A Associação de Dadores de Sangue de São Miguel foi criada em 2018 com o propósito de “sensibilizar, divulgar e esclarecer” o processo de doar sangue. Com a apoio do Serviço de Hematologia do Hospital Divino Espírito Santo, a Associação organiza várias campanhas e dádivas um pouco por toda a ilha.
Correio dos Açores – Qual a importância do Dia Nacional do Dador de Sangue?
Natércia Moura (Vogal da Direcção da Associação de Dadores de Sangue de São Miguel) – O Dia Nacional do Dador de Sangue é fundamental para marcar e valorizar quem tem esta capacidade de dar de si ao outro, de ser altruísta ao ponto de poder salvar vivas e com um acto tão simples que é dar sangue. Ou, do mesmo modo, podemos falar aqui de medula óssea que também é fundamental: um gesto nada doloroso que pode salvar uma vida.
Assim sendo, este dia é essencial para comemorar aqueles que ajudam e também lembrar que é fácil doar sangue. E embora já tenhamos um número considerável de dadores, nunca é demais. Qualquer um de nós pode precisar um dia e não nos podemos esquecer desta parte.
A Associação de Dadores de São Miguel surge em que âmbito?
A Associação foi fundada no dia 5 de Abril de 2018 e surge da parte de pessoas que já doavam sangue e que sentiram a necessidade de fazer mais alguma coisa por esta causa tão nobre.
Qual o número de dadores de sangue em São Miguel e nos Açores?
Enquanto associação, não temos acesso aos números exactos, pois o serviço de Hematologia é bastante cauteloso neste aspecto. O nosso papel é o de organizar as dádivas junto com o hospital e, neste aspecto, tentamos percorrer todos os concelhos da ilha. Por exemplo, recentemente fomos contactados por uma empresa no sentido de organizar uma dádiva para que os seus colaboradores pudessem também dar sangue de forma organizada.
Em que condições é que se pode ser dador de sangue?
É uma questão muito importante. Em primeiro lugar, o dador tem de ter mais de 18 anos, ter um peso específico e não pode ter qualquer problema de saúde. Se tiver, por exemplo, uma simples tensão arterial mais alta ou baixa não é possível doar nesse momento. E pessoas que tenham feito uma transfusão de sangue também não são elegíveis.
É necessário desmistificar certas situações porque antes de uma dádiva há sempre uma consulta. Há uma triagem para se conhecer a situação do dador e o sangue é sempre analisado pois qualquer um de nós pode pensar que está tudo bem e, infelizmente, não ser este o caso.
Portanto, para doar sangue basta ser uma pessoa saudável, com mais de 18 anos e com peso considerável. Ou seja, felizmente a maior parte das pessoas pode doar de sangue, com ou sem tatuagens! Este é um mito que deve ser desmistificado: as tatuagens não têm qualquer influência para elegibilidade do dador. Para além disso, ao contrário do que se passava há uns anos atrás, a orientação sexual também não é um critério para doar sangue. Felizmente tudo isto já foi desmistificado.
Quais são os passos que devemos tomar para doar sangue?
Em primeiro lugar, as pessoas podem dirigir-se ao serviço de Hematologia do hospital durante a semana e serão sempre muito bem recebidas.
Porque o que acontece quando organizamos dádivas, que podem acontecer num ginásio ou numa Junta de Freguesia, por exemplo, tudo isto é feito com o apoio do serviço de Hematologia que tem de fazer descolocar os seus recursos e materiais. A diferença nestas acções é que, em vez de as pessoas se deslocarem ao hospital, são estes serviços que se aproximam da sociedade, uma forma de as pessoas perceberem que não é complicado doar sangue. Pois até num simples ginásio é possível fazê-lo. Nestas campanhas e dádivas que organizamos, temos desde romeiros, grupos de escuteiros até associações de desporto. Ou seja, os grupos são organizados previamente pois não valeria a pena ter o serviço deHematologia a deslocar-se para fazer apenas duas ou três recolhas. Visto que tanto a nível de material como a nível humano e de serviços há uma grande logística envolvida.
Que campanhas de sensibilização é que Associação tem preparadas para este ano?
A próxima dádiva será na freguesia da Maia. Também temos agendadas algumas campanhas de sensibilização junto das escolas. Mesmo que que não seja para atingir directamente o público-alvo, os filhos levam sempre essa informação aos pais. A propósito, em breve também sairá um livro relacionado com o circuito da dádiva de sangue direccionado ao público infantil. É um livro da nossa Associação que vai contar com a colaboração de duas autoras e um ilustrador. A este respeito iremos divulgar mais informações em breve.
Assim sendo, junto das escolas e também através das nossas redes sociais vamos sempre tentando chegar ao maior número de pessoas. O nosso objectivo principal é desmistificar e sensibilizar as pessoas para a importância da dádiva de sangue. Nunca sabemos quando vamos precisar e o sangue doado nunca é sangue a mais.
O que perspectiva a Associação para os próximos tempos?
A nossa perspectiva é a de continuar a trabalhar junto dos serviços de hematologia, pois sem eles nós não conseguimos avançar, como é evidente. Vamos continuar a investir fortemente na parte de divulgação junto de várias faixas etárias e tentar percorrer o máximo da ilha.
E é sempre trabalhar nesta perspectiva de desmistificar e fazer perceber que qualquer um que tenha mais de 18 anos, com ou sem tatuagens, pode doar sangue desde que seja saudável.
Que mensagem quer deixar neste dia?
Queria aproveitar este dia para agradecer a todos os dadores de sangue e aqueles que têm a coragem e o hábito de se dirigirem ao serviço de hematologia do hospital de Ponta Delgada. Agradecer este comportamento tão nobre e tão importante para a nossa sociedade pois não sabem quantas vidas já salvaram.
Daniela Canha