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“Por um voto se ganha”

A notícia da noite eleitoral foi totalmente imprevisível e logo no encerramento da votação falava-se nas sondagens à boca das urnas, com a coligação Aliança Democrática, formada pelo PSD, CDS e PPM, a obter o maior número de deputados na Assembleia da República.
Com o avançar da noite e a procissão ainda ia no adro e já se percebia que a vitória seria escassa ou mesmo o PS poder ser o vencedor, mas o povo votou e ditou que a AD governará o país e o PS não criará problemas constitucionais na Assembleia da República, afirmando categoricamente que seria a Oposição. Contudo, nestas contas, importa não perder de vista a posição dominante do Chega, que quadruplicou os votos que arrecadou, constituindo um considerável Grupo Parlamentar.
No total, serão eleitos 230 deputados, em 22 círculos eleitorais, 18 dos quais em Portugal Continental e os restantes nos Açores, na Madeira, na Europa e fora da Europa. E foi aqui, nos círculos da emigração, que na eleitoral residiu o busílis da questão, na medida em que a vitória foi tangencial e o país inteiro ficou em suspense a aguardar os resultados que de lá demorarão a chegar…
A eleição, que acontece dois anos antes do previsto, foi desencadeada pela renúncia do primeiro-ministro socialista António Costa. A disputa eleitoral fazia-se com o confronto dos dois partidos do centrão que se alternam no poder desde o início da democracia há cinquenta anos, o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD).
A AD, liderada por Luís Montenegro, suposta vencedora das eleições terá de moldar as políticas e abordagens governamentais nos próximos tempos de forma muito cautelosa, porquanto o diálogo será permanente se quiser continuar a respirar fundo e levar o barco a bom porto. Como tal, nenhum dos líderes destes 2 maiores partidos poderá fechar a porta ao diálogo, sob pena das coisas descambarem e termos novas eleições.
Tal como disse o líder da AD, estas eleições terão de ser um momento de mudança e renovação, para assim responder aos anseios dos eleitores que ficam expectantes para verem as consequências desta vitória nas políticas e na sociedade portuguesa.
A almejada aliança entre a AD e a Iniciativa Liberal não será suficiente para atingir o número de deputados suficientes para garantir uma maioria no Parlamento de 230 deputados. De realçar que o CDS, que agora concorreu coligado com o PSD na Aliança Democrática, foi a votos sozinho em 2022 e teve 1,6% dos votos, pelo que não elegeu nenhum deputado e agora regressa ao Parlamento.
Assim sendo, a presença do Chega, considerado de extrema direita, certamente veio adicionar um elemento desafiador ao cenário político português. A Aliança Democrática terá que lidar com as dinâmicas complexas de não ter a maioria parlamentar, pelo que gerir um Parlamento com esta configuração será desafiador, especialmente quando há diferenças ideológicas significativas entre os partidos.
Nos Açores, a AD saiu reforçada com ganhos em todas as ilhas, resultados muito mais expressivos do que os obtidos nas eleições regionais de 4 de fevereiro último.
José Manuel Bolieiro tem motivos para estar feliz, porquanto se consolida a vontade do eleitorado açoriano quanto à governação da Região.
De realçar que a derrota do PS, relativamente às últimas eleições, dado que perdeu o seu terceiro deputado para o Chega, o que acontece pela primeira vez nos Açores.
A complexidade do xadrez político é tal que pode haver tensões e divergências entre a AD e o Chega que pode complicar a governança e até mesmo levar a instabilidade política. A presença de um forte Grupo Parlamentar do Chega pode, de facto, representar uma dor de cabeça para a AD, exigindo políticas hábeis para uma governação eficaz do país.
Pedro Nuno Santos garante que será o líder a oposição e quanto ao resultado do Chega reconhece que “não há tantos portugueses xenófobos e racistas, mas há muitos zangados” e quer “reconquistar a confiança dos que votaram chega”.
Luís Montenegro destaca que a vitória da Aliança Democrática é “incontornável”.
O líder do PSD sublinha que “a AD ganhou as eleições e o PS perdeu. A AD fica com 79 — mais dois do que o PS, faltando ainda os 4 da emigração.

António Pedro Costa
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