1- Entramos numa semana dedicada à reflexão e marcada por três andamentos, sendo um que recorda, no Domingo de Ramos, a aclamação de Jesus Cristo como rei dos Judeus aquando da sua entrada em Jerusalém. Depois, a última ceia, seguida da traição de que foi vítima entre os seus apóstolos e, depois, a entrega de Cristo feita pelos escribas, doutores da Lei e fariseus, a Pilatos para ser julgado, que foi condenado por aclamação do povo e que o levou à crucifixão.
2- O que se passou há 2024 anos em Israel, continua a acontecer hoje, tornando por isso legítimo, perguntar o que valeu a evolução que durante esse tempo abrangeu o mundo, quando passados dois mil anos, as pessoas continuam a ser levadas a julgamento muitas vezes sem culpa formada; se as traições crescem no seio familiar e na sociedade em geral, conduzindo vezes sem conta à morte de inocentes. Essas são perguntas para nos centrarmos no mundo em que hoje habitamos e convivemos, e procurar abrir caminho ao que, na realidade, atormenta a humanidade.
3- O poder dos poderosos continua a espalhar a mentira e o terror, levando a guerras que se alastram pelo mundo, matando crianças inocentes e destruindo casas, hospitais e infra-estruturas que são, no mundo actual, indispensáveis para garantir a sobrevivência das pessoas, tal como hoje acontece em Israel ou na Ucrânia, sem falar no que se passa, de forma obscura, noutras partes do Planeta que é pertença de todos os seres vivos.
4- Podemos dizer que grande parte dos habitantes que constituem a sociedade global, vive num “mundo cão”.
5- E esse mundo acontece à nossa porta e, por isso, não posso deixar neste Domingo de Ramos de dar voz a um conjunto de pessoas que esta semana enviaram ao ‘Correio dos Açores’ um grito dizendo:
6- Estamos fartos de ver todos os dias, drogados a virem buscar a sua dose no cruzamento da Rua do Bago com a Canada Nova do Popúlo, nas Socas, Livramento. Estamos fartos da prostituição ao ar livre. Estamos fartos de ver crianças a fornecer drogas aos clientes. Estamos fartos dos roubos que são feitos todos os dias. Trata-se de um grito de desespero que precisa de respostas de quem tem o poder para as dar.
7- Os moradores lamentam-se da insegurança em que vivem imputando-a aos vários governos e à impotência dos serviços responsáveis pela aplicação da lei e da acção do poder judicial, lembrando que as gerações que se seguem estão comprometidas pelo facto denunciado.
8- O grito DOS MORADORES DE SOCAS NO LIVRAMENTO termina com uma pergunta que busca a esperança de que… ALGO MUDE.
9- Este é um grito que se repete em toda a Região, e no país inteiro certamente, mas ele interpela os políticos que têm o poder de fazer leis, assim como os estudiosos a quem incumbe encontrar caminhos alternativos para este tremendo flagelo, assim como os responsáveis pelo combate ao tráfico e consumo de drogas que, apesar de tudo, têm feito o que podem com a legislação que está em vigor e os poucos recursos humanos que têm.
10- É precisa acção, e ela tem de começar por quem tem o poder de legislar e governar. Ao longo do tempo, têm-se procurado sedativos que não resultam e só fazem crescer o número de dependentes e os produtores e comerciantes da droga.
11- Neste tempo de reflexão não podemos deixar que a sociedade se torne uma gangrena sem cura à vista.
Américo Natalino de Viveiros