O navio da marinha norte-americana ‘General Frank S. Besson’ tem estado atracado ao cais NATO do porto de Ponta Delgada depois de uma missão humanitária bem sucedida em Gaza.
Durante a permanência no porto de Ponta Delgada, o ‘General Frank S. Besson’ está a abastecer-e de combustíveis e mantimentos.
O navio militar transportou equipamento dos Estados Unidos para construir um ponto de desembarque temporário em Gaza, para permitir a distribuição de ajuda humanitária por via marítima.
A partida do ‘General Frank Besson’ rumo a Gaza foi anunciada pelo Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), no dia 10 do corrente.
O navio carregou o “primeiro equipamento destinado a estabelecer um porto de desembarque temporário para entregar suprimentos humanitários vitais”, precisou na altura o Centcom, em comunicado, citado pela agência espanhola EFE.
A operação teve início 36 horas depois de o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, ter anunciado a solução marítima para tentar fazer chegar alimentos e medicamentos ao povo palestiniano.
“É óbvio que nos congratulamos com o facto de a ajuda estar a chegar por outros meios. Mas nada pode substituir a chegada de ajuda em grande escala e o tráfego comercial através de rotas terrestres”, contrapôs, contudo, o porta-voz do Secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Stephane Dujarric.
O porto flutuante em Gaza é um projecto dos Estados Unidos, União Europeia, Chipre, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido, no território que está sob um bloqueio naval israelita desde 2007, quando o Hamas assumiu o controlo da zona.
Segundo adianta a BBC, a operação pode envolver perto de um milhar de soldados americanos.
Levar dois milhões de refeições por dia
O objectivo da missão é levar perto de dois milhões de refeições por dia a Gaza por via marítima. A duração estimada para a construção do porto será de dois meses.
Com o ‘General Frank S. Besson’, partiram do estado norte-americano da Virgínia, rumo a Gaza, três outros navios do exército dos Estados Unidos da América.
O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, tem criticado Israel por continuar a bloquear a entrada de alimentos e outra ajuda no enclave.
“Deixe-me ser claro. Nada justifica os abomináveis ataques do Hamas a sete de Outubro e a tomada de reféns em Israel”, disse Guterres, numa visita ao Cairo. “Mas nada justifica a punição colectiva do povo palestino”, reforçou.
“De um lado da fronteira, vemos camiões humanitários até onde a vista alcança, do outro uma catástrofe humanitária que piora a cada dia”, lamentou.
Para o Secretário-geral das Nações Unidas, “o ataque diário à dignidade humana dos palestinianos está a criar uma crise de credibilidade para a comunidade internacional”.
António Guterres reuniu com o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Egipto. Destacou o “papel político e humanitário vital” do país, “com o aeroporto de al-Arich e o ponto de passagem de Rafah, artérias essenciais para a entrada de ajuda vital em Gaza”.
EUA afastam-se de Israel?
Entretanto, a abstenção de Washington na resolução aprovada no Conselho de Segurança da ONU, que prevê a cessação imediata do conflito entre Israel e o Hamas, é entendida como um recuo dos Estados Unidos em relação à estratégia do responsável pelo governo israelita.
Aquando a reacção de Israel ao ataque do Hamas a território israelita, em Outubro havia uma relação muito próxima entre o Governo dos Estados Unidos e Israel com os EUA a apoiarem a retaliação israelita.
Contudo, com o avançar da guerra e algumas decisões e acções de guerra de Israel, os EUA começaram a recuar na sua posição que culminou, agora, com a abstenção no Conselho de Segurança da ONU.
Também a comunidade internacional está a ficar com “um pé atrás” em relação à actuação de Israel, sobretudo em relação às dificuldades que está a criar ao abastecimentos dos palestianos com bens essenciais. De tal forma que começa a haver uma reprovação da morte quase diária de civis nos ataques de Israel.