1- Os eleitores foram chamados às urnas e cada votante escolheu o partido com o qual mais se identificava, ou aquele que apresentava propostas de governação que melhor se adequavam à conjuntura nacional e internacional. A noite eleitoral foi longa, porventura uma das mais longas nestes cinquenta de Democracia e, no final, houve vencedores e vencidos, mas houve também partidos que mantiveram o número de Deputados que tinham antes na Assembleia da República.
2- Falta ainda saber qual vai ser a distribuição dos quatro Deputados que serão eleitos pelos círculos da Europa, e fora da Europa. Porém, o que está em cima da mesa é a decisão anunciada ontem por Pedro Nuno Santos, de que o PS vai ser o partido da oposição ao presumível Governo da AD, liderado por Luís Montenegro, ficando pelo caminho qualquer aliança de esquerda, liderada pelo PS, tal como aconteceu em 2015 com a constituição da geringonça que permitiu dar espaço ao PS para cimentar o eleitorado que garantiu ao PS governar, durante cerca de nove anos.
3- Portugal, no dia 11 de Março de 2024, amanheceu envolto numa “neblina”, tal como aconteceu na mesma data de 11 de Março, só que há cinquenta anos atrás, naquela altura, com as nacionalizações de grande parte do sector financeiro e económico do País, decretadas pelo Governo de Vasco Gonçalves.
4- A forma como os Órgãos de Comunicação Social nacionais se imiscuíram na política durante a pré-campanha, e nos debates entre os partidos depois, usando uma teia de “comentadores” dantes inigualáveis, foi prejudicial na transmissão dos conteúdos de cada um dos partidos concorrentes às eleições.
5- Além disso, o Presidente da República, que inicia hoje a audição dos partidos com representação na Assembleia da República, tem sido confrontado com recados públicos enviados pelo PS e não só, pela forma como nestes dois anos, desde a posse do Governo de maioria absoluta do PS. Marcelo Rebelo de Sousa tem intervindo, pelo comentário regular e pela benevolência com que se relacionava e aceitava a gestão corrente do Governo liderado por António Costa.
6- O xadrez político na Assembleia da República é agora diferente e o provável indigitado Governo da Aliança Democrática, liderado por Luís Montenegro, para ter êxito tem de começar por apresentar um elenco governativo composto por gente competente e com provas dadas, começando depois, como referiu no discurso de vitória, por acertar contas com as forças de segurança, com os professores e, principalmente, aplicando normas para garantir o deficiente funcionamento do Serviço Nacional de Saúde.
7- Nos Açores, a coligação PSD/CDS/PPM, ganhou e mantém os dois deputados, enquanto o PS/A sofreu os efeitos do PS a nível nacional, no caso perdendo uma Deputada que, sem se notar, teve um trabalho relevante durante as duas últimas legislaturas
8- Se compararmos os cadernos de compromissos do PS/A e da Aliança Democrática há propostas que são comuns aos dois partidos, como sejam: O aprofundamento da Autonomia, a Gestão do Mar, a mobilidade e comunicações, a justiça e a construção da cadeia de São Miguel e, acima de tudo, a tão necessária revisão da Lei das Finanças Regionais.
9- Estas são matérias que podem ser objecto de um acordo entre os dois partidos dos Açores e que têm, necessariamente, de passar pelo crivo partidário nacional. São medidas que, indiscutivelmente, se encaixam no aprofundamento da Autonomia.
10- Os resultados das eleições de 10 de Março colocam um grande desafio às novas gerações que, ao longo do tempo, têm sucedido àquelas que foram artífices dos alicerces, e depois, ao longo dos anos, edificadoras do nosso regime democrático.
Américo Natalino Viveiros