os anos, o ‘El Açor’ demarca-se e é sempre muito marcante relativamente à maioria dos festivais de tunas académicas, por ter uma temática acessível. Este ano, escolhemos o “Hércules”, da Disney. Entendemos que é uma temática que se enquadra tanto com os jovens que estão na Universidade como as crianças. Acredito que toda a gente, algures na vida, já viu o filme “Hércules”. Como o evento é feito no Coliseu Micaelense, achamos que é um tema perfeito para o sítio onde se enquadra.
Como foi feita a preparação para a 23.ª edição do evento? Quais foram as entidades que colaboraram?
Começamos a preparar o tema no Verão, portanto no final de Agosto e no início de Setembro, depois de termos reunido com as tunas que vão a concurso. Para lhe ser sincero, isto é de ano-a-ano. Acabamos uma edição, ficamos uns dias de férias e já começamos a preparar o próximo. Temos como colaboradores, em primeiro lugar, a Câmara Municipal de Ponta Delgada, a Universidade dos Açores, sem a qual não era possível realizar o evento, o Governo Regional, que nos apoia sempre e reconhece o nosso trabalho, a J.H. Ornelas, entre outras entidades que também colaboram connosco e que gostam do nosso trabalho realizado ao longo de todos os anos.
Qual é o número de espectadores esperados para este evento?
Para já, temos por volta de 400 participantes no evento, desde as tunas a concurso, às tunas extra-concursos até à nossa tuna, Tunídeos. Sobre o número de espectadores, não estamos a contar com “casa cheia” nos dois dias, mas esperamos contar com cerca de 1.600 pessoas para assistir nos dois dias.
Porquê uma maior aposta em tunas internacionais?
O conceito do ‘El Açor’, para além de ser um festival de tunas académicas onde o espectáculo no Coliseu Micaelense é o seu maior expoente, também tem a sua vertente cultural e turística. Além dos dois dias de espectáculo, há sempre uma visita ao redor da ilha, um passeio turístico, uma refeição típica com produtos açorianos. É sempre bom para nós poder divulgar os nossos produtos, a nossa cultura e, também, receber deles. Obviamente, se cada tuna de cada universidade de Portugal já tem particularidades típicas da sua região, por isso ao apostar na internalização nós temos muita diversidade nos trajes, na cultura musical e na maneira de estar. É sempre bom estar com tunas de fora de Portugal.
Como têm reagido as tunas de Portugal continental e internacionais aos Açores?
É sempre positivo. A tuna vencedora do prémio ‘Tuna mais tuna’, que é o prémio do ‘El Açor’, está automaticamente convidado para a próxima edição. A prova disso é que o vencedor quer sempre voltar, mesmo aqueles que não vencem também querem voltar. As tunas gostam muito de cá estar, visto que além do festival, também o passeio e há uma dinâmica própria. Nós, açorianos, gostamos de receber e queremos dar sempre a melhor experiência às tunas convidadas.
O ‘El Açor’, em Portugal, é bastante conhecido como um grande evento de tunas académicas. Neste ano, em específico, temos a TunAmérica da Universitária de Puerto Rico e a Tuna de Peritos Industriales de Sevilla, de Espanha. No caso da tuna de Puerto Rico, já tinham ouvido falar do ‘El Açor’ e sugeriram se fosse possível aparecer no festival. Por isso, acabamos por juntar o útil ao agradável.
Onde as tunas académicas convidadas ficam alojadas?
Temos sempre de fazer contactos prévios. Ainda antes de ficar decidido as tunas que vão participar, fazemos sempre a reserva, visto que sabemos que nesta altura começa uma maior afluência turística na Região. As tunas estão alojadas na Pousada da Juventudes e no Neat Hotel Avenida, em Ponta Delgada.
Porque motivo a apresentação deste ano fica a cargo dos Cavaleiros da Távola de Queijos, em vez dos Tunalhos?
Não foi propriamente uma decisão. Os Tunalhos apresentaram durante 20 edições. Foram 20 anos, é bastante tempo, eles têm as suas vidas e os seus trabalhos. Nós só temos de agradecer todo o trabalho realizado por eles, todo o empenho que eles dedicaram ao evento. Os membros dos Tunalhos também são membros dos Tunídeos, alguns deles já fecharam o seu percurso diário de pertencer aos Tunídeos, mas continuam sempre a ser fazer parte da nossa tuna, tal como os Cavaleiros da Távola de Queijo. É um ciclo que se encerra. Agora, o ciclo está com os Cavaleiros. A apresentação da 20.ª edição foi em conjunta entre os Cavaleiros e os Tunalhos.
Qual é motivo para as serenatas não serem feitas durante o fim-de-semana do ‘El Açor’?
O ‘El Açor’, por ser um festival numa ilha, é mais complicado ter as disponibilidades de Portugal continental, visto que alguns trabalham e outros estudam. É muito complicado garantir a presença para tudo isto. O ‘El Açor’ é um dos poucos festivais no país que tem dois dias de actuações, ou seja, tem de envolver Sexta-feira e Sábado. Normalmente, em Portugal continental, costumam dedicar a Sexta-feira para as serenatas e o Sábado para a actuação. Também costumam ter menos tunas a concurso. Nós optamos por não fazer as serenatas para providenciar mais tempo de espectáculo no Coliseu Micaelense e mais tunas cá. Caso nós fizéssemos serenatas, ao ter dois de actuações ia obrigar as pessoas chegar à ilha na Quarta-feira. E seria mais complicado para ter cá as pessoas devido à logística – ter de apanhar um avião para chegar cá.
O que o público pode esperar da 23.ª edição do ‘El Açor?’
Esperamos que possam aproveitar as músicas e as culturais musicais muito distintas, pois vai haver uma grande diversidade de maneiras de tocar e falar. Podem contar com humor, os Tunídeos é uma das tunas que mais marcam a maior parte das tunas do país pelo seu estilo de actuação, sempre com sketches e uma vertente mais humorística. Os nossos Cavaleiros também vão ser protagonistas de sketches. A nossa convidada, a Dr. Raquel Dutra, vai actuar com alguns dos temas que lhe marcam mais a carreira e vai tocar connosco a música “El Açor”, que é a música de abertura do festival.
Quais são os planos para os Tunídeos até ao final do ano?
Temos um festival marcado já para Portugal continental, em Castelo Branco. Temos as actuações de Verão, que vão ser espelhadas pela ilha de São Miguel. E ainda temos a comemoração dos 30 anos do Tunídeos.
Fazem 30 anos este ano. Já começaram a preparar algo para esta data redonda ou só vão começar a pensar nisso depois do ‘El Açor’?
Já está tudo planeado e programado. Vamos ter vários momentos pela cidade e ilha durante o 30.º aniversário. Esta informação só vai ser divulgada após o final da 23.ª edição do ‘El Açor’.
Filipe Torres